A poesia ajuda a
expressar uma dolorosa sensação que muitos compartilhamos hoje. A verdade
ineludível é que, nas condições atuais, com este modo de tratar a Amazônia,
tanta riqueza de vida e de tão grande beleza estão tomando o rumo do fim,
embora muitos pretendam continuar a crer que tudo vai bem, como se nada
acontecesse:
“Aqueles
que pensavam que o rio fosse uma corda para jogar, enganavam-se.
O rio é uma veia muito sutil sobre a face da terra. (…)
O rio é uma corda onde se agarram os animais e as árvores.
Se o puxarem demais, o rio poderia rebentar.
O rio é uma veia muito sutil sobre a face da terra. (…)
O rio é uma corda onde se agarram os animais e as árvores.
Se o puxarem demais, o rio poderia rebentar.
Poderia
explodir e lavar-nos a cara com a água e com o sangue”.
O equilíbrio da terra
depende também da saúde da Amazônia. Juntamente com os biomas do Congo e do
Bornéu, deslumbra pela diversidade das suas florestas, das quais dependem
também os ciclos das chuvas, o equilíbrio do clima e uma grande variedade de
seres vivos. Funciona como um grande filtro do dióxido de carbono, que ajuda a
evitar o aquecimento da terra. Em grande parte, o solo é pobre em húmus, de
modo que a floresta cresce realmente sobre o solo e não do solo. Quando se
elimina a floresta, esta não é substituída, ficando um terreno com poucos
nutrientes que se transforma num território desértico ou pobre em vegetação.
Isto é grave, porque, nas entranhas da floresta amazônica, subsistem inúmeros
recursos que poderiam ser indispensáveis para a cura de doenças. Os seus
peixes, frutos e outros dons super abundantes enriquecem a alimentação humana.
Além disso, num ecossistema como o amazônico, é incontestável a importância de
cada parte para a conservação do todo. As próprias terras costeiras e a
vegetação marinha precisam de ser fertilizadas por aquilo que o rio Amazonas
arrasta. O grito da Amazônia chega a todos, porque a conquista e exploração de
recursos (...) hoje chega a ameaçar a própria capacidade acolhedora do
ambiente: o ambiente como “recurso” corre o perigo de ameaçar o ambiente como
“casa”. O interesse de algumas empresas poderosas não deveria ser colocado
acima do bem da Amazônia e da humanidade inteira.
Não basta prestar
atenção à preservação das espécies mais visíveis em risco de extinção. É
crucial ter em conta que, para o bom funcionamento dos ecossistemas, também são
necessários os fungos, as algas, os vermes, os pequenos insetos, os répteis e a
variedade inumerável de micro-organismos. Algumas espécies pouco numerosas, que
habitualmente nos passam despercebidas, desempenham uma função censória
fundamental para estabelecer o equilíbrio dum lugar. E isto facilmente se
ignora na avaliação do impacto ambiental dos projetos econômicos de indústrias
extrativas, energéticas, madeireiras e outras que destroem e poluem. Além disso
a água, que abunda na Amazónia, é um bem essencial para a sobrevivência humana,
mas as fontes de poluição vão aumentando cada vez mais.
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