terça-feira, 2 de maio de 2017

02 de maio - São José Maria Rubio y Peralta

São José Maria Rubio y Peralta viveu o seu sacerdócio, primeiro como diocesano e depois como jesuíta, com uma entrega total ao apostolado da Palavra e dos sacramentos, dedicando muitas horas ao confessionário e dirigindo numerosos grupos de exercícios espirituais, nos quais formou muitos cristãos que, em seguida, morreram mártires durante a perseguição religiosa na Espanha. "Fazer o que Deus quer e desejar o que Deus faz" era a sua máxima.
Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 04 de maio de 2003

"Eu morrerei, mas quem viver verá que este menino será um homem importante e que valerá muito para Deus". Disse seu avô ao pegar o pequeno José Maria quando ele nasceu na Espanha em 22 de julho de 1864. Foi o primogênito de doze irmãos. Sobreviveram cinco. Seus pais, agricultores, levaram à prática esse rasgo de piedade tão fecundo que difundiria o que o Padre Patrick Peyton já fazia em meados do século XX com o lema: “A família que reza unida, permanece unida”. Antecipando-se a este apóstolo do Santo Rosário, a família Rúbio o rezava devotamente todos os dias. Nesse ambiente de terna devoção a Maria, ele crescia em humildade, simplicidade, amor a Cristo, abnegação, obediência, espírito de sacrifício e generosidade. Inclinado a adorar ao Santíssimo Sacramento, se via a igreja fechada pedia a chave para encontrar-se com Cristo. Estudou nos seminários de Almería, Granada e Madrid.

Seu professor de teologia fundamental, Joaquim Torres Asensio, percebendo suas qualidades humanas e espirituais, se converteu em sua sombra durante um quarto de século. Pessoa de forte caráter e decisão, muito influente e com recursos, regeu a vida de José Maria em todos os aspectos.

Foi ordenado sacerdote em 1887. Os destinos que se seguiram, como vigário em Chinchón, onde ele foi capelão das Clarissas dois anos, pároco em Estremera, e finalmente, sua transferência para Madrid, tudo foi dirigido pelo padre Joaquim. Seu “mentor” coloca-o como professor de latim, de filosofia e teologia pastoral. Apesar de não sentir-se de forma alguma inclinado ao magistério, obedeceu.  Em tudo era-lhe obediente, apesar de, algumas vezes, não concordar com seus planos. A obediência de José Maria, que jamais lhe custou, era guiada pelo lema: “fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz”.

A atividade de docente levou-o à exaustão. E seu mentor não poupou esforços para que se recompusesse. O acolheu em sua casa de Segóvia e, por não melhorar, viajou com ele a Cerdedilla, Mondariz, termas de Gándara, Troncoso, costas de Portugal e Lourdes. Após sua recuperação, ele o colocou como notário na arquidiocese e capelão das Bernardas. Quinze anos de sérviço nestas missões. Na ocasião, formava nas verdades da fé aos pobres, aos enfermos e se dedicava à confissão da qual foi autêntico mestre.

Peregrinaram à Terra Santa em 1904, passaram por Roma e conheceram pessoalmente São Pio X. Em seu coração guardava zelosamente o sentimento de ser jesuíta. Seu pai não via com bons olhos esse desejo. Tampouco Joaquim, que interviu evitando que o superior da Companhia o acolhesse em Granada, enquanto viveram ali. Temia perder uma pessoa que julgava vital para ele por seus dotes naturais e virtude. Assim que padre Joaquim morreu, em 1906, José Maria ingressou no noviciado dos jesuítas em Granada. Notificou a sua família a decisão e cedeu a substanciosa herança que lhe deixou o canônico ao seminário de Teruel, cidade da qual foi oriundo.

Passou por Sevilha em 1909, coincidindo com Francisco de Paula Tarín e Tibúrcio Arnaiz, e desempenhou diversas missões, entre as quais, a confissão e a assistência aos enfermos. Todas às noites Padre Rúbio orava ante o Santíssimo Sacramento junto a integrantes da Adoração Noturna.

Estava em Manresa quando seu antigo mestre de noviços, José Maria Valera, que era o provincial e conhecia sua grandeza, o chamou a Madrid. Ali sua fama de confessor se estabeleceu. Os penitentes viam em suas simples e claras palavras, desprovidas de afetação, a voz de um homem de Deus que não fazia concessões a um bem menor e que não titubeava em exigir de todos a radicalidade evangélica. Nesse apostolado tomava todo o tempo que fosse preciso.  Animava os penitentes a realizar exercícios espirituais, a saborear as bênçãos da oração, a realizar um exame de consciência e assumir as contingências do dia a dia por amor a Deus. A intensidade de seu apostolado se dividia em diversas vias: confissões, missões populares, pregações, catequese... Os populosos bairros de Cuatro Caminos, Puente de Vallecas, la Ventilla, Entrevias, el Matadero, em particular os jovens e as crianças haviam se familiarizado com sua presença e ação caritativa. Pôs em marcha escolas dominicais em Mesón de Paredes, e os “catadores” começaram a sentir-se próximos a Cristo.

Seus superiores constataram seus dotes organizativos e lhe confiaram a Guarda de Honra do Sagrado Coração no transcurso do Congresso Eucarístico Internacional realizado em Madrid em 1911.  Consciente do que significa que haja sacrários abandonados, impulsionou o movimento das “Marias dos Sacrários”, mesmo não sendo seu fundador, e participou na instituição das “Damas Apostólicas do Sagrado Coração”.

Quis criar a Obra dos Discípulos de São João. Com a Hora Santa, suscitou autenticas transformações espirituais. As pessoas acorriam em massa para escutar seus sermões. Com sua costumeira forma de falar, despojado de todo artifício, deixava transluzir sua grande vida interior. Teve que lutar com o juízo de alguns padres que não viam com bons olhos suas incursões aos subúrbios da capital, onde morava a ruína e se aglutinavam toda espécie de desprezados e marginalizados pela sociedade. As murmurações e invejas pretendiam cravar-se em seu coração como ardentes dardos, porém, não o conseguiram. Era mais forte seu combate interno.

Em 1917 atravessou uma crise de escrúpulos que lhe causou muito sofrimento. Ante as humilhações e incompreensões, dizia: “Não sei como me vê Deus. Acho que mal. Rezai por mim. Caminho cheio de confusão ao ver o estado de minha alma. Meus amigos, consigam que Jesus tenha misericórdia de mim”.

Gozava de dotes místicos e de graças espirituais sobrenaturais, da profecia e da visão. Armavam-lhe ciladas para o apanharem em situações difíceis, mas acabava por impressionar a todos, mesmo os que o queriam ver envolvidos em escândalos e inquietações. Foi formador de muitos cristãos que sofreram o martírio no tempo da perseguição religiosa.

Pressentiu a sua morte e despediu-se dos seus amigos. Debilitado na sua saúde pelo imenso trabalho realizado, foi transferido para Aranjuez, para aí repousar. Mas tudo estava para terminar e José Maria exclamou:  "Senhor, se queres levar-me agora, estou preparado". 

Faleceu em 2 de Maio de 1929. Em Madrid, todos diziam:  "morreu um santo". Por isso, milhares de pessoas acorreram ao seu funeral; os seus restos mortais foram trasladados para a casa Professa de Madrid, em 1953.

João Paulo II beatificou-o em 6 de Outubro de 1985, em cerimônia celebrada em Roma e canonizou-o em Madrid, em 2003, onde desenvolveu grande parte do seu ministério e ação sacerdotais e pastorais.

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