O sacerdote agostiniano Guilherme Terry deu sua vida pela fé Católica quando os reformadores protestantes tentaram impor sua religião ao povo irlandês. Traído
por cinco moedas de prata, ele próprio foi acusado de traição à pátria e condenado à pena de morte por enforcamento.
A história do nosso beato é a história do
pastor que permanece em seu posto quando ele poderia ter fugido, sabendo que
ele estava colocando sua vida em perigo.
"Minha alma, louva ao
Senhor".
E como podemos deixar de cantar os louvores
dos dezessete mártires irlandeses que estão sendo beatificados hoje? Todos
foram fiéis testemunhas que permaneceram firmes em sua lealdade a Cristo e sua
Igreja ao ponto de extrema dificuldade e do sacrifício final de suas vidas.
Todos os setores do povo de Deus estão
representados entre os dezessete Servos de Deus: Bispos, sacerdotes seculares e
religiosos, um irmão religioso e seis leigos.
Nós os admiramos por sua coragem pessoal.
Agradecemos-lhes o exemplo da sua fidelidade em circunstâncias difíceis, uma
fidelidade que é mais do que um exemplo: é uma herança do povo irlandês e uma
responsabilidade a ser vivida em todas as épocas.
Numa hora decisiva, um povo inteiro escolheu
firmar firmemente por sua aliança com Deus: "Todas as palavras que o Senhor tem dito faremos". A
turbulência religiosa e política através da qual estas testemunhas viviam foi
marcada por uma grave intolerância de todos os lados. Sua vitória estava
precisamente em ir à morte sem ódio em seus corações. Eles viveram e morreram
por amor. Muitos deles publicamente perdoaram todos aqueles que contribuíram de
alguma forma para o seu martírio.
O significado dos Mártires para hoje reside
no fato de que seu testemunho quebra a reivindicação vã de viver a própria vida
ou de construir um modelo de sociedade sem uma visão integral de nosso destino
humano, sem referência a nosso chamado eterno, sem transcendência. Os Mártires
exortam gerações sucessivas de homens e mulheres irlandeses: "Combatam o
bom combate da fé; Apoderem-se da vida eterna à qual vocês foram chamados...
Guarda o mandamento sem mancha e livre de opróbrio até a manifestação de nosso
Senhor Jesus Cristo”.
Papa João Paulo II –
Trecho da homilia de beatificação de 17 Mártires Irlandeses – 27 de setembro de
1992
Guilherme Tirry nasceu na cidade de Cork, na
Irlanda, em 1608. Ele pertencia à uma família distinta e tinha um tio - por
parte de pai - que era bispo.
Ele entrou para os Agostinianos em sua cidade
natal. Depois de ter ingressado na Ordem, ele estudou em Valladolid (Espanha),
Paris (França) e Bruxelas (Bélgica). Estudou fora da Irlanda porque, naquela
época, os que se preparavam para o sacerdócio tinham sair do país para poder
cursar os estudos necessários.
Depois de ordenado sacerdote ele retornou à
Irlanda. Poucos anos depois começaram as hostilidades contra a Igreja e seus
membros. Mesmo assim, Guilherme foi muito ativo em vários ministérios, entre
eles o de capelão de seu tio bispo.
Em 1646 Guilherme Tirry foi nomeado assistente
do Prior Provincial e em 15 de junho de 1649 foi nomeado prior do convento no
vilarejo de Skreen sem, contudo, ser capaz de viver lá por causa das tropas de
Cromwell.
Depois da chegada de Cromwell à Irlanda,
intensificou-se uma forte perseguição à Igreja e o padre frei Guilherme não
pode mais manter em aberto seu ministério. Em 1650 os padres começaram a ser
expulsos da Irlanda e Guilherme Tirry tornou-se um homem perseguido. Ele
trabalhou como professor particular de uma família ao mesmo tempo em que exercia ocultamente
seu ministério sacerdotal.
Ele foi eventualmente traído por cinco moedas
de prata. Os soldados o encontraram vestido para presidir a missa. Eles
encontraram, também, alguns escritos em defesa da fé católica. O fato de ele
ter sido descoberto vestido de sacerdote fez com que ele fosse duplamente
culpado. Além do mais, uma busca em seu quarto descobriu um manuscrito que ele
tinha escrito referente a erros doutrinais do Protestantismo.
Guilherme Tirry foi preso em Fethard no Sábado
Santo, dia 25 de março de 1654 justamente quando ele estava prestes a celebrar
a Vigília Pascal. Foi acusado de traição à pátria em virtude de uma lei
publicada no dia 6 de janeiro de 1653 que proibia os sacerdotes de permanecerem
no país.
Quando levado a julgamento ele afirmou seu
reconhecimento da autoridade do governo nos assuntos civis, mas insistiu que
nas coisas relacionadas à religião ele obedeceria somente seus superiores e o
Papa. Em sua defesa, ele afirmou que tinha que seguir sua consciência e por
isso havia decidido ficar no país.
Sua vida de oração e mortificação foi fonte de
edificação para outros padres que estavam presos com ele.
Quando parecia que o júri estava inclinado a
julgar a seu favor, a influência dos inimigos prevaleceu e ele foi condenado à
morte por enforcamento.
Guilherme foi levado para a forca acorrentado,
vestindo o hábito Agostiniano e rezando o terço. Publicamente reafirmou sua fé.
Uma grande multidão se juntou para receber sua benção. Era o dia 12 de maio de 1654.
Ele disse palavras de encorajamento ao povo
presente, exortando-o a permanecer fiel à fé católica e ao Papa. Sua fé o levou
a ir mais adiante em sua caridade: perdoou as três pessoas que o traíram em
troca de dinheiro.
Testemunhas afirmam que até os Protestantes
estavam profundamente comovidos por sua morte. A impressão que a morte de Guilherme causou
nos Católicos e Protestantes e as graças obtidas por meio de sua intercessão
rapidamente fizeram com que sua reputação de mártir se difundisse.
Mais tarde alguns amigos levaram seu corpo e o
enterraram nas ruínas do convento Agostiniano de Fethard. Seu túmulo, no
entanto, nunca foi descoberto.
O caso de Guilherme Tirry é um dos mais bem
documentados dentre os 17 mártires irlandeses que foram beatificados pelo Papa
João Paulo II no dia 27 de setembro de 1992.
Oração
Deus onipotente e
misericordioso, destes ao beato Guilherme Tirry superar o martírio. Concedei
que, celebrando o dia de seu triunfo, passemos invictos por entre as ciladas do
inimigo, graças à vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo. Amém.
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