“O primeiro Beato da Papua da
Nova Guiné abre uma nova era na história do povo de Deus neste país. Martírio
sempre fez parte da peregrinação do povo de Deus através da história. Na
leitura do Antigo Testamento, o segundo livro de Macabeus conta a história de
Eleazar e sua incrível fidelidade à lei santa de Deus, a sua disponibilidade
para aceitar a morte, em vez de fazer o mal. Antes da prova suprema, ele disse:
"Senhor, a quem pertence o conhecimento sagrado, sabe que, sendo capaz de
escapar da morte, sofro com dores terríveis o flagelo do corpo, mas a alma de
bom grado suporta tudo isso por temor a Ele" (2 Mac 6, 30). (...)
O sofrimento causado pela
recente e trágica erupção aproximou a comunidade cristã na Nova Bretanha do mártir
Pedro To Rot. No plano salvífico de Deus, o sofrimento "mais do que
qualquer outra coisa, faz presente na história da humanidade as forças da
Redenção" (Salvifici doloris, 27). Assim como o Senhor Jesus salvou seu
povo por amá-los "até o fim" (Jo 13, 1), "até à morte e morte de
cruz" (Fl 2, 8), assim também continua a convidar cada discípulo a sofrer
pelo Reino de Deus. Quando unido com a Paixão redentora de Cristo, o sofrimento
humano torna-se um instrumento de maturidade espiritual e uma magnífica escola
do amor evangélico.
O Beato Pedro compreendeu o
valor do sofrimento. O Beato Pedro, inspirado pela sua fé em Cristo, foi um
esposo devotado, um pai
amoroso e um catequista
empenhado. Foi conhecido
pela gentileza, cordialidade e compaixão. A Missa cotidiana e a Sagrada
Comunhão, além das frequentes
visitas a nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, sustentaram-no e deram-lhe a sabedoria para aconselhar
aqueles que haviam perdido a esperança, como também lhe deram a coragem de
perseverar até a morte. Para ser um evangelizador eficaz, Pedro To Rot estudou
muito e procurou o conselho dos "grandes homens" sábios e santos.
Acima de tudo, ele orou por si mesmo, para sua família, para o seu povo, para a
Igreja. O seu testemunho do Evangelho inspirou a outros, em situações muito
difíceis, porque ele vivia a sua vida cristã com grande alegria e
pureza. Sem o saber,
preparou-se durante toda a vida para o maior dom: renunciando a si mesmo todos
os dias, caminhou com seu Senhor ao longo da estrada que conduz ao calvário”
(cf. Mt 10, 38s)”
Papa João Paulo II –
Homilia de Beatificação – 17 de janeiro de 1995
Pedro nasceu em 1912 no
distrito de Rakunai, próximo à capital de Nova Bretanha (Papua da Nova Guiné). Originário
de uma família profundamente cristã recebeu dos próprios pais os elementos
fundamentais da fé e a instrução religiosa. Aluno exemplar e assíduo na prática
religiosa, distinguiu-se desde a juventude pela sua profunda piedade.
Inscreveu-se no curso de catequese, a fim de tornar-se um válido colaborador na
obra da evangelização do meio em que vivia.
Em novembro de 1936 casou-se
com Paula La Varpit. Desse matrimônio nasceram três filhos. Os
deveres familiares não o impediam de desempenhar a função de catequista.
A aldeia de Rakunai foi
ocupada durante a Segunda Guerra Mundial por tropas japonesas. Os sacerdotes
foram aprisionados. Pedro assumiu a responsabilidade da vida espiritual dos
habitantes de Rakunai. Não só continuou a instruir os fiéis e visitar
os doentes, mas batizou, assistiu aos matrimônios, orientou o povo na
oração e socorreu os pobres.
O Beato Pedro era um marido
devotado. Tratou a sua esposa Paula com profundo respeito. Orava com ela
todas as manhãs e todas as noites. Viveu profeticamente a recomendação do
Evangelho, segundo a qual os esposos se sujeitam um ao outro no temor de Cristo
(cf. Ef 5, 21). Era um pai amoroso, honrava seus filhos e nutria por eles
um afeto profundo, passando com eles o maior tempo possível.
Ele tinha em alta
consideração o matrimônio. Não obstante o grande risco pessoal, e a
oposição, defendeu o ensinamento da Igreja sobre a unidade matrimonial e
sobre a necessidade de fidelidade recíproca.
Quando as autoridades
legalizaram e encorajaram a poligamia, o Beato Pedro, sabendo que isto era
contra os princípios cristãos, denunciou firmemente esta prática. Graças ao
Espírito Santo, que habitava nele, proclamou de modo corajoso a verdade
acerca da santidade do matrimônio. Recusou o caminho mais fácil (cf. Mt 7, 13)
de compactuar com o mal. “Devo cumprir o meu dever como testemunha da
Igreja de Jesus Cristo”, explicou. O temor do sofrimento e da morte não
o deteve.
Aumentando a atitude hostil
dos japoneses, Pedro To Rot chegou a ser preso. Mas depois de alguns dias de
detenção foi libertado. Em abril de 1945 foi novamente preso, por causa de uma
denúncia falsa. Condenado a dois meses de detenção, quando já estava prestes a
deixar a prisão, um médico militar aplicou-lhe uma injeção letal. Era o dia 07
de abril de 1945.
Durante o período de seu
último aprisionamento, Pedro permaneceu sereno, até mesmo alegre. Ele disse às
pessoas que estava pronto a morrer pela fé e pelo seu povo. No dia de sua
morte, Pedro pediu à sua esposa que lhe trouxesse o seu crucifixo de
catequista. Esta cruz acompanhou-o até o fim. Pedro morreu mártir, em
defesa da fé e como testemunho fiel de seu ardente apostolado na obra da
evangelização.
No Beato Pedro To Rot os
fiéis têm um mestre da Santidade do Matrimônio e da Família. Confirmou a sua
pregação com o seu sangue. A sua morte foi decidida, sobretudo, devido
a sua inflexível defesa da dignidade sacramental do matrimônio.
João Paulo II beatificou
Pedro To Rot durante a solene concelebração eucarística, aos 17 de janeiro
de1995. A Missa foi rezada em Port Moresby, capital da Papua da Nova
Guiné. Estavam presentes a esposa e uma filha do Beato. Durante o ofertório
elas apresentaram alguns dons ao Papa.
Beato Pedro To Rot, Mártir
do Matrimônio, rogai pelos casais, rogai pelas famílias!
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