São Paulo Miki (e seus companheiros) (Tsunokuni, Japão, 1564
- Nagasaki, 5 de fevereiro de 1597) também são conhecidos como "Mártires
do Japão".
"Os relatos sobre o martírio dos primeiros cristãos japoneses assemelham-se de maneira surpreendente ao que sabemos sobre as testemunhas da fé da Igreja primitiva. Não havia neles a menor sombra de fanatismo.
Também não percebemos o menor indício de ódio, nem de desespero, nem qualquer dúvida sobre se não teriam apostado num falso Deus, mas apenas uma enorme certeza e uma serena alegria.”
(Cardeal Ratzinger - Da homilia na memória de São Paulo Miki e companheiros mártires, no Seminário da Santíssima Trindade, Dallas, Texas, 6 de fevereiro de 1991).
São Paulo Miki era filho de um renomado militar, membro de
uma família Samurai da Província de Harima, batizado ainda criança, tinha
um fervor na doutrina e espiritualidade cristã, desde jovem foi
catequista, e depois ingressou na Companhia de Jesus ordenando-se sacerdote,
ficou conhecido como excelente pregador e orador.
A fé cristã chegou ao Japão em 1549, por intermédio de São
Francisco Xavier que começou trabalhando sozinho.
Cerca de 20 anos depois de sua morte a comunidade já contava
com mais de 20 mil pessoas.
Desde 1587 a religião cristã estava proibida no
Japão,entretanto estava sendo tolerada até a conquista das Filipinas pelos
espanhóis em 1594, fato que fez os dirigentes japoneses ligarem o cristianismo
ao colonialismo europeu, o que determinou o início da perseguição aos cristãos.
São Paulo Miki e seus 24 companheiros foram feitos
prisioneiros pelos soldados de Toyotomi Hideyoshi, senhor feudal que
unificou o Japão, submetidos a torturas e depois, crucificados em
Nagasaki, em 1597, na colina Nishizaka.
Seis deles eram missionários franciscanos, três eram
jesuítas, 15 eram da Ordem Terceira de São Francisco.
Havia entre eles três adolescentes, de 11 a 15 anos de
idade.
Morreram cantando o Te Deum.
Testemunho do martírio narrado
por um contemporâneo:
Quando as cruzes foram levantadas, foi coisa admirável ver a
constância de todos. O nosso Irmão Paulo Miki, vendo-se colocado diante de
todos no mais honroso púlpito que nunca tivera, começou por declarar aos
presentes que era japonês e pertencia à Companhia de Jesus, que ia morrer por
haver anunciado o Evangelho e que dava graças a Deus por lhe conceder tão
imenso benefício. E por fim disse estas palavras: “Agora que cheguei a este
momento de minha vida, nenhum de vós duvidará que eu queira esconder a verdade.
Declaro-vos, portanto, que não há outro caminho para a salvação fora daquele
seguido pelos cristãos. E como este caminho me ensina a perdoar os inimigos e
os que me ofenderam, de todo o coração perdôo o Imperador e os responsáveis
pela minha morte, e lhes peço que recebam o batismo cristão.”
Em seguida, voltando os olhos para os companheiros, começou
a encorajá-los neste momento extremo. No rosto de todos transparecia uma grande
alegria, mas era no de Luís que isto se percebia de modo mais nítido. Quando um
cristão gritou que em breve estaria no paraíso, ele fez com as mãos e o corpo
um gesto tão cheio de contentamento que os olhares dos presentes se fixaram
nele. Antônio estava ao lado de Luís, com os olhos voltados para o céu. Depois
de invocar os santíssimos nomes de Jesus e de Maria, entoou o salmo Louvai,
louvai, ó servos do Senhor (Sl 112,1), que tinha aprendido na escola de
catequese em Nagasáki; de fato, durante o catecismo, costumavam ensinar alguns
salmos às crianças.
Alguns repetiam com o rosto sereno: “Jesus, Maria”; outros exortavam os
presentes a levarem uma vida digna de cristãos; e por estas e outras ações
semelhantes demonstravam estar prontos para a morte.
Finalmente os quatro carrascos começaram a tirar as espadas daquelas bainhas
que os japoneses costumam usar. Vendo cena tão horrível, os fiéis gritavam:
“Jesus! Maria!” Seguiram-se lamentos tão sentidos de tocar os próprios céus.
Ferindo-os com um primeiro e um segundo golpe, em pouco tempo os carrascos
mataram a todos.
Os mártires foram canonizados em 1862 pelo Papa Pio IX.
Oremos:
Ó
Deus, força dos santos, que em Nagasáki chamastes à verdadeira vida São Paulo
Miki e seus companheiros pelo martírio da cruz, concedei-nos, por sua
intercessão, perseverar até a morte na fé que professamos. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
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