É necessário
conseguir que o ministério se configure de tal maneira que esteja ao serviço
duma maior frequência da celebração da Eucaristia, mesmo nas comunidades mais
remotas e escondidas. Em Aparecida, convidou-se a ouvir o lamento de tantas
comunidades na Amazônia privadas da Eucaristia dominical por longos períodos de
tempo. Mas, ao mesmo tempo, há necessidade de ministros que possam
compreender a partir de dentro a sensibilidade e as culturas amazônicas.
O modo de
configurar a vida e o exercício do ministério dos sacerdotes não é monolítico,
adquirindo matizes diferentes nos vários lugares da terra. Por isso, é
importante determinar o que é mais específico do sacerdote, aquilo que não se
pode delegar. A resposta está no sacramento da Ordem sacra, que o configura a
Cristo sacerdote. E a primeira conclusão é que este caráter exclusivo recebido
na Ordem deixa só ele habilitado para presidir à Eucaristia. Esta é a sua
função específica, principal e não delegável. Alguns pensam que aquilo que
distingue o sacerdote seja o poder, o fato de ser a máxima autoridade da
comunidade; mas São João Paulo II explicou que, embora o sacerdócio seja
considerado hierárquico, esta função não equivale a estar acima dos outros, mas
ordena-se integralmente à santidade dos membros do corpo místico de Cristo.
Quando se afirma que o sacerdote é sinal de Cristo cabeça, o significado
principal é que Cristo constitui a fonte da graça: Ele é cabeça da Igreja porque
tem o poder de comunicar a graça a todos os membros da Igreja.
O sacerdote é
sinal desta Cabeça que derrama a graça, antes de tudo, quando celebra a
Eucaristia, fonte e cume de toda a vida cristã. Este é o seu grande poder, que
só pode ser recebido no sacramento da Ordem. Por isso, apenas ele pode dizer: “Isto
é o meu corpo”. Há outras palavras que só ele pode
pronunciar: “Eu te absolvo dos teus pecados”; pois o perdão
sacramental está ao serviço duma celebração eucarística digna. Nestes dois
sacramentos, está o coração da sua identidade exclusiva.
Nas circunstâncias
específicas da Amazônia, especialmente nas suas florestas e lugares mais
remotos, é preciso encontrar um modo para assegurar este ministério sacerdotal.
Os leigos poderão anunciar a Palavra, ensinar, organizar as suas comunidades,
celebrar alguns Sacramentos, buscar várias expressões para a piedade popular e
desenvolver os múltiplos dons que o Espírito derrama neles. Mas precisam da
celebração da Eucaristia, porque ela «faz a Igreja, e chegamos a dizer que
«nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na
celebração da Santíssima Eucaristia. Se acreditamos verdadeiramente que as coisas
estão assim, é urgente fazer com que os povos amazônicos não estejam privados
do Alimento de vida nova e do sacramento do perdão.
Esta premente
necessidade leva-me a exortar todos os bispos, especialmente os da América
Latina, a promover a oração pelas vocações sacerdotais e também a ser mais
generosos, levando aqueles que demonstram vocação missionária a optarem pela
Amazônia. Ao mesmo tempo, é oportuno rever a fundo a estrutura e o conteúdo
tanto da formação inicial como da formação permanente dos presbíteros, de modo
que adquiram as atitudes e capacidades necessárias para dialogar com as
culturas amazônicas. Esta formação deve ser eminentemente pastoral e favorecer
o crescimento da misericórdia sacerdotal.
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