Como devo corrigir
outro cristão, quando ele faz algo que não é bom? Jesus ensina-nos que se o meu
irmão cristão comete uma culpa contra mim, quando me ofende, eu devo ter
caridade para com ele e, antes de tudo, falar-lhe pessoalmente, explicando-lhe
que quanto ele disse ou fez não é bom. E se o irmão não me ouve? Jesus sugere
uma intervenção progressiva: primeiro, volta a falar-lhe, com mais duas ou três
pessoas, para que esteja mais consciente do erro cometido; se, não obstante
isto, ele não aceitar a exortação, é necessário dizê-lo à comunidade; e se ele
não ouvir nem sequer a comunidade, é preciso levá-lo a compreender a ruptura e
a separação que ele mesmo provocou, faltando à comunhão com os irmãos na fé.
As etapas deste
itinerário indicam o esforço que o Senhor pede à sua comunidade para acompanhar
quem erra, a fim de que não se perca. Antes de tudo, é necessário evitar o
clamor da crônica e a bisbilhotice da comunidade — esta é a primeira coisa que
devemos evitar. Vai e repreende-o, somente entre ti e ele. A atitude é de
delicadeza, prudência, humildade e atenção àquele que cometeu uma culpa,
evitando que as palavras possam ferir e até matar o irmão. Pois vós sabeis que
até as palavras matam! Quando falo mal de alguém, quando faço uma crítica
injusta, quando esfolo um irmão com a minha língua, isto significa matar a sua
reputação. Até as palavras matam!
Prestemos atenção a
isto. Ao mesmo tempo, esta discrição de lhe falar a sós tem a finalidade de não
mortificar inutilmente o pecador. Quando se fala a sós com ele, ninguém se dá
conta e tudo acaba. É à luz desta exigência que se compreende também a série sucessiva
de intervenções, que prevê a participação de algumas testemunhas e depois até a
própria comunidade. A finalidade é ajudar a pessoa a dar-se conta daquilo que
cometeu, e que com a sua culpa ofendeu não apenas um indivíduo, mas todos. Mas
também tem a finalidade de nos ajudar a libertar-nos da ira ou do rancor, que
só fazem mal: aquela amargura do coração que alberga a ira e o rancor, e que
nos leva a insultar e a agredir. É muito feio ver sair da boca de um cristão um
insulto ou uma agressão. É feio! Compreendestes? Nenhum insulto! Insultar não é
cristão. Entendestes? Insultar não é cristão.
Na realidade,
diante de Deus somos todos pecadores e necessitados de perdão. Todos. Com
efeito, Jesus disse-nos que não devemos julgar. A correção fraterna é um
aspecto do amor e da comunhão que devem reinar no seio da comunidade cristã, é
um serviço recíproco que podemos e devemos oferecer uns aos outros. Corrigir os
irmãos é um serviço, e só será possível e eficaz se cada um se reconhecer
pecador e necessitado do perdão do Senhor. A própria consciência, que me leva a
reconhecer o erro cometido por outrem, recorda-me primeiro que eu mesmo errei e
erro muitas vezes.
Papa
Francisco – 07 de setembro de 2014
Hoje celebramos:
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