Temos necessidade não
só do pão material, mas precisamos de amor, de significado e de esperança, de
um fundamento seguro, de um terreno sólido que nos ajude a viver com um sentido
autêntico também na crise, nas obscuridades, nas dificuldades e nos problemas
quotidianos.
A fé oferece-nos
precisamente isto: é um entregar-se confiante a um “Tu”, que é Deus, o qual me
confere uma certeza diversa, mas não menos sólida do que aquela que me deriva
do cálculo exato ou da ciência.
A fé não é simples
assentimento intelectual do homem a verdades particulares sobre Deus; é um
gesto mediante o qual me confio livremente a um Deus que é Pai e que me ama; é
adesão a um “Tu” que me dá esperança e confiança.
Sem dúvida, esta
adesão a Deus não está isenta de conteúdos: com ela estamos conscientes de que
o próprio Deus nos é indicado em Cristo, mostrou o seu rosto e fez-se realmente
próximo de cada um de nós. Aliás, Deus revelou que o seu amor pelo homem, por
cada um de nós, é incomensurável: na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que
se fez homem, mostra-nos do modo mais luminoso até que ponto chega este amor,
até ao dom de si mesmo, até ao sacrifício total. Com o mistério da Morte e
Ressurreição de Cristo, Deus desce até ao fundo na nossa humanidade, para a restituir,
para a elevar à sua altura.
A fé é crer neste
amor de Deus que não diminui diante da maldade do homem, perante o mal e a
morte, mas é capaz de transformar todas as formas de escravidão, oferecendo a
possibilidade da salvação. Então, ter fé é encontrar este “Tu”, Deus, que me
sustém e me faz a promessa de um amor indestrutível, que não só aspira à
eternidade, mas também a concede; é confiar-me a Deus com a atitude da criança,
a qual sabe bem que todas as suas dificuldades, todos os seus problemas estão
salvaguardados no “tu” da mãe.
E esta possibilidade
de salvação através da fé é um dom que Deus oferece a todos os homens. Penso
que deveríamos meditar mais frequentemente — na nossa vida quotidiana,
caracterizada por problemas e situações por vezes dramáticas — sobre o fato de
que crer cristãmente significa este abandonar-se com confiança ao sentido
profundo que me sustém, a mim e ao mundo, àquele sentido que não somos capazes
de nos darmos a nós mesmos, mas só de receber como dádiva, e que é o fundamento
sobre o qual podemos viver sem temor.
Temos que ser capazes
de anunciar com a palavra e de mostrar com a nossa vida cristã esta certeza
libertadora e tranquilizadora da fé.
Papa
Bento XVI – 24 de outubro de 2012
Hoje celebramos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário