Esta palavra do
Senhor surpreende-nos e faz-nos refletir. Ela introduz na dinâmica da fé,
que é uma relação: a relação entre a pessoa humana — todos nós — e a
Pessoa de Jesus, onde um papel decisivo é desempenhado pelo Pai, e naturalmente
também pelo Espírito Santo — que aqui está subentendido.
Não basta encontrar
Jesus para acreditar n’Ele, não basta ler a Bíblia, o Evangelho — isto é
importante, mas não basta — nem é suficiente assistir a um milagre, como a
multiplicação dos pães. Muitas pessoas estiveram em estreito contato com Jesus
e não acreditaram n’Ele, pelo contrário, desprezaram-no e condenaram-no.
E eu pergunto-me:
por que isso? Não foram atraídas pelo Pai? Não, isso aconteceu porque os seus
corações estavam fechados à ação do Espírito de Deus. E se tiveres o coração
fechado, a fé não entrará. Deus Pai sempre nos atrai a Jesus: somos nós que
abrimos ou fechamos o nosso coração. Ao contrário, a fé, que é como uma
semente no profundo do coração, desabrocha quando nos deixamos
atrair pelo Pai rumo a Jesus, e vamos ter com Ele de coração aberto, sem
preconceitos; então reconhecemos no seu rosto a Face de Deus e nas suas
palavras a Palavra de Deus, porque o Espírito Santo nos fez entrar na relação
de amor e de vida que existe entre Jesus e Deus Pai. E ali nós recebemos o dom,
o presente da fé.
Então, com esta
atitude de fé, podemos compreender também o sentido do Pão da vida que Jesus nos doa, e que Ele exprime assim: Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem
comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei-de dar, é a minha carne
para a salvação do mundo (Jo 6, 51).
Em Jesus, na sua
carne — ou seja, na sua humanidade concreta — está presente todo o amor de
Deus, que é o Espírito Santo. Quem se deixa atrair por este amor caminha rumo a
Jesus, vai com fé e d’Ele recebe a vida, a vida eterna.
Quem viveu essa
experiência de forma exemplar foi a Virgem de Nazaré, Maria: a primeira pessoa
humana que acreditou em Deus acolhendo a carne de Jesus. Aprendamos d’Ela,
nossa Mãe, a alegria e a gratidão pelo dom da fé. Um dom que não é privado, um
dom que não é propriedade particular mas é um dom a ser partilhado: um dom para
a vida do mundo!
Papa Francisco – 09
de agosto de 2015
Hoje
celebramos:
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