sábado, 18 de agosto de 2018

18 de agosto - Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim. Mt 19,14


Desde o início, numerosas crianças são rejeitadas, abandonadas e subtraídas à sua infância e ao seu futuro. Alguns ousam dizer, como que para se justificar, que foi um erro tê-las feito vir ao mundo. Isto é vergonhoso! Por favor, não descarreguemos as nossas culpas sobre as crianças! Elas nunca são um erro. A sua fome não é um erro, como não o é a sua pobreza, a sua fragilidade, o seu abandono — muitas crianças abandonadas pelas ruas; e não o é nem sequer a sua ignorância, ou a sua incapacidade — numerosas crianças que não sabem o que é uma escola. Eventualmente, estes são motivos para as amar mais, com maior generosidade. Que fazemos das solenes declarações dos direitos do homem e dos direitos da criança, se depois punimos as crianças pelos erros dos adultos?

Quantos têm a tarefa de governar e educar, mas diria todos nós adultos, somos responsáveis pelas crianças e por fazer cada qual o que pode para mudar esta situação. Refiro-me à paixão das crianças. Cada criança marginalizada, abandonada, que vive pelas ruas a pedir esmola com todos os tipos de expedientes, sem ir à escola, sem cuidados médicos, é um clamor que sobe até Deus e acusa o sistema que nós, adultos, construímos.
E infelizmente estas crianças são presas dos criminosos, que as exploram para tráficos ou comércios indignos, ou que as treinam para a guerra e a violência. Mas também nos países chamados ricos muitas crianças vivem dramas que as marcam de maneira pesada, por causa da crise da família, dos vazios educativos e de condições de vida por vezes desumanas. Contudo, são infâncias violadas no corpo e na alma. Mas nenhuma destas crianças é esquecida pelo Pai que está nos céus! Nenhuma das suas lágrimas deve ser perdida! Como não se pode extraviar a nossa responsabilidade, a responsabilidade social das pessoas, de cada um de nós e dos países.

Certa vez, Jesus repreendeu os seus discípulos porque afastavam as crianças que os pais lhe traziam para ser abençoadas. A narração evangélica é comovedora: Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Os discípulos, porém, afastavam-nas. Disse-lhes então Jesus: “Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhe assemelham!”. E, depois de lhes impor as mãos, continuou pelo seu caminho.
Como são bonitas esta confiança dos pais e a resposta de Jesus! Como gostaria que esta página se tornasse a história normal de todas as crianças! É verdade que, graças a Deus, as crianças com graves dificuldades têm muitas vezes pais extraordinários, prontos a qualquer sacrifício e generosidade! Mas estes pais não deveriam ser abandonados a si mesmos! Deveríamos acompanhá-los nas suas canseiras, mas também oferecer-lhes momentos de alegria compartilhada e de júbilo descontraído, para que não se ocupem unicamente da rotina terapêutica.

Papa Francisco – 08 de abril de 2015

Hoje Celebramos:

Nenhum comentário:

Postar um comentário