“A Beata Ana Catarina Emmerick gritou "a dolorosa Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo" e
viveu-a no seu próprio corpo. É uma obra da graça divina, o fato de que a filha
de pobres camponeses, que buscou com tenacidade a proximidade de Deus, se tenha
tornado a conhecida "Mística da região de Monastério". A sua pobreza material contrapõe-se a uma rica vida interior. Ficamos impressionados quer com a
sua paciência em suportar a debilidade física, quer com a força da índole da nova Beata e com a sua estabilidade
na fé.
Ela hauria esta força da Santíssima
Eucaristia. O seu exemplo abria os
corações dos pobres e dos ricos, das pessoas simples e instruídas, à dedicação
amorosa a Jesus Cristo.
Ainda hoje ela continua a transmitir a
todos a mensagem da salvação: todos nós fomos curados pelas chagas de Cristo (IPd 2, 24).
Homilia
de beatificação - 3 de outubro de 2004 - Papa João Paulo II
Ana
Catarina Emmerick nasceu no dia 8 de Setembro de 1774, na comunidade de camponeses
de Flamschen (Alemanha).
Desde
a mais tenra infância sentiu-se atraída de modo particular pela oração e pela
vida religiosa. Deste modo, ainda adolescente expressou o desejo de entrar num
mosteiro, a fim de viver exclusivamente para o Senhor. Em 1802 entrou na
comunidade de Agnetenberg e, já no ano seguinte, pronunciou os votos. Por causa
da sua origem pobre, no início era pouco considerada pelas outras religiosas do
mosteiro, mas Ana suportava tudo em silêncio.
Em
1811, em virtude do movimento de secularização, o seu mosteiro foi suprimido.
Ana abandonou a comunidade e foi recebida como empregada doméstica na casa de
um sacerdote francês. Nesse período, recebeu os estigmas, que lhe provocavam
dores atrozes. No dia 29 de dezembro, às 3 horas da tarde, estava deitada, com
os braços estendidos, em êxtase, meditando na Sagrada Paixão de Jesus. Viu
então, numa luz brilhante, o Salvador crucificado e sentiu um veemente desejo
de sofrer com Ele. Satisfez-se-lhe esse desejo, pois saíram logo das mãos, dos
pés e do lado do Senhor raios luzidos cor de sangue, que penetraram nas mãos,
nos pés e no lado da Serva de Deus, surgindo logo gotas de sangue nos lugares
das chagas.
Abbé
Lambert e seu o confessor, Pe. Limberg,
viram-nas sangrar dois dias depois, mas com sábio propósito fingiram não dar
importância ao fato, na presença da Serva de Deus. Ela mesma procurava esconder
os sinais das chagas, o que lhe era fácil, porque desde o dia 2 de
Novembro de 1812 estava de cama, adoentada. Desde então não pôde mais tomar alimento, a não ser água, misturada com
um pouco de vinho, mais tarde só água ou, raras vezes, o suco de uma cereja ou
ameixa. Assim vivia só da sagrada Comunhão.
Uma
característica especial da sua vida foi o amor pelas pessoas. Interessava-se
sempre pelas necessidades das pessoas que a visitavam, encorajando-as e
confortando-as nas dificuldades. De todas as personalidades que a visitaram
nesses anos, de particular significado foi o encontro com Clemens Brentano que
de 1818 a 1823 visitou a religiosa quotidianamente para descrever as suas
visões, que depois publicou.
No
Verão de 1823, a religiosa debilitou-se ainda mais, mas uniu as suas dores ao
sofrimento de Jesus, oferecendo-as pela redenção de toda a humanidade. Ana
Catarina faleceu no dia 9 de Fevereiro de 1824 e ainda hoje continua a
indicar-nos o centro da nossa fé cristã, o segredo da Cruz.
A vida desta religiosa distinguiu-se por
uma profunda união com Jesus Cristo. De fato, ela participou tão intimamente
nas dores de nosso Senhor, que não é exagerado dizer que viveu, sofreu e morreu
por Ele.
Além
disso, nutriu sempre uma profunda e sincera devoção por Maria, que pode ser
resumida nesta frase, por ela recitada em forma de oração: "Ó, meu Deus, permiti-nos servir a obra da Redenção, seguindo o
modelo da fé e do amor de Maria".
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