O episódio da
transfiguração de Cristo é confirmado de modo concorde pelos Evangelistas
Mateus, Marcos e Lucas. Os elementos essenciais são dois: antes de tudo, Jesus
sobe com os discípulos Pedro, Tiago e João a um monte alto e lá foi
transfigurado diante deles, o seu rosto e as suas vestes irradiaram uma luz
resplandecente, enquanto ao lado d’Ele apareceram Moisés e Elias; em segundo
lugar, uma nuvem envolveu o cimo do monte e dela ouviu-se uma voz que dizia: Este
é o Meu Filho muito amado, ouvi-o! Portanto, a luz e a voz: a luz divina que
resplandece no rosto de Jesus, e a voz do Pai celeste que testemunha por Ele e
dá a ordem de O ouvir.
O mistério da
transfiguração não deve ser separado do contexto do caminho que Jesus está a
percorrer. Ele já se orientou decididamente para o cumprimento da sua missão,
sabendo bem que, para alcançar a ressurreição, deverá passar sempre através da
paixão e da morte de cruz. Disto falou abertamente aos discípulos, os quais
contudo não compreenderam, aliás, recusaram esta perspectiva, porque não pensam
segundo Deus, mas segundo os homens. Por isso, Jesus leva consigo três deles ao
monte e revela a sua glória divina, esplendor de Verdade e de Amor. Jesus quer
que esta luz possa iluminar os seus corações quando atravessarem a escuridão
espessa da sua paixão e morte, quando o escândalo da cruz for para eles
insuportável. Deus é luz, e Jesus deseja doar aos seus amigos mais íntimos a
experiência desta luz, que habita n’Ele. Assim, depois deste acontecimento,
será neles luz interior, capaz de os proteger dos assaltos das trevas. Também
na noite mais escura, Jesus é a lâmpada que nunca se apaga. Santo Agostinho
resume este mistério com uma expressão lindíssima; diz: “Aquilo que o sol que
vemos é para os olhos do corpo, o mesmo é [Cristo] para os olhos do coração”.
Amados irmãos e
irmãs, todos nós precisamos de luz interior para superar as provas da vida.
Esta luz vem de Deus, e é Cristo quem a concede, Ele, no qual habita a plenitude
da divindade. Subamos com Jesus ao monte da oração e, contemplando o seu rosto
cheio de amor e de verdade, deixemo-nos colmar interiormente pela sua luz.
Papa
Bento XVI – 04 de março de 2012
Hoje celebramos:
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