A palavra
"Efatá", constitui um paradigma de como o Senhor age em relação às
pessoas surdas. Jesus afasta-se com um homem surdo-mudo e, depois de ter
realizado alguns gestos simbólicos, levanta os olhos ao Céu e diz-lhe:
"Efatá!", isto é: "Abre-te". Naquele momento, seus ouvidos
se abriram e sua língua se soltou, começando a falar corretamente.
Os gestos de Jesus
são plenos de atenção amorosa e exprimem profunda compaixão pelo homem que está
diante dele: manifesta-lhe o seu interesse concreto, tira-o da confusão da
multidão, faz-lhe sentir a sua proximidade e compreensão mediante alguns gestos
densos de significado. Coloca-lhe os dedos nos ouvidos e com a saliva toca-lhe
a língua. Convida-o depois a dirigir com Ele o olhar interior, o do coração,
para o Pai celeste. Por fim, cura-o e restitui-o à sua família, ao seu povo. E
a multidão, admirada, exclama: "Tudo fez admiravelmente. Fez ouvir os
surdos e falar os mudos!"
Com o seu modo de
agir, que revela o amor de Deus Pai, Jesus não cura só a surdez física, mas
indica que existe outra forma de surdez da qual a humanidade se deve curar,
aliás da qual deve ser salva: é a surdez do espírito, que levanta barreiras
cada vez mais altas à voz de Deus e do próximo, sobretudo ao grito de ajuda dos
últimos e dos que sofrem, e fecha o homem num egoísmo profundo e arruinador. Podemos
ver neste "sinal" o desejo ardente de Jesus de vencer no homem a
solidão e a incomunicabilidade criadas pelo egoísmo, para dar rosto a uma
"nova humanidade", a humanidade da escuta e da palavra, do diálogo,
da comunicação, da comunhão com Deus. Uma humanidade "boa", como boa
é toda a criação de Deus; uma humanidade sem discriminações, sem exclusões...
de modo que o mundo seja deveras e para todos "campo de fraternidade
genuína".
Papa
Bento XVI – 20 de novembro de 2009
Hoje celebramos:
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