sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

15 de fevereiro - Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” Mc 7,34


A palavra "Efatá", constitui um paradigma de como o Senhor age em relação às pessoas surdas. Jesus afasta-se com um homem surdo-mudo e, depois de ter realizado alguns gestos simbólicos, levanta os olhos ao Céu e diz-lhe: "Efatá!", isto é: "Abre-te". Naquele momento, seus ouvidos se abriram e sua língua se soltou, começando a falar corretamente.

Os gestos de Jesus são plenos de atenção amorosa e exprimem profunda compaixão pelo homem que está diante dele: manifesta-lhe o seu interesse concreto, tira-o da confusão da multidão, faz-lhe sentir a sua proximidade e compreensão mediante alguns gestos densos de significado. Coloca-lhe os dedos nos ouvidos e com a saliva toca-lhe a língua. Convida-o depois a dirigir com Ele o olhar interior, o do coração, para o Pai celeste. Por fim, cura-o e restitui-o à sua família, ao seu povo. E a multidão, admirada, exclama: "Tudo fez admiravelmente. Fez ouvir os surdos e falar os mudos!"

Com o seu modo de agir, que revela o amor de Deus Pai, Jesus não cura só a surdez física, mas indica que existe outra forma de surdez da qual a humanidade se deve curar, aliás da qual deve ser salva: é a surdez do espírito, que levanta barreiras cada vez mais altas à voz de Deus e do próximo, sobretudo ao grito de ajuda dos últimos e dos que sofrem, e fecha o homem num egoísmo profundo e arruinador. Podemos ver neste "sinal" o desejo ardente de Jesus de vencer no homem a solidão e a incomunicabilidade criadas pelo egoísmo, para dar rosto a uma "nova humanidade", a humanidade da escuta e da palavra, do diálogo, da comunicação, da comunhão com Deus. Uma humanidade "boa", como boa é toda a criação de Deus; uma humanidade sem discriminações, sem exclusões... de modo que o mundo seja deveras e para todos "campo de fraternidade genuína".

Papa Bento XVI – 20 de novembro de 2009

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