A
Igreja canta uma canção de alegria e louvor a Cristo para a beatificação de
Josefa Naval Girbés, virgem secular, que dedicou sua vida ao apostolado em sua
terra natal natal, Algemesi, da arquidiocese de Valência, Espanha. Mulher simples,
dócil ao Espírito, ela chegou ao longo da vida ao cume da perfeição cristã,
dedicada ao serviço ao próximo em um período nada fácil do século XIX, durante o qual ela viveu
e desenvolveu sua intensa atividade apostólica.
Ela
tinha dezoito anos quando, com a aprovação do seu diretor espiritual, fez o
voto de castidade. Ela viveu trinta anos na casa de sua família abriu uma
escola-seminário, onde irá formar humana e espiritualmente muitos jovens. Este
ministério vai continuar na chamada "conversas de jardim", pelo qual
os discípulos mais bem preparados recebiam uma formação espiritual mais
profunda.
Ciente
de que, como mais tarde afirmaria o Concílio Vaticano II, "a vocação é, por sua natureza, vocação ao apostolado",
Josefa tornou-se tudo para todos, como o apóstolo São Paulo, para salvar a
todos (ICor 9, 22). Daí a marca indelével deixada no exercício da sua caridade.
Ela observou com cuidado os moribundos, ajudando-os a morrer na graça de Deus.
A atenção heroica para com aqueles que foram afetados pela epidemia de cólera
em 1885, é um dos exemplos mais expressivos do amor desta alma querida.
Uma
característica única de Josefa é o seu estado secular. Ela, que encheu de
discípulos dos conventos de clausura, permaneceu solteira no mundo, vivendo os
princípios do evangelho, e sendo um exemplo das virtudes cristãs para todos os
filhos da Igreja que, "depois de
ser incorporados em Cristo através do Batismo... por sua capacidade continua na
Igreja e no mundo, a missão de todo o povo cristão" (Lumen gentium,
31).
Papa
João Paulo II - Homilia de beatificação – 25 de setembro de 1988
Josefa
Naval Girbés nasceu em Algemesi, Província de Valência, Espanha, no dia 11 de
dezembro de 1820. Algemesi era um povoado eminentemente agrícola, com quase
8000 habitantes, uma única paróquia, um convento de Dominicanos, um hospital,
escassos centros de instrução e poucas indústrias elementares. Foram seus pais
Francisco Naval Carrasco e Josefa Girbés, e teve cinco irmãos.
De seus pais ela herdou seu
grande espírito de fé, sua ardente caridade, seu amor ao trabalho e o desejo
ardente de viver sempre na graça de Deus. Maria Josefa recebeu o Santo Batismo
no mesmo dia em que nasceu. Desde aquele momento só a chamavam com o nome de
Josefa, mas alguns de seus devotos a seguem chamando de “Senhora Pêpa”.
Quando Josefa tinha oito
anos, recebeu o Sacramento da Confirmação. Adquiriu uma cultura elementar,
suficiente para desenvolver-se em meio no qual se passava sua vida. Aprendeu a
bordar, atividade que com tanto acerto ensinou as suas numerosas alunas.
Sua infância transcorre sem
acontecimentos especiais. Em sua formação religiosa colaborou eficazmente sua
mãe. Desde pequena aprendeu a amar à Santíssima Virgem, venerada perto de sua
casa, no convento dos Padres Dominicanos. Desde pequena já manifestava um
caráter reto, um tanto enérgico, que ela depois administraria em sua atividade
apostólica.
Fez sua Primeira Comunhão
quando apenas contava com nove anos e, nesta época, se comungava pela primeira
vez apenas aos onze anos cumpridos.
Sua mãe morreu quando ela
tinha treze anos. A Virgem dos Padres Dominicanos a inspirou que nunca a
abandonaria. Josefa, com seu pai e seus três irmãos, foi viver com sua avó
materna.
Resultou em uma perfeita
“ama” de casa, nos afazeres próprios da família. Dedicava um grande e doce
cuidado com sua avó enferma, sem deixar sua vida de piedade nem dar concessões
à rotina do cansaço. A avó morreu quando Josefa contava com 27 anos, ficando nesta
casa com seu pai, seu tio Joaquim e seus irmãos sobreviventes Maria Joaquina e
Vicente.
Seu pai morreu aos 62 anos,
quando Josefa tinha 42 anos. Sua irmã Maria Joaquina se casou, morrendo aos 43
anos de idade. Seu irmão Vicente também se casou, teve três filhos que morreram
muito pequenos, assim como sua esposa, pelo que já viúvo foi viver com ela. Seu
tio Joaquim, um santo varão solteiro, morreu aos 77 anos, em 1870, ano no qual
Josefa convidou sua discípula e confidente Josefa Esteve Trull a viver com ela,
a quem, ao morrer, deixou seus bens em usufruto vitalício para que continuasse
sua obra.
Para melhor agradar e
entregar-se a Deus, em 04 de dezembro de 1838, escolheu a Jesus como seu único
esposo, e a Ele consagrou para sempre sua virgindade; permanecendo indiviso seu
coração (I Cor 7, 32-34), em sua união com Cristo fez progressos incessantes e
se dedicou com todas suas forças à sua própria santificação e ao serviço da
Igreja e das almas, demonstrando assim que a virgindade é o verdadeiro sinal e
estímulo do amor e uma muito especial fonte de fecundidade espiritual no mundo.
Buscava todas as
oportunidades para anunciar a Cristo, por palavras e com obras, tanto aos não
crentes, para atraí-los à fé, como aos fiéis, para instruí-los, confirmá-los na
mesma e estimulá-los a um maior fervor de vida. Com esta intenção ensinava às
meninas a doutrina cristã, visitava aos enfermos, ajudava os pobres,
aconselhava os quantos acudiam a ela, restaurava a paz em famílias desunidas,
para as mães organizava em sua casa um círculo com a finalidade de conduzi-las
à formação cristã, encaminhava de novo à virtude às mulheres que se haviam
apartado do caminho reto e admoestava com prudência aos pecadores.
Porém, a obra a qual concentrou
todos os seus cuidados e energias, foi a da educação humana e religiosa das
jovens, para as quais abriu em sua casa uma escola gratuita de bordado,
atividade manual que muito conhecia. Aquela atividade que por si mesma era
“comercial”, à qual acudiam com assiduidade e entusiasmo muitas jovens de todas
as esferas sociais, se converteu em um centro de convivência fraterna, oração,
louvor a Deus, explicação e aprofundamento da Sagrada Escritura e das verdades
eternas.
Deste modo contribuiu
eficazmente para o incremento religioso de sua paróquia, formando assim muito
boas mães de família, fomentando o germe da vocação à vida consagrada e
ensinando a todos o que significa serem membros do Povo de Deus. Por tudo isso,
ganhou grande estima e fama de santidade entre o clero e o povo. Inclusive
depois de sua morte, que ocorreu piedosamente em 24 de fevereiro de 1893,
continuou estendendo-se sua lembrança devido à santidade de sua vida e de suas
obras.
A cerimônia de Beatificação
se celebrou na Basílica de São Pedro em 25 de setembro de 1988.
Josefa
Naval Girbés é, sem dúvida, um exemplo para todos os que são chamados à santidade
sem abandonar o mundo. Quer dizer, sem deixar seu lugar, sua vida familiar e
seu trabalho profissional. Ela permaneceu no mundo para ser modelo de santidade
para os seculares. Josefa não fez votos para a vida consagrada e não ingressou
em um convento, não por comodidade ou para escapar do rigor da vida
comunitária, já que no mundo, sem sair de sua casa, viveu, em plenitude, os
conselhos evangélicos, para ser um modelo exequível para a maior parte dos
filhos da Igreja que são os seculares.
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