Uma santa que
passou por todos os estados de vida:
casada até os 33 anos, teve nove filhos e vários netos, após ficar viúva,
aos 47 anos fundou a Comunidade das Irmãs Carmelitas da Caridade, e ao morrer,
aos 61 anos, havia fundado mosteiros, escolas e hospitais em várias partes da
Espanha.
Joaquina de Vedruna nasceu em
Barcelona, na Espanha, no dia 16 de abril de 1783, quinta de oito irmãos. Seu
pai era rico e alto funcionário do governo. Sua família era muito católica.
A menina desde
muito pequena tinha grande devoção ao Menino Jesus e as benditas almas do
Purgatório.
Algo que a
caracterizou desde seus primeiros anos foi um grande amor pela limpeza. Não
tolerava qualquer mancha de sujeira em sua roupa. E isso fez com que não tolerasse
tampouco, as manchas do pecado em sua alma.
Aos doze anos
sentiu um grande desejo de ser freira carmelita. Mas as freiras não a aceitaram
porque lhes parecia muito jovem ainda para decidir-se pela vocação religiosa.
Aos 26 anos casa-se
com um rico advogado, Don Teodoro de Mas, um amigo de seu pai e um funcionário
público como ele. Teodoro estimava muito as três filhas de Don Lorenzo e para
decidir-se por uma delas lhes levou um pacotinho de guloseimas como presente.
As duas primeiras o rejeitaram como um presente demasiado infantil, mas
Joaquina o aceitou com alegria exclamando: "Eu amo amêndoas". Este
gesto de humildade fez com que o jovem decidisse escolhê-la como esposa.
No começo do
casamento, por vezes, sentia graves escrúpulos por não ter seguido a vocação
religiosa que de criança tanto lhe chamava a atenção, mas seu esposo a
confortava dizendo que na vida doméstica se pode chegar a tão alta santidade
como em um convento e com suas boas obras de piedade iria substituindo aquelas
que teria feito na vida religiosa. Isso a tranquilizou. Viveu 16 anos com seu
esposo, e Deus a presenteou com nove filhos. E como recompensa por seus
sacrifícios quatro de suas filhas se tornaram freiras, e várias de suas
netas também.
Quando Napoleão
invadiu a Espanha, o esposo de Joaquina partiu para o exército para defender a
pátria e participou bravamente de cinco batalhas contra os invasores. Joaquina
e seus filhos tiveram que deixar a cidade de Barcelona e fugir para a pequena
cidade de Vich.
Quando Joaquina e
seus filhos fugiam pela planície, de repente apareceu uma misteriosa Senhora e
a trouxe até Vich para casa de uma família muito boa, que os recebeu com grande
carinho. Em seguida, a Senhora desapareceu e ninguém pôde dar razão para isso.
Joaquina sempre acreditou que havia sido a Santíssima Virgem que veio para
ajudá-la.
Um dia, enquanto
estava rodeada por sua família, ela pensou ter ouvido uma voz dizendo:
"Logo você vai ser viúva". Ela se preparou para aceitar a vontade de
Deus, e dois meses depois, em 03 de março de 1816, seu esposo, embora estivesse
bem de saúde e tivesse apenas 42 anos, morreu inesperadamente. Joaquina ficou
viúva aos 33 anos e encarregada das seis crianças que havia sobrevivido.
A partir daquele
dia deixou todas as suas roupas de senhora rica. E se dedicou completamente a
ajudar os pobres e assistir os doentes nos hospitais. No começo, as pessoas
pensaram que ela havia enlouquecido por causa da tristeza pela morte de seu
esposo, mas logo perceberam que ela estava se tornando uma grande santa. E
admiravam a sua generosidade para com os necessitados. Ela vivia como as
pessoas mais pobres, mas todas as suas energias eram para ajudar aqueles que
sofriam miséria ou doença.
Por 10 anos
dedicou-se a penitências, muitas orações e contínuas obras de caridade, pedindo
a Deus para iluminá-la sobre o que mais lhe convinha fazer para o futuro.
Quatro de suas filhas se tornaram freiras e os outros filhos se casaram, e
finalmente ela estava livre de toda responsabilidade doméstica. Agora iria
realizar seu grande desejo de quando era uma criança: ser religiosa.
Providencialmente
se encontrou com um padre muito santo, o Padre Esteban Olot, capuchinho, que
lhe disse que Deus a tinha destinado a fundar uma comunidade religiosa dedicada
à vida ativa de apostolado. O sábio Padre Esteban escreve as constituições da nova
comunidade e, aos 26 de fevereiro de 1826, diante do Bispo de Vich, que a apoia
plenamente, começa, com oito jovenzinhas, sua nova comunidade, à qual coloca o
nome de "Hermanas Carmelitas de la Caridad de Vedruna", em sua casa.
Logo, as irmãs se
tornam treze e mais tarde cem. Sua comunidade, como a sementinha de mostarda,
começa sendo muito pequena e se torna uma grande árvore cheia de bons frutos.
Ela vai fundando casas de religiosas por toda província.
Santa Joaquina teve
a sorte de se encontrar também com o grande missionário, bispo e fundador Santo
Antônio Maria Claret, cujos conselhos lhe foram de grande proveito para o
progresso de sua nova congregação.
Depois veio a
guerra civil e nossa santa, perseguida pelos esquerdistas, fugiu para a França,
onde esteve desterrada por três anos. Lá recebeu a assistência bem oportuna de
um jovem misterioso, que ela sempre acreditou se tratasse de São Miguel
Arcanjo, e Deus a encaminhou nesta terra para uma família espanhola que a
tratava com amor verdadeiro.
Voltando à Espanha,
talvez como fruto dos sofrimentos padecidos e das tantas orações, começou a
crescer admiravelmente sua comunidade e as casas se foram multiplicando como
verdadeira bênção de Deus.
Em 1850, começou a
sentir os primeiros sintomas da paralisia que a imobilizaria completamente.
Aconselhada pelo Vigário Episcopal renunciou a todos os seus encargos e se
dedicou a viver humildemente como uma religiosa sem posto algum. Apesar de conservar
totalmente suas qualidades mentais, deixou que outras pessoas dirigissem a
congregação. Deus lhe suscitou um novo e santo diretor para sua comunidade, o
Padre Bernardo Sala, beneditino, que se propôs a dirigir às religiosas no
espírito da santa fundadora.
Durante quatro
anos, a paralisia foi se espalhando e a foi imobilizando por completo, até lhe
tirar também a fala. Então veio uma epidemia de cólera, que lhe tirou a vida e,
no dia 28 agosto de 1854, passou santamente à eternidade.
Antes havia tido a
graça de ver aprovada sua comunidade religiosa pela Santa Igreja, em 1850. E
desde então foi ajudando de maneira prodigiosa a suas religiosas que se
espalharam por muitos países.
A Comunidade de
Carmelitas da Caridade tem agora 290 casas em 25 países de 4 continentes.
Beatificada pelo
Papa Pio XII, em 19 de maio de 1940, foi declarada santa pelo Papa João XXIII
em 12 de abril de 1959, que disse dela: "Mãe de nove filhos, converteu-se
na mãe de numerosos pobres".
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