A comunidade da escola
de Cullerà (Valença) e da Casa de Misericórdia daquela cidade estava preparada
há tempo para a eventualidade do martírio. Madre Elvira da Natividade de Nossa
Senhora, a superiora e as outras irmãs eram religiosas de grande estatura
espiritual.
As nove Carmelitas
da Caridade foram levadas da casa-escola da Imaculada Conceição da cidadezinha
marítima de Cullerà, onde residiam, no dia 15 de agosto de 1936, e conduzidas
como prisioneiras. Três dias depois, no amanhecer do dia 19 de agosto de 1936,
foram fuziladas pelos membros do revolucionários comunistas, nas proximidades
da salina.
Madre Elvira da Natividade de Nossa Senhora
(Elvira Torrentallé Paraire), superiora da comunidade, nasceu em Balsareny
Paraire Torrentallé (Barcelona) em 19 de junho de 1889. Em 1906 entrou no
noviciado de Vic (Barcelona) em 1908 foi designada para a casa de Cullerà, onde
ela fez sua profissão perpétua e foi designada para a Escola Sagrado Coração em
Valença. Em janeiro de 1933 retornou ao seu primeiro destino, Cullerà, mas
desta vez como Superiora da comunidade. Piedosa, modesta e dedicada, um de seus
grandes amores era a Eucaristia.
Em 1936, apesar das
pressões da família para ir com eles, ela não deixou a comunidade. No caminho
ao local do martírio encorajava as outras irmãs. Escolheu morrer por último;
cantando o popular hino eucarístico Cantemos ao Amor dos amores, que
entoou até o último suspiro, faleceu nas primeiras horas de 19 de agosto de
1936. A característica fundamental da sua espiritualidade era uma caridade sem
limites, o amor de Deus se manifesta no amor aos irmãos.
Madre Elvira e suas
oito companheiras foram beatificadas, juntamente com outros 232 mártires, pelo
Papa João Paulo II em 11 de março de 2001. Suas companheiras são:
Maria de Nossa Senhora da Providência
(Milagre Calaf)
Nasceu em Bonastre
(Tarragona) em 18 de dezembro de 1871. Muito boa de caráter, possuía a têmpera
dos fortes. Quando seu irmão foi procurá-la para pô-la a salvo junto à família,
disse: “O que acontecer com uma,
acontecerá com todas nós”.
Francisca de Santa Teresa (Amezúa Ibaibarriaga)
Nasceu em Abadiano
(Biscaia) em 9 de março de 1881. Uma verdadeira basca, de família solidamente
cristã, herdou uma fé pura e forte. De caráter afável e alegre, repetia: “A minha cozinha é um pedacinho do Céu,
muito melhor que todos os palácios do mundo”. Acompanhou todos os momentos
até o martírio com um espírito de alegria sobrenatural que causou a admiração
de todos. Indo para o local do martírio repetia com fervor: “Sagrado Coração de Jesus! Nove mártires!”
Maria do Santíssimo Sacramento
(Giner Amparo Lister)
Nascida em Grão
Valença em 13 de dezembro de 1877. Ativa, entusiasta, trabalhadeira, dava tudo
de si no serviço dos outros. Entrou no noviciado de Vic em 2 de julho de 1902.
Reconhecendo um de seus assassinos, lhe disse com serenidade: “Tu me dás a melhor coisa, me dás o Céu!”
Teresa da Mãe do Divino Pastor
(Chambò y Pallets)
Natural de Valença,
onde nasceu em 5 de fevereiro de 1881. Entrou no noviciado de Vic em 1900.
Depois de ter feito os primeiros votos religiosos foi destinada a Manresa,
depois a Denia e Oliva. Sempre modesta e silenciosa, sentia uma grande atração
pelo recolhimento e pela oração. Nos seus restos mortais foi encontrado o anel
da sua profissão religiosa, símbolo de sua fidelidade eterna ao seu esposo
Jesus Cristo.
Ágata de Nossa Senhora das Virtudes
(Hernandez Amorós)
Original de Villena
(Alicante), onde nascera no dia 5 de janeiro de 1893, entrou no noviciado de
Vic em 1918. Cozinheira das alunas, era atenciosa e serviçal com todos. Quando
a fúria da perseguição estourou sua família lhe ofereceu um refúgio seguro, mas
ela não quis deixar a casa religiosa.
Maria das Dores de São Francisco Xavier
(Vidal Cervera)
Nasceu no dia 31 de
janeiro de 1895 em Valença del Cid. Tornando-se religiosa entre as Carmelitas
da Caridade, seu primeiro local de trabalho foi Zaragoza. As alunas mais velhas
percebiam a riqueza de sua espiritualidade e admiravam sua prudência e compreensão,
o que as levava a procurá-la para falar de seus problemas. As próprias alunas
procuraram colocá-la a salvo, mas ela recusou a oferta, porque desejava
compartilhar a sorte da sua comunidade.
Maria das Neves da Santíssima Trindade
(Crespo Lopez)
Nasceu na Ciudad
Rodrigo (Salamanca) em 17 de setembro de 1897, mas se transferiu depois com a
família para Valença. Entrou no instituto religioso em 1922. Na educação das
alunas do colégio de Cullerà se distinguia como excelente pedagoga. Entrava na
vida das alunas com suavidade e eficácia. Enérgica e firme, respondeu a um
miliciano que jamais se separaria da comunidade.
Rosa de Nossa Senhora do Bom Conselho
(Pedret Rull)
Originária de
Falset (Tarragona), onde nascera em 5 de dezembro de 1864, entrou no instituto
em 1886. Fez a profissão perpétua em 1881. Após o término da formação foi
enviada a Cullerà, onde permaneceu por toda sua vida religiosa. Era a mais
velha da comunidade. O responsável pelo comitê de fuzilamento, vendo-a tão
idosa e doce, convidou-a a ir embora, mas ela respondeu: “Não, irei aonde for a superiora, ainda que
seja para a morte!”. Sua bondade e sua simplicidade eram proverbiais. Ela
conhecia todo mundo em Cullerà e se interessava por cada pessoa. Mostrava-se
sempre silenciosa e recolhida, totalmente unida a Nosso Senhor Jesus Cristo.
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