Amar a Cristo na Eucaristia
e no serviço aos pobres, ícone de Cristo aqui é, em suma, a vida e do
ministério sacerdotal do Beato Francisco Spinelli, cujo testemunho aparece hoje
especialmente oportuno e eloquente. Em uma época marcada como a nossa, por
consideráveis mudanças sociais, ele continua a repetir que só a partir do
Coração trespassado do Redentor vem para os seres humanos de todas as idades
uma fonte inesgotável de amor altruísta, que purifica e renova.
Don Spinelli
compreendeu completamente a verdade da mensagem da Cruz e, portanto, está agora
a ser apontado como um exemplo a imitar e um intercessor para ser chamado. A
Igreja o oferece como um modelo autêntico de apóstolo, especialmente, a vós,
sacerdotes, que a Providência chamou para ser administradores dos mistérios da
salvação. Recebem no cotidiano do seu ministério a luz e a coragem da
Eucaristia, de modo a se tornarem discípulos fiéis do Mestre divino. Apresento-o
como uma testemunha válida do evangelho, a vós, religiosos e religiosas, e a
todos vós, queridos irmãos e irmãs da Diocese de Cremona. Se em todas as partes
da sua comunidade eclesial fluir o sangue vital da Eucaristia, podem ser
mensageiros eficazes da proclamação eterna e sempre nova do Evangelho, trazendo
salvação ao mundo e paz.
Sejam como Don Francisco
Spinelli, as pessoas permeadas por amor indomável e divino, que se expressa em
um serviço atencioso para com os pobres e os que vivem à margem da sociedade. A
Igreja precisa de homens e mulheres que fazem como ele, de sua vida, um dom sem
reservas ao Senhor; que não se deixam ser atraídos pelo charme de mudar as referências
no mundo; que sabem como imolar-se, unindo seu sacrifício ao de Jesus, para que
"o mundo tenha vida e a tenha em abundância" (Jo 10, 10).
Esta é a
missão da Igreja; esta é a vocação de cada um de nós, chamados a ser obedientes
ao Evangelho da caridade. "Recordando o seu Senhor, esperando até que Ele
venha”, - escreveram os Bispos italianos nas orientações pastorais para os anos
90 - a Igreja entra nesta lógica do dom total de si. Em volta de uma mesma mesa
eucarística, e compartilhando o mesmo pão, que cresce e é construída como uma
instituição de caridade e é chamada a mostrar-se ao mundo como sinal e
instrumento de unidade em Cristo para toda a humanidade. A tarefa é claro, é difícil,
mas não impossível, porque o amor do Senhor pode vencer cada fraqueza humana.
Na Eucaristia, Cristo se faz nosso alimento espiritual e antecipa-se nas
sombras do tempo o brilho do Reino da glória final.
Papa João Paulo II –
Homilia de Canonização – 21 de junho de 1992
Francisco nasceu em Milão,
aos 14 de abril de 1853, cujos pais, trabalhadores humildes, eram muito
cristãos. Ele cresceu forte, vivaz e ficava muito alegre ao brincar de teatro
de fantoches com as outras crianças. Nas horas livres acompanhava a mãe nas
visitas os pobres e doentes, sentindo-se feliz por amar e ajudar o próximo,
conforme o ensinamento de Jesus. Assim foi que surgiu sua vocação.
Apesar de seu pai desejar
que estudasse medicina pode seguir o chamado de Cristo e se tornou um
"médico" de almas. Apoiado pela família, Francisco foi estudar na
cidade de Bergamo, onde concluiu os estudos e recebeu a ordenação sacerdotal,
em 1875. Neste ano do Jubileu, ele seguiu em peregrinação para Roma e, durante
as cerimônias na igreja de Santa Maria Maior, teve a inspiração para criar uma
família de religiosas que adorassem Jesus Sacramentado. Padre Francisco
compreendeu o projeto de sua vida esperando o momento certo para colocá-lo em
execução.
Retornando desta viagem, foi designado para lecionar na creche da paróquia de Bergamo, onde seu tio, padre Pedro, era o pároco. Desta maneira, desenvolveu seu apostolado entre os pobres, lecionando também no Seminário e orientando algumas comunidades religiosas femininas. Em 1882, encontrou uma jovem, Catarina Comensoli, que desejava se tornar religiosa numa congregação que tivesse por objetivo a Adoração Eucarística.
Padre Francisco pode assim realizar seu sonho. Em dezembro de 1882, as primeiras noviças ingressam numa casa, que depois se tornou o primeiro convento, em Bergamo. Desta maneira fundou, inicialmente, o Instituto das Irmãs da Adoração. Sete anos depois eram nove as casas, onde as religiosas acolhiam pobres, doentes e deficientes mentais.
Tudo corria bem até quando, por vários equívocos, ele foi constrangido a deixar a diocese de Bergamo, em 1889, e se transferiu para a de Cremona, na aldeia de Rivolta d'Ada, onde suas filhas tinham aberto uma casa, tendo de deixar a direção do Instituto, também. Por isto, a fundação se dividiu: irmã Comensoli criou a congregação das Irmãs Sacramentinas, e padre Francisco, a das Irmãs Adoradoras do Santíssimo Sacramento.
Obtendo a aprovação da Santa Sé, as Adoradoras adquirem vida própria, com o propósito de adorar dia e noite Jesus na Eucaristia e de servir os irmãos pobres e doentes mentais, nos quais se "reflete o vulto de Cristo". Jesus foi a fonte e o modelo da vida sacerdotal do padre Francisco, do qual extraia força e vigor para servir os semelhantes.
Em Rivolta, ele supriu a comunidade, que tinha necessidade de tudo, como: escolas, creches, assistência aos enfermos e aos velhos abandonados. Seus preferidos eram os deficientes mentais, que ele alegrava pessoalmente, encenando espetáculos de fantoche.
Envolto numa imensa fama de santidade, morreu no dia 6 de fevereiro de 1913, sendo sepultado na Casa Mãe das Adoradoras, em Cremona, Itália. O papa João Paulo II,declarou Francisco Spinelli, Beato, em 1992, indicando sua festa para o mesmo dia da sua morte.
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