“O amor e a sensibilidade
para com os pobres levou Santa Ângela da Cruz a fundar a sua "Companhia da
Cruz", com uma dimensão caritativa e social em favor dos mais necessitados
e com um impacto enorme na Igreja e na sociedade de Sevilha da sua época. A sua
característica era a espontaneidade e a simplicidade, procurando a santidade
com um espírito de mortificação, ao serviço de Deus nos irmãos.” Papa
João Paulo II – Homilia de Canonização
Humilde
e enérgica, Madre Ângela da Cruz, nome que tomou quando se tornou religiosa,
soube infundir no ânimo de suas filhas um crescente espírito de dedicação e de
caridade em favor dos necessitados, sendo por isto admirada por todos e chamada
pelo povo de “mãe dos pobres”.
Maria dos Anjos Guerrero e
González nasceu em Sevilha em 30 de janeiro de 1846, filha de Francisco
Guerrero e Josefina González, casal de modesta condição social, mas cheio de
virtudes cristãs. Cresceu em um ambiente muito religioso, ajudando seus pais nos
trabalhos manuais, principalmente na costura. De caráter muito dócil e discreto,
suscitava profunda admiração em todos que a conheciam. Apesar da sua pobreza, desde pequena se habituou a
partilhar os bens da sua casa com os mais pobres.
Na família aprendeu a rezar o Terço e a
celebrar o mês de Maio, dedicado à Virgem Maria.
Ainda pequena, aos 12 anos, teve
que deixar a escola para trabalhar em uma fábrica de calçados. Embora tivesse
que trabalhar, amava isolar-se para dedicar-se à oração e à mortificação. Em
1871, aos 25 anos, fez um ato particular em que promete ao Senhor viver segundo
os conselhos evangélicos.
Na sua longa experiência de
oração, vê uma cruz vazia diante da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que
lhe inspirou imolar-se em união com Jesus para a salvação das almas. Tocada por
uma forte vocação, desejou entrar nas Carmelitas, mas seu diretor espiritual a
aconselhou entrar nas Irmãs de Caridade. Devido às precárias condições de saúde
foi obrigada a desistir em pouco tempo do Instituto.
Retornando à família, se
dedicou às obras de caridade junto aos pobres. Obedecendo aos conselhos do
diretor espiritual, começou a escrever um diário espiritual no qual expunha
detalhadamente a regra de vida de uma Comunidade de religiosas, que com a sua
destacada vocação e com a experiência espiritual que vivia, sentia poder
constituir.
Assim, em
1875, deu início em Sevilha à Congregação das Irmãs da Companhia da Cruz para o
cuidado dos enfermos. O seu ideal e o do
Instituto era “por
amor de Deus, abraçar a maior pobreza, para poder ajudar os pobres" que
constituiu o fundamento da espiritualidade e da missão da Companhia da Cruz. Com essa intuição,
redigiu um projeto, com uma dimensão caritativa que a levasse a identificar-se
com os menos afortunados: "fazer-se pobre com os
pobres". Depois de participar na Santa Missa, instalou-se com
outras três mulheres, num quarto alugado, onde tinham lugar principal um
Crucifixo e um quadro da Virgem das Dores. Nasciam as Irmãs da Cruz.
As casas da
"Companhia" deviam ter um ambiente de limpeza, saudável alegria e
contida beleza, com estilo simples para mulheres simples, afastadas da
grandiosidade, mas com ar de doçura, de modo a que todas sentissem uma nova
maneira de querer Deus e os pobres. Começaram a recolher meninas órfãs, as
casas começaram a crescer, atendiam as pessoas na sua própria casa, pediam
esmola com uma das mãos e distribuíam-na com a outra.
A Santa Sé aprovou o
Instituto em 1904, o qual teve uma rápida difusão, imprimido um impacto enorme
na Igreja e na sociedade sevilhana do seu tempo.
Natural e simples, recusou
toda glória humana, buscou a santidade com um espírito de mortificação no
serviço de Deus e dos irmãos, e com estes sentimentos deixou esta terra no dia
2 de março de 1932, na sua cidade de Sevilha, aos 86 anos de idade.
O Papa João Paulo II a
beatificou durante sua primeira viagem à Espanha, no dia 5 de novembro de 1982,
em Sevilha, o mesmo pontífice, num intervalo de 20 anos, a elevou à honra
dos altares, canonizando-a em Madri a 4 de maio de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário