Também
na vida da beata Francisca-Ana das Dores
de Maria vemos refletidos os ensinamentos que hoje Jesus nos dá no Evangelho.
Dada a binomial riqueza e pobreza, Francisca-Ana escolheu a pobreza e excluiu
do projeto da sua vida cristã e consagrada a riqueza, porque ela sabia que
podia levá-la para longe de Deus. Ela doava o pouco que produzia em suas terras
para servir a paróquia e aos necessitados: "O Senhor dá o pão aos famintos. . . o
Senhor sustém o órfão e a viúva ".
Francisca-Ana
ao longo de sua vida obedeceu a vontade de Deus. A vontade divina é por vezes
difícil de discernir: quando nova quer ser freira e seu pai a impede.
Francisca-Ana pai vê nessa recusa a vontade de Deus que não a quer uma freira
em um convento, sua consagração será em sua própria casa através de uma vida
dedicada à oração, mortificação e de apostolado.
Quando
aos quarenta anos está sozinha no mundo após a morte de seus pais e irmãos,
seja por obediência ao seu diretor espiritual, seja porque a situação sociopolíticas
de sua nação não aconselhava isso, as circunstâncias adia a realização de seu
ideal de consagrar-se a Deus por meio dos votos religiosos até quase o fim de
sua vida, quando conta com setenta anos e funda em sua própria casa um convento
de caridade.
Uma
vida cheia de incertezas, mas uma vida em que não havia nenhum obstáculo para
servir a Deus em tudo, porque Francisca-Ana tinha dado tudo o que tinha, de
fato, tinha vindo a dedicar-se a Deus na virgindade.
Então,
livre de tudo o que a poderia amarrar a este mundo, ela lutou a luta da Fé, empreendendo decididamente o caminho da
perfeição cristã. A Beata Francisca-Ana Maria das Dores do Senhor nos dá um grande
exemplo de saber como colocar o serviço a Deus a serviço da riqueza e do mundo,
sabendo que tem o coração livre para consagrar-se e dedicar-se só a Ele.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 01 de outubro de 1989
Francisca
Ana, chamada habitualmente Francinaina, nasceu em Sencelles, Mallorca,
Baleares, em 1º de junho de 1781, sendo batizada no mesmo dia; pertencia a
uma família de camponeses.
Desde
pequena se sentia chamada a se consagrar a Deus na vida religiosa. Mas,
inúmeras e variadas dificuldades, a impediram de fazê-lo, com muito pesar de
sua parte. Cresceu como qualquer menina do povoado de então; como ajudava
os pais e os três irmãos mais velhos nos trabalhos do campo e da casa,
Francinaina não fez os estudos elementares. Analfabeta, aprendia o catecismo de
memória; também aprendeu a costurar.
Desde
pequena se dedicava às devoções do Rosário, da Via Sacra, bem como à frequência
na Comunhão. Pediu permissão para entrar em um convento, mas seu pai não
aceitou, o que a fez se tornar terciária franciscana desde 1798, levando uma
vida de religiosa em sua casa e em meio aos seus trabalhos seculares.
Aos
26 anos, falecida sua mãe e também seus irmãos, Francinaina vivia junto a
seu pai na casa familiar. Além de cuidar de seu pai, ela se encarregava de
todas as tarefas do campo e domésticas.
Em
1821, seu pai falece. Por ocasião de sua morte Francinaina tinha quarenta
anos; ela reafirmou seu projeto de dedicar sua vida a Deus e aos demais.
Decidiu levar uma vida de retiro em sua casa, onde vivia em companhia de outra
mulher, Madalena Cirer Bennazar, a qual permanecerá junto a ela até sua morte.
Em
Sencelles ela era popularmente conhecida como "Sa Tia Xiroia". Trabalha
na paróquia e atende ao povo que com frequência recorria a seus conselhos.
O que ganha na colheita investe nos pobres, reservando para si mesma apenas o
indispensável.
Em
1850 o reitor de Sencelles, Juan Molinas, decidiu estabelecer uma casa de
caridade, no espírito das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, na
localidade. Encarregou a direção desta nova instituição a Francisca, que
ofereceu sua casa e seus bens para a obra. Em 7 de dezembro de 1851 fez, junto
com outras duas mulheres Ir. Madalena e Ir. Conceição, os votos na
nova Congregação, tomando o nome de Francisca
Ana da Virgem das Dores.
Apesar
de analfabeta, Irmã Francisca ensinava e educava crianças e jovens na fé
cristã.Oferecia consolo aos pobres e aos doentes, e os ajudava no limite de
suas possibilidades. Orientava e aconselhava as meninas, e qualquer pessoa que
necessitasse; também assistia aos moribundos.
Diversos
milagres lhe são atribuídos: uma menina foi e voltou de Sencelles à Binisalem,
situada a oito quilômetros, em busca de medicamentos. Como chovia Irmã
Francisca lhe cedeu sua sombrinha para que a usasse como guarda-chuva. Ao
voltar a menina estava completamente seca. Outros milagres se referem à cura de
enfermidades de crianças. A fama destes milagres correu pela ilha e muitos vão
até Sencelles.
Irmã
Francisca faleceu no dia 27 de fevereiro de 1855 como consequência de um AVC;
pessoas de todas as classes sociais foram prestar homenagem a ela, que foi
sepultada na cripta do Convento das Irmãs de Caridade de Sencelles.
O
Papa João Paulo II a beatificou em Roma em 1º de outubro de 1989.
A
Beata Francisca Ana é venerada em toda a Ilha de Mallorca por todas as
curas milagrosas que lhe são atribuídas. Sua festividade se celebra em 27 de
fevereiro; nesse dia os habitantes de Sencelles, e de outras povoações, saem às
ruas para levar uma oferenda floral para aquela que foi a fundadora das Irmãs
de Caridade.
Desde
1986, a cada ano se realiza uma romaria no 2º domingo do mês de maio que
vai da localidade de Casa Blanca até o túmulo da Beata. Esta romaria é
feita a pé, a cavalo ou de carro. Em 2005 ela foi nomeada Filha Predileta da
ilha pelo Conselho de Mallorca. Desde 2009 ela é a patrona dos catequistas.
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