Como se reconhece o
cristão? Da sua atitude. Em primeiro lugar, recordando que Jesus ensina como
quem tem autoridade, proponho um ensinamento para todos: As pessoas sabem
discernir bem quando um sacerdote, um bispo, um catequista, um cristão tem a
coerência que lhe confere autoridade. O próprio Jesus admoesta os discípulos, o
povo, todos: “Estai atentos aos falsos profetas”. A palavra certa — embora seja
um neologismo — deveria ser: “pseudoprofetas”, que se parecem com ovelhas boas,
mas são lobos vorazes.
Existem três
palavras-chave para entender isto: falar, fazer, ouvir.
Começa-se pelo
falar. Jesus diz: Nem todos aqueles que dizem: “Senhor, Senhor”, entrarão no
reino dos Céus. Por que esta oposição? Porque estes falam e
agem, mas falta-lhes uma atitude que é essencial, o fundamento do falar e do
agir: o ouvir.
Jesus diz ainda: Quem
ouve estas minhas palavras e as põe em prática... Portanto, o binômio
falar-agir não é suficiente, mas até pode enganar. O binômio certo é outro:
ouvir e agir, pôr em prática. Jesus diz-nos: Quem ouve estas minhas palavras e
as põe em prática é como um homem sábio que construiu a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, sopraram os ventos mas a casa ficou firme, porque foi construída
sobre a rocha. Mas quem ouve as palavras e não as faz suas, não as põe em
prática, é como aquele que edifica a casa sobre a areia.
Eis a chave para reconhecer
os falsos profetas: Podereis conhecê-los pelos seus frutos, ou seja, pela sua
atitude: falam muito e realizam milagres, mas não têm o coração aberto para
ouvir a palavra de Deus, têm medo do silêncio da palavra de Deus, são
pseudocristãos, pseudopastores, que fazem coisas boas, mas falta-lhes a rocha.
A prece da coleta
do dia diz: Tu nunca abandonas quem confia na rocha do teu amor. Mas a estes pseudocristãos,
falta a rocha do amor de Deus, da palavra de Deus. E, sem esta rocha não podem
profetizar, nem construir, porque no final tudo desaba. Trata-se de pastores ou
fiéis cristãos mundanos, que falam demasiado — talvez temam o silêncio — e agem
demais. São incapazes de agir a partir da escuta; partem de si mesmos, não de
Deus.
Assim, quem só fala
e age não é verdadeiro profeta, nem cristão autêntico, porque não está assente
na rocha do amor de Deus, não é “rochoso”. Ao contrário, quem sabe ouvir e
depois agir, com a força da palavra de Outro, não da sua, permanece firme como
a rocha: mesmo sendo humilde e não parecendo importante, é grande.
Papa Francisco - 25 de junho de 2015
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