Aos
discípulos, assombrados ante as dificuldades para entrar no Reino, Jesus
adverte: «aos homens é impossível, mas a
Deus não, pois a Deus tudo é possível» (Mc 10, 27). Acolheu
esta mensagem o Padre Elias do Socorro Nieves, sacerdote agostiniano, que foi
elevado à glória dos altares como mártir da fé. A total confiança em Deus e na
Virgem do Socorro, de quem era muito devoto, caracterizou toda a sua vida e o seu
ministério sacerdotal, exercido com abnegação e espírito de serviço, sem se
deixar vencer pelos obstáculos, os sacrifícios ou o perigo. Este fiel religioso
agostiniano soube transmitir a esperança em Cristo e na Providência divina.
A vida e o martírio do Padre Nieves, que não quis
abandonar os seus fiéis apesar do perigo que corria, são por si mesmos um
convite a renovar a fé em Deus que tudo pode. Enfrentou a morte com
integridade, abençoando os seus verdugos e dando testemunho da sua fé em
Cristo. A Igreja no México conta
hoje com um novo modelo de vida e poderoso intercessor, que o ajudará a renovar
a sua vida cristã; os seus irmãos agostinianos têm mais um exemplo a imitar, na
sua constante busca de Deus na fraternidade e no serviço ao Povo de Deus; para
a Igreja inteira é uma demonstração eloquente dos frutos de santidade, que o
poder da graça de Deus produz no seu seio.
Papa João Paulo II - Homilia
de beatificação 12 de outubro de 1997
Elias do Socorro Nieves
nasceu na Ilha de S. Pedro, Yuriria (México) a 23 de Setembro de 1882. Desde a
mais tenra idade manifestou o desejo de ser sacerdote, mas circunstâncias
particulares da sua vida impediram-no: a pobreza da família, a sua enfermidade
e o assassínio do pai. Aos 21 anos abandonou a vida de camponês e entrou no
Seminário agostiniano, tendo professado os primeiros votos em 1911, quando
assumiu o nome de Elias do Socorro. Ordenado Sacerdote em 1916, exerceu o
ministério em diversas localidades e, em 1921, foi nomeado vigário paroquial de
La Cañada de Caracheo, localidade muito pobre, onde colaborou com grande
dedicação na assistência espiritual e material dos seus fiéis. Manteve-se
sempre à margem da recém-criada ideologia revolucionária.
Quando no final de 1926 se chegou à perseguição da
Igreja, o Padre Elias não obedeceu à ordem governativa de abandonar o trabalho
pastoral na zona rural; e assim, estabeleceu-se numa gruta perto de «La Gavia»,
assegurando aos seus fiéis a assistência religiosa, exercida normalmente
durante a noite.
Esta clandestinidade
terminou no dia em que um destacamento militar descobriu que, sob o vestido
branco de camponês, ele trazia o hábito agostiniano; declarou a sua condição de
sacerdote e foi preso, juntamente com dois camponeses. Na prisão, o Padre Elias
teve ocasião de discutir temas religiosos com os soldados que o vigiavam.
Na manhã de 10 de Março de 1928 foi levado ao centro
urbano de Cortazar e ali fuzilado, depois de ter assistido à morte dos seus
dois companheiros. Antes de morrer recitou o Credo, deu a bênção a alguns
soldados que se ajoelharam e gritou forte: «Viva Cristo Rei!».
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