sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

24 de fevereiro - Beata Josefa Naval Girbés

A Igreja canta uma canção de alegria e louvor a Cristo para a beatificação de Josefa Naval Girbés, virgem secular, que dedicou sua vida ao apostolado em sua terra natal natal, Algemesi, da arquidiocese de Valência, Espanha. Mulher simples, dócil ao Espírito, ela chegou ao longo da vida ao cume da perfeição cristã, dedicada ao serviço ao próximo em um período nada  fácil do século XIX, durante o qual ela viveu e desenvolveu sua intensa atividade apostólica.

Ela tinha dezoito anos quando, com a aprovação do seu diretor espiritual, fez o voto de castidade. Ela viveu trinta anos na casa de sua família abriu uma escola-seminário, onde irá formar humana e espiritualmente muitos jovens. Este ministério vai continuar na chamada "conversas de jardim", pelo qual os discípulos mais bem preparados recebiam uma formação espiritual mais profunda.

Ciente de que, como mais tarde afirmaria o Concílio Vaticano II, "a vocação é, por sua natureza, vocação ao apostolado", Josefa tornou-se tudo para todos, como o apóstolo São Paulo, para salvar a todos (ICor 9, 22). Daí a marca indelével deixada no exercício da sua caridade. Ela observou com cuidado os moribundos, ajudando-os a morrer na graça de Deus. A atenção heroica para com aqueles que foram afetados pela epidemia de cólera em 1885, é um dos exemplos mais expressivos do amor desta alma querida.

Uma característica única de Josefa é o seu estado secular. Ela, que encheu de discípulos dos conventos de clausura, permaneceu solteira no mundo, vivendo os princípios do evangelho, e sendo um exemplo das virtudes cristãs para todos os filhos da Igreja que, "depois de ser incorporados em Cristo através do Batismo... por sua capacidade continua na Igreja e no mundo, a missão de todo o povo cristão" (Lumen gentium, 31).

Papa João Paulo II - Homilia de beatificação – 25 de setembro de 1988

Josefa Naval Girbés nasceu em Algemesi, Província de Valência, Espanha, no dia 11 de dezembro de 1820. Algemesi era um povoado eminentemente agrícola, com quase 8000 habitantes, uma única paróquia, um convento de Dominicanos, um hospital, escassos centros de instrução e poucas indústrias elementares. Foram seus pais Francisco Naval Carrasco e Josefa Girbés, e teve cinco irmãos.

De seus pais ela herdou seu grande espírito de fé, sua ardente caridade, seu amor ao trabalho e o desejo ardente de viver sempre na graça de Deus. Maria Josefa recebeu o Santo Batismo no mesmo dia em que nasceu. Desde aquele momento só a chamavam com o nome de Josefa, mas alguns de seus devotos a seguem chamando de “Senhora Pêpa”.

Quando Josefa tinha oito anos, recebeu o Sacramento da Confirmação. Adquiriu uma cultura elementar, suficiente para desenvolver-se em meio no qual se passava sua vida. Aprendeu a bordar, atividade que com tanto acerto ensinou as suas numerosas alunas.

Sua infância transcorre sem acontecimentos especiais. Em sua formação religiosa colaborou eficazmente sua mãe. Desde pequena aprendeu a amar à Santíssima Virgem, venerada perto de sua casa, no convento dos Padres Dominicanos. Desde pequena já manifestava um caráter reto, um tanto enérgico, que ela depois administraria em sua atividade apostólica.
Fez sua Primeira Comunhão quando apenas contava com nove anos e, nesta época, se comungava pela primeira vez apenas aos onze anos cumpridos.

Sua mãe morreu quando ela tinha treze anos. A Virgem dos Padres Dominicanos a inspirou que nunca a abandonaria. Josefa, com seu pai e seus três irmãos, foi viver com sua avó materna.
Resultou em uma perfeita “ama” de casa, nos afazeres próprios da família. Dedicava um grande e doce cuidado com sua avó enferma, sem deixar sua vida de piedade nem dar concessões à rotina do cansaço. A avó morreu quando Josefa contava com 27 anos, ficando nesta casa com seu pai, seu tio Joaquim e seus irmãos sobreviventes Maria Joaquina e Vicente.

Seu pai morreu aos 62 anos, quando Josefa tinha 42 anos. Sua irmã Maria Joaquina se casou, morrendo aos 43 anos de idade. Seu irmão Vicente também se casou, teve três filhos que morreram muito pequenos, assim como sua esposa, pelo que já viúvo foi viver com ela. Seu tio Joaquim, um santo varão solteiro, morreu aos 77 anos, em 1870, ano no qual Josefa convidou sua discípula e confidente Josefa Esteve Trull a viver com ela, a quem, ao morrer, deixou seus bens em usufruto vitalício para que continuasse sua obra.

Para melhor agradar e entregar-se a Deus, em 04 de dezembro de 1838, escolheu a Jesus como seu único esposo, e a Ele consagrou para sempre sua virgindade; permanecendo indiviso seu coração (I Cor 7, 32-34), em sua união com Cristo fez progressos incessantes e se dedicou com todas suas forças à sua própria santificação e ao serviço da Igreja e das almas, demonstrando assim que a virgindade é o verdadeiro sinal e estímulo do amor e uma muito especial fonte de fecundidade espiritual no mundo.

Buscava todas as oportunidades para anunciar a Cristo, por palavras e com obras, tanto aos não crentes, para atraí-los à fé, como aos fiéis, para instruí-los, confirmá-los na mesma e estimulá-los a um maior fervor de vida. Com esta intenção ensinava às meninas a doutrina cristã, visitava aos enfermos, ajudava os pobres, aconselhava os quantos acudiam a ela, restaurava a paz em famílias desunidas, para as mães organizava em sua casa um círculo com a finalidade de conduzi-las à formação cristã, encaminhava de novo à virtude às mulheres que se haviam apartado do caminho reto e admoestava com prudência aos pecadores.

Porém, a obra a qual concentrou todos os seus cuidados e energias, foi a da educação humana e religiosa das jovens, para as quais abriu em sua casa uma escola gratuita de bordado, atividade manual que muito conhecia. Aquela atividade que por si mesma era “comercial”, à qual acudiam com assiduidade e entusiasmo muitas jovens de todas as esferas sociais, se converteu em um centro de convivência fraterna, oração, louvor a Deus, explicação e aprofundamento da Sagrada Escritura e das verdades eternas.

Deste modo contribuiu eficazmente para o incremento religioso de sua paróquia, formando assim muito boas mães de família, fomentando o germe da vocação à vida consagrada e ensinando a todos o que significa serem membros do Povo de Deus. Por tudo isso, ganhou grande estima e fama de santidade entre o clero e o povo. Inclusive depois de sua morte, que ocorreu piedosamente em 24 de fevereiro de 1893, continuou estendendo-se sua lembrança devido à santidade de sua vida e de suas obras.

A cerimônia de Beatificação se celebrou na Basílica de São Pedro em 25 de setembro de 1988.

Josefa Naval Girbés é, sem dúvida, um exemplo para todos os que são chamados à santidade sem abandonar o mundo. Quer dizer, sem deixar seu lugar, sua vida familiar e seu trabalho profissional. Ela permaneceu no mundo para ser modelo de santidade para os seculares. Josefa não fez votos para a vida consagrada e não ingressou em um convento, não por comodidade ou para escapar do rigor da vida comunitária, já que no mundo, sem sair de sua casa, viveu, em plenitude, os conselhos evangélicos, para ser um modelo exequível para a maior parte dos filhos da Igreja que são os seculares.


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