quarta-feira, 14 de agosto de 2019

14 de agosto - Santo Antonio Primaldo e seus 800 companheiros

“Hoje a Igreja propõe à nossa veneração uma plêiade de mártires, que em 1480 foram chamados juntos ao testemunho supremo do Evangelho. Cerca de oitocentas pessoas, que sobreviveram ao cerco e à invasão de Otranto, foram decapitadas nos arredores daquela cidade. Rejeitaram negar a própria fé e morreram confessando Cristo ressuscitado.
 Onde encontraram a força para permanecer fiéis? Precisamente na fé, que nos leva a ver além dos limites do nosso olhar humano, além dos confins da vida terrena, que nos faz contemplar os céus abertos — como diz santo Estêvão — e o Cristo vivo à direita do Pai.
Queridos amigos, conservemos a fé que recebemos e que constitui o nosso tesouro verdadeiro; renovemos a nossa fidelidade ao Senhor, até no meio dos obstáculos e das incompreensões; Deus nunca nos fará faltar força e serenidade. Enquanto veneramos os Mártires de Otranto, peçamos a Deus que ajude os numerosos cristãos que, precisamente nesta época e em muitas regiões do mundo, ainda hoje sofrem violências, e lhes dê a coragem da fidelidade e de responder ao mal com o bem."

Trecho da homilia do Papa Francisco no dia 09 de maio de 2013 na Praça de São Pedro durante a Missa de canonização do Beato Antonio Primaldo e seus 800 companheiros, martirizados pelos muçulmanos do Império Turco durante sua incursão na pequena cidade italiana de Otranto, na Apulia, em 29 de julho de 1480.

Antonio Primaldo é o único nome que se transmitiu dos oitocentos desconhecidos pescadores, artesãos, pastores e agricultores de Otranto, cujo sangue foi derramado pelo exército muçulmano só porque eram cristãos.
Nesse dia, às primeiras horas da manhã, desde as muralhas de Otranto se fez visível no horizonte uma frota de 90 galeras, 15 navios e 48 galeotas, com 18 mil soldados a bordo. A armada era guiada pelo paxá Agometh, que estava às ordens de Maomé II, chamado Fatih, o Conquistador, quem em 1453 tinha conquistado Bizâncio e agora queria Roma.
Em junho de 1480 Maomé II tirou o cerco a Rodi, defendida com coragem pelos seus cavalheiros, e dirigiu sua frota na direção do mar Adriático. Otranto era –e é– a cidade mais oriental da Itália. A importância do seu porto fez com que assumisse o papel de ponte entre o oriente e o ocidente.

Cercado, o castelo se converteu no refúgio dos habitantes e era defendido somente por 400 soldados que não demoraram em abandonar a cidade deixando os refugiados sozinhos.
Depois de quinze dias de cerco, ao amanhecer de 12 de agosto, os turcos concentraram o fogo contra um dos pontos mais fracos das muralhas, abriram uma brecha, irromperam nas ruas, massacraram todos os que viram pela frente e chegaram à catedral onde se refugiou boa parte dos habitantes.
Derrubaram a porta e cercaram o Arcebispo Stefano, que estava com os trajes pontificais e com o crucifixo na mão. Ao ser intimado a não falar mais o nome de Cristo, já que desde aquele momento quem mandava era Maomé, o Prelado respondeu exortando os assaltantes à conversão, e por isso foi decapitado.

Entre aqueles heróis houve um de nome Antonio Primaldo, alfaiate de profissão, de idade avançada, quem, em nome de todos, afirmou: "Todos acreditam em Jesus Cristo, Filho de Deus, e estamos dispostos a morrer mil vezes por Ele". Agometh decreta a condenação à morte de todos os 800 prisioneiros.

Na manhã seguinte estes foram conduzidos com cordas no pescoço e com as mãos amarradas para trás até colina da Minerva, poucas centenas de metros fora da cidade. Repetiram todos a profissão de fé e a generosa resposta dada antes; por isso o tirano ordenou que começasse a decapitação e, que primeiro cortassem a cabeça do velho Primaldo.

Ele era motivo de ódio para os muçulmanos porque não deixava de se fazer de apóstolo entre os seus, mais ainda, antes de inclinar a cabeça sobre a rocha, afirmava a seus companheiros que via o céu aberto e os anjos animando; que se mantivessem fortes na fé e que olhassem o céu já aberto para recebê-los.

Ele se inclinou, sua cabeça foi cortada, mas o corpo ficou de pé: e apesar dos esforços dos assassinos, permaneceu erguido imóvel, até que todos fossem decapitados.

Este fato teria sido uma lição para a salvação dos muçulmanos. Um só verdugo de nome Berlabei, valorosamente acreditou no milagre e, declarando-se em alta voz cristão, foi também martirizado.

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