O
Beato Enrico Rebuschini caminhou de modo decisivo, ao longo da sua
existência, para aquela «perfeição da
caridade», que constitui o tema dominante da Liturgia da Palavra deste
Domingo. Na esteira do Fundador, São Camilo de Lellis, testemunhou a caridade
misericordiosa, exercendo-a em todos os âmbitos em que atuou. O seu firme
propósito de «consumar o próprio ser para dar Deus ao próximo, vendo nele o
próprio rosto do Senhor», empenhou-o num árduo caminho ascético e místico,
caracterizado por uma intensa vida de oração, por um amor extraordinário pela
Eucaristia e pela incessante dedicação aos doentes e aos que sofrem.
Ele tornou-se um ponto de referência seguro
tanto para os Clérigos Regulares Ministros dos Enfermos, como para a Comunidade
cristã de Cremona. O seu exemplo constitui para todos os crentes um premente
convite a estarem atentos aos que sofrem e aos doentes no corpo e no espírito.
Papa
João Paulo II – 04 de maio de 1997 – Homilia de Beatificação
Enrico
nasceu em 28 de abril de 1860. Cinco anos depois sua família mudou-se para
Cremona, Itália. Após concluir seus estudos primários e secundários,
inscreveu-se na Universidade de Pávia, onde não passou do primeiro ano, porque
lá a mentalidade corrente era fortemente positivista.
Voltando
para a cidadezinha de Como, onde vivia sua família, prestou serviço militar e
formou-se em Contabilidade, sendo diplomado em 1882. Trabalhou no comércio,
mais ou menos, quatro anos, entretanto não foi bem sucedido, algo lhe atormentava os pensamentos, chegando mesmo a ter
repugnância pelas atividades comerciais. Efetivamente,
depois de três meses longe do comércio, Enrico vai para o Colégio Lombardo, em
Roma, para cursar teologia na Universidade Gregoriana, onde não fica por muito
tempo.
Em 1885, Enrico
agrega-se ao clero local. Recebe a tonsura e as Ordens menores. Um ano depois,
repentinamente, aos 26 anos, sofreu sua
primeira crise depressiva, retornando à casa paterna, onde permaneceu oito
meses em silêncio. Durante esta crise, Enrico aprendeu a confiar mais na
infinita bondade e misericórdia de Deus que em seus próprios méritos, forças e
perfeccionismo. Em Como se tratou e por algum
tempo esteve internado num hospital (sanatório). Após várias recaídas e
soerguimentos, o jovem Enrico foi acolhido na Casa Santa Maria do Paraíso, em Verona,
no dia 27 de setembro de 1877. Quem o recebeu foi o Padre José Sommavilla.
Enrico
Rebuschini foi admitido ao Noviciado, no dia 8 de dezembro de 1887. Ele estava
com 28 anos de idade e três semestres de teologia na Gregoriana. Foi ordenado
padre na Capela da Comunidade de Mãntua, no dia 14 de abril de 1889. O bispo
ordenante foi Dom Giuseppe Melchiorre Sarto (1835-1914), futuro Pio X, o “Papa da Eucaristia”, muito simpático
aos padres Camilianos.
A
primeira tarefa do padre Rebuschini foi ensinar e ajudar ao Mestre de Noviços.
Função a qual não se adaptou. Então foi destinado ao serviço pastoral
hospitalar, no qual encontrou serenidade e dedicou-se profundamente. Foi
capelão em Verona de 1890 a 1895 e de 1896 a 1899.
No ano de
1899, o Padre Rebuschini foi transferido para Cremona, no mês de
maio. Os Camilianos estão nesta cidade desde 1854. Em 1912, Padre Enrico
Rebuschini, foi nomeado Superior da comunidade cremonense. Como era ecônomo,
acumulou mais a responsabilidade da casa. Sofreu bastante, pois muito próximo
eclodia a Primeira Grande Guerra (1914-1918).
Durante
32 anos, Padre Enrico trabalhou generosa e incansavelmente junto a seus
enfermos. Como obras de caridade, ele organizou o voluntariado no hospital e
visitas em domicílio; foi tesoureiro da clínica e Superior em várias ocasiões
ao longo de doze anos, sem conhecer maiores problemas.
Durante
a “noite escura” de suas
crises depressivas, Padre Enrico via como única luz o valor do serviço ao
enfermo, “até morrer por ele”.
Empenhava-se em sublimar-se no amor de Deus, até o limite de suas
forças:
“Vivo porque é Jesus quem vive em mim, Ele que é a caridade e a luz
junto à aptidão para o serviço destinado não a mim, mas ao próximo, para a
glória do Coração de Jesus, e elevo os olhos apenas para ver nos enfermos o
templo de Jesus: eu, Seu servo e escravo, oro incessantemente por eles, por
quem entrego meu coração, como fazia o Senhor Jesus. Desejo que todo o meu ser
seja consumido para que meus próximos se unam a Deus, desejo fazer por eles
cada uma das minhas com o máximo fervor possível.”
Padre
Enrico foi um capelão heroico nas suas atividades quotidianas, um religioso
sempre fiel a Deus a aos próximos a ele confiados; distinguiu-se quando o
hospital de São Camilo de Cremona, durante a I Guerra Mundial, tornou-se
hospital militar, acolhendo muitos jovens soldados feridos que vinham das
frentes de batalha.
Padre
Rebuschini cultivava uma vida interior, de oração profunda. Quando presidia a
missa era exímio e zeloso. Ele foi um
dos primeiros padres a valer-se da autorização eclesiástica dada por Pio X, o
qual permitia rezar a missa no quarto dos enfermos.
No início
do mês de maio de 1938, adoeceu com pneumonia. As forças de Padre Enrico
Rebuschini enfraqueciam-se. Sua partida foi serena. Recebido o santo Viático,
cruzou os braços e ficou absorvido em oração. Passou o dia e a noite com
gradual agravamento. Morreu no dia 10 de maio de 1938.
Após um
longo caminho e demora no processo de beatificação, Padre Enrico Rebuschini foi
reconhecido Bem-aventurado no dia 4 de maio de 1997, na praça São Pedro, por
sua Santidade o Papa João Paulo II.
ORAÇÃO
Ó Deus,
que cumulastes com o espírito de amor para com os doentes o coração do
bem-aventurado presbítero Enrico Rebuschini, fazei que, seguindo seu exemplo,
nos dediquemos às obras de misericórdia, praticando com alegria o mandamento
novo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário