quarta-feira, 25 de março de 2020

Querida Amazônia: Comunidades cheias de vida - nºs 95 a 98


Muitas pessoas consagradas gastaram as suas energias e grande parte da sua vida pelo Reino de Deus na Amazônia. A vida consagrada, capaz de diálogo, síntese, encarnação e profecia, ocupa um lugar especial nesta configuração plural e harmoniosa da Igreja amazônica. Mas faz-lhes falta um novo esforço de inculturação, que ponha em jogo a criatividade, a audácia missionária, a sensibilidade e a força peculiar da vida comunitária.

As comunidades de base, sempre que souberam integrar a defesa dos direitos sociais com o anúncio missionário e a espiritualidade, foram verdadeiras experiências de sinodalidade no caminho evangelizador da Igreja na Amazônia. Muitas vezes têm ajudado a formar cristãos comprometidos com a sua fé, discípulos e missionários do Senhor, como o testemunha a entrega generosa, até derramar o sangue, de muitos dos seus membros.

Encorajo o aprofundamento do serviço conjunto que se realiza através da REPAM e outras associações com o objetivo de consolidar aquilo que solicitava Aparecida: estabelecer, entre as Igrejas locais de diversos países sul-americanos que estão na bacia amazônica, uma pastoral de conjunto com prioridades diferenciadas. Isto vale especialmente para a relação entre as Igrejas confinantes.

Por fim, quero lembrar que nem sempre podemos pensar em projetos para comunidades estáveis, porque na Amazônia há uma grande mobilidade interna, uma migração constante, muitas vezes pendular, e a região transformou-se efetivamente num corredor migratório. A transumância amazônica não foi bem compreendida nem suficientemente elaborada do ponto de vista pastoral. Por isso devemos pensar em grupos missionários itinerantes e apoiar a inserção e a itinerância dos consagrados e consagradas ao lado dos mais desfavorecidos e excluídos. Por outro lado, isto desafia as nossas comunidades urbanas, que deveriam cultivar com inteligência e generosidade, especialmente nas periferias, várias formas de proximidade e recepção às famílias e jovens que chegam ao território.


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