quarta-feira, 10 de maio de 2017

10 de maio - Beato Enrico Rebuschini

O Beato Enrico Rebuschini caminhou de modo decisivo, ao longo da sua existência, para aquela «perfeição da caridade», que constitui o tema dominante da Liturgia da Palavra deste Domingo. Na esteira do Fundador, São Camilo de Lellis, testemunhou a caridade misericordiosa, exercendo-a em todos os âmbitos em que atuou. O seu firme propósito de «consumar o próprio ser para dar Deus ao próximo, vendo nele o próprio rosto do Senhor», empenhou-o num árduo caminho ascético e místico, caracterizado por uma intensa vida de oração, por um amor extraordinário pela Eucaristia e pela incessante dedicação aos doentes e aos que sofrem.

Ele tornou-se um ponto de referência seguro tanto para os Clérigos Regulares Ministros dos Enfermos, como para a Comunidade cristã de Cremona. O seu exemplo constitui para todos os crentes um premente convite a estarem atentos aos que sofrem e aos doentes no corpo e no espírito.
Papa João Paulo II – 04 de maio de 1997 – Homilia de Beatificação

Enrico nasceu em 28 de abril de 1860. Cinco anos depois sua família mudou-se para Cremona, Itália. Após concluir seus estudos primários e secundários, inscreveu-se na Universidade de Pávia, onde não passou do primeiro ano, porque lá a mentalidade corrente era fortemente positivista.

Voltando para a cidadezinha de Como, onde vivia sua família, prestou serviço militar e formou-se em Contabilidade, sendo diplomado em 1882. Trabalhou no comércio, mais ou menos, quatro anos, entretanto não foi bem sucedido, algo lhe atormentava os pensamentos, chegando mesmo a ter repugnância pelas atividades comerciais. Efetivamente, depois de três meses longe do comércio, Enrico vai para o Colégio Lombardo, em Roma, para cursar teologia na Universidade Gregoriana, onde não fica por muito tempo.

Em 1885, Enrico agrega-se ao clero local. Recebe a tonsura e as Ordens menores. Um ano depois, repentinamente, aos 26 anos, sofreu sua primeira crise depressiva, retornando à casa paterna, onde permaneceu oito meses em silêncio. Durante esta crise, Enrico aprendeu a confiar mais na infinita bondade e misericórdia de Deus que em seus próprios méritos, forças e perfeccionismo. Em Como se tratou e por algum tempo esteve internado num hospital (sanatório). Após várias recaídas e soerguimentos, o jovem Enrico foi acolhido na Casa Santa Maria do Paraíso, em Verona, no dia 27 de setembro de 1877. Quem o recebeu foi o Padre José Sommavilla.

Enrico Rebuschini foi admitido ao Noviciado, no dia 8 de dezembro de 1887. Ele estava com 28 anos de idade e três semestres de teologia na Gregoriana. Foi ordenado padre na Capela da Comunidade de Mãntua, no dia 14 de abril de 1889. O bispo ordenante foi Dom Giuseppe Melchiorre Sarto (1835-1914), futuro Pio X, o “Papa da Eucaristia”, muito simpático aos padres Camilianos.

A primeira tarefa do padre Rebuschini foi ensinar e ajudar ao Mestre de Noviços. Função a qual não se adaptou. Então foi destinado ao serviço pastoral hospitalar, no qual encontrou serenidade e dedicou-se profundamente. Foi capelão em Verona de 1890 a 1895  e de 1896 a 1899.
No ano de 1899, o Padre Rebuschini  foi transferido para Cremona, no mês de maio. Os Camilianos estão nesta cidade desde 1854. Em 1912, Padre Enrico Rebuschini, foi nomeado Superior da comunidade cremonense. Como era ecônomo, acumulou mais a responsabilidade da casa. Sofreu bastante, pois muito próximo eclodia a Primeira Grande Guerra (1914-1918).

Durante 32 anos, Padre Enrico trabalhou generosa e incansavelmente junto a seus enfermos. Como obras de caridade, ele organizou o voluntariado no hospital e visitas em domicílio; foi tesoureiro da clínica e Superior em várias ocasiões ao longo de doze anos, sem conhecer maiores problemas.

Durante a “noite escura” de suas crises depressivas, Padre Enrico via como única luz o valor do serviço ao enfermo, “até morrer por ele”. Empenhava-se em sublimar-se no amor de Deus, até o limite de suas forças:  
“Vivo porque é Jesus quem vive em mim, Ele que é a caridade e a luz junto à aptidão para o serviço destinado não a mim, mas ao próximo, para a glória do Coração de Jesus, e elevo os olhos apenas para ver nos enfermos o templo de Jesus: eu, Seu servo e escravo, oro incessantemente por eles, por quem entrego meu coração, como fazia o Senhor Jesus. Desejo que todo o meu ser seja consumido para que meus próximos se unam a Deus, desejo fazer por eles cada uma das minhas com o máximo fervor possível.”

Padre Enrico foi um capelão heroico nas suas atividades quotidianas, um religioso sempre fiel a Deus a aos próximos a ele confiados; distinguiu-se quando o hospital de São Camilo de Cremona, durante a I Guerra Mundial, tornou-se hospital militar, acolhendo muitos jovens soldados feridos que vinham das frentes de batalha.

Padre Rebuschini cultivava uma vida interior, de oração profunda. Quando presidia a missa era exímio e zeloso. Ele foi um dos primeiros padres a valer-se da autorização eclesiástica dada por Pio X, o qual permitia rezar a missa no quarto dos enfermos.
No início do mês de maio de 1938, adoeceu com pneumonia. As forças de Padre Enrico Rebuschini enfraqueciam-se. Sua partida foi serena. Recebido o santo Viático, cruzou os braços e ficou absorvido em oração. Passou o dia e a noite com gradual agravamento. Morreu no dia 10 de maio de 1938.

Após um longo caminho e demora no processo de beatificação, Padre Enrico Rebuschini foi reconhecido Bem-aventurado no dia 4 de maio de 1997, na praça São Pedro, por sua Santidade o Papa João Paulo II.

  
ORAÇÃO

Ó Deus, que cumulastes com o espírito de amor para com os doentes o coração do bem-aventurado presbítero Enrico Rebuschini, fazei que, seguindo seu exemplo, nos dediquemos às obras de misericórdia, praticando com alegria o mandamento novo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

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