Jesus no Evangelho mostra
aqueles que se creem justos pela aparência: mostram-se justos, apraz-lhes fazer
isso e sabem fazer precisamente “a cara de santinho”, como se fossem santos.
Mas são hipócritas: “Acautelai-vos primeiramente do fermento dos fariseus, que
é a hipocrisia” lê-se no trecho evangélico de Lucas. Dentro, ele mesmo disse
que está todo sujo, mas fora — explicou Francisco — mostram-se justos, bons:
gostam de passear e mostrar-se muito elegantes, ostentar-se quando rezam e quando
jejuam, quando dão esmola. Mas tudo isto é aparecer, dentro do coração não há
nada, não há substância naquela vida, é uma vida hipócrita: ou seja, como diz a
palavra, por baixo está a verdade e a verdade é nula.
Eis por que é sábio
o conselho de Jesus diante destas pessoas: fazei o que dizem porque dizem a
verdade, mas não o que fazem porque fazem o contrário. Com efeito, estes pintam
a alma, vivem pintados: a santidade para eles é uma pintura. Ao contrário, Jesus
pede que sejamos sempre verdadeiros, mas verdadeiros dentro, no coração: e se
algo sobressai, que sobressaia esta verdade, o que há no coração.
Precisamente por
esta razão Jesus dá aquele conselho: quando tu rezares, vai fazê-lo escondido;
quando jejuares, ali, pinta-te um pouco, para que ninguém veja o pouco valor do
jejum; e quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua
direita, fá-lo escondido. Em síntese, Jesus aconselha exatamente o contrário
daquilo que estas pessoas fazem: mostrar-se. Nelas há a justificação da
aparência: são bolhas de sabão que hoje existem e amanhã já não. Ao contrário, Jesus
pede-nos a coerência de vida, coerência entre o que fazemos e o que vivemos.
Dizer sempre a
verdade a Deus, sempre. E esta verdade diante de Deus é a que abre espaço para
que o Senhor nos perdoe; ao contrário a hipocrisia é o exato oposto. A ponto
que no início estas pessoas sabem que são hipócritas, que dizem uma coisa e não
a fazem: mas com o hábito também elas pensam que são justas.
Por exemplo, pensemos
na oração daquele doutor da lei diante do altar: “Agradeço-te, Senhor, muito
obrigado!” E não acrescenta por me teres perdoado mas diz: porque não sou como
os outros, eu faço tudo o que deve ser feito. E, depois vira a cabeça: “nem
sequer sou como aquele que fez certas coisas...” As pessoas hipócritas acusam
sempre os outros mas não aprenderam a sabedoria de se acusarem a si mesmas.
Convido-os a pedir
ao Senhor, com as palavras do salmo 31, a graça da verdade e de poder dizer com
verdade: “Dei-te a conhecer o meu pecado, sou eu que me acuso, não encobri a
minha culpa”.
Papa Francisco - 20 de outubro de 2017
Hoje celebramos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário