O Evangelho deste
domingo contém uma das palavras mais típicas e fortes da pregação de Jesus:
"Amai os vossos inimigos". Jesus pronunciou-o na Galileia, no início
da sua vida pública: quase uma "declaração" apresentada a todos, com
a qual Ele pede a adesão dos seus discípulos, propondo-lhes em termos radicais
o seu modelo de vida. Mas qual é o sentido desta sua palavra? Por que Jesus
pede para amar os próprios inimigos, isto é, um amor que excede as capacidades
humanas?
Na realidade, a
proposta de Cristo é realista, pois considera que no mundo existe demasiada
violência, demasiada injustiça, e portanto, não se pode superar esta situação
exceto se lhe contrapuser um algo mais de amor, um algo mais de bondade. Este
"algo mais" vem de Deus: é a sua misericórdia, que se fez carne em
Jesus e que sozinha pode "inclinar" o mundo do mal para o bem, a
partir daquele pequeno e decisivo "mundo" que é o coração do homem.
Exatamente esta
página evangélica é considerada a magna carta da não-violência cristã, que não
consiste em entregar-se ao mal segundo uma falsa interpretação do
"oferecer a outra face" mas em responder ao mal com o bem, quebrando
dessa forma a corrente da injustiça. Então, compreende-se que a não-violência
para os cristãos não é um mero comportamento táctico, mas um modo de ser da
pessoa, uma atitude de quem está tão convicto do amor de Deus e do seu poder,
que não tem medo de enfrentar o mal somente com as armas do amor e da verdade.
O amor ao inimigo
constitui o núcleo da "revolução cristã", uma revolução baseada não
em estratégias de poder económico, político ou mediático. A revolução do amor,
um amor que definitivamente não se apoia nos recursos humanos, mas é dom de
Deus que se obtém confiando unicamente e sem reservas na sua bondade
misericordiosa. Eis a novidade do Evangelho, que muda o mundo sem fazer rumor.
Eis o heroísmo dos "pequenos", que creem no amor de Deus e o difundem
até à custa da vida.
Papa
Bento XVI – 18 de fevereiro de 2007
Hoje celebramos:
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