A primeira Clarissa a ser
honrada com culto público não foi Santa Clara, mas a Beata Felipa Mareri, morta
em 1236, quando Santa Clara ainda vivia em São Damião de Assis.
Felipa nasceu no final do
século XII, cerca do ano 1195, da nobre família dos Mareri, no castelo de sua
propriedade situado em San Pietro de Molito, hoje Borgo San Pietro, província
de Rieti.
Felipa começou já na
infância a dar mostras de virtude pouco comum e de aptidão excepcional para os
estudos. Era-lhe familiar a língua latina o que ajudou-a nas leituras das
Escrituras.
Orientada para a vida de
perfeição por São Francisco de Assis nos anos 1221-1225, quando o Santo,
peregrinando pelo vale de Rieti, se hospedava na casa de seus pais, Felipa
tomou ainda jovem a decisão de consagrar-se a Deus, e se manteve com tal
firmeza em seu propósito, que não conseguiram dobrar sua vontade nem as
pressões dos parentes, nem as ameaças de seu irmão Tomás, nem as ofertas e
pedidos de seus pretendentes.
Diante da atitude de seus
familiares, Felipa, como anos antes Santa Clara de Assis, cortou por si própria
o cabelo, vestiu hábito pobre e, junto com sua irmã e algumas companheiras, se
refugiou em uma gruta nas montanhas próximas de seu castelo, desde então
chamada «Gruta de Santa Felipa».
Ela a adaptou com
austeridades para seus fins e ali permaneceu até que seus irmãos Tomás e Gentil
subiram ao monte para solicitar-lhe o perdão e ofereceram às servas de Deus uma
igreja dedicada a São Pedro e, com uma ata notarial datada de 18 de setembro de
1228, lhe deram o castelo de sua propriedade em San Pietro de Molito e a antiga
igreja beneditina anexa.
Para ali se trasladaram
Felipa e suas seguidoras, e em seguida começaram a organizar sua vida claustral
seguindo a forma de vida e as normas que São Francisco havia dado a Santa Clara
e a suas irmãs do mosteiro de São Damião em Assis.
São Francisco indicou um de
seus primeiros companheiros, o Beato Rogério de Todi, para dirigir
espiritualmente a Beata e as Clarissas do mosteiro por ela fundado. Para tanto,
Rogério se trasladou para o vale de Rieti, e ali permaneceu cumprindo sua
missão até a morte da Beata em 1236.
O mosteiro logo se converteu
em uma escola de santidade. A ocupação principal da comunidade monástica era o
culto e o louvor de Deus, a vida litúrgica, a leitura e o estudo da Sagrada
Escritura, a oração e a contemplação. Porém, ao mesmo tempo, o trabalho era
tido em grande consideração, como também o atendimento dos pobres e o
apostolado.
No mosteiro eram preparados
remédios que eram distribuídos gratuitamente aos doentes pobres. O fervor da
caridade nas palavras e nas obras, bem como o estilo de vida daquelas
Clarissas, com Felipa à frente e todas seguindo o Santo de Assis, fizeram
reviver a vida evangélica no vale de Rieti, como antes havia acontecido no vale
de Espoleto.
Quando a Felipa sentiu-se
próxima da morte, pediu a presença do Beato Rogério. Ela morreu no seu mosteiro
no dia 16 de fevereiro de 1236. Nas orações fúnebres o Beato Rogério a invocou
como se faz aos santos.
O Beato Rogério de Todi
sobreviveu pouco a sua filha espiritual: faleceu em 1237 e Bento XIV aprovou o
seu culto em 24 de abril de 1751.
Logo o túmulo de Felipa se
converteu em meta de peregrinações e as graças e os favores extraordinários
alcançados de Deus pela intercessão da Beata se multiplicaram.
Em 1706 foi feito um reconhecimento de seus restos mortais
e se constatou que seu coração permanecia incorrupto e é ainda hoje conservado
em um relicário de prata.
O Papa Inocêncio IV deu o
título de “santa” a Felipa em uma bula de 1247, mas foi o Pio VII quem, em 30
de abril de 1806, confirmou seu culto imemorial e aprovou a missa e o ofício em
sua honra.
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