quarta-feira, 6 de junho de 2018

06 de junho - São Norberto

São Norberto nasceu no ano de 1080, em Xanten, Alemanha, da nobre família dos Gennep. Como era destino de todo cadete da nobreza, teria de seguir a carreira militar ou eclesiástica. Escolheu a eclesiástica não por vocação, mas por simples oportunidade. Quando já ordenado subdiácono pôde gozar muitos privilégios na corte do grande príncipe de Colônia e do imperador Henrique V, que o designou à importante sede episcopal. Rico, belo, inteligente, não queria senão levar boa vida, primeiro entre os pajens do Arcebispo de Colônia, depois na corte do Imperador alemão.

Assim passou alegre e superficialmente sua juventude até os 33 anos. “Eu era então um ínclito cidadão de Babilônia — declarará ele depois de convertido – escravo do prazer e prisioneiro dos meus caprichos. Os terrores do inferno, a beleza da virtude e a promessa da felicidade eterna me pareciam contos de velhas, ou fábulas como as das mitologias antigas. Só ouvia os aplausos dos que me rodeavam e que me lançavam por caminhos laboriosos e difíceis, andando sempre sem tornar atrás, vago e fugitivo, despencando-me de cimo em cimo com uma inconsciência que hoje me cumula de terror”.

Como os desígnios de Deus eram outros, durante uma cavalgada no bosque, acompanhado de um pajem, para uma vila chamada Freten, na Westfália, atravessando bela pradaria. O céu, límpido e sereno, de repente cobriu-se de espessas nuvens negras e começou a cair uma tempestade com raios e trovões pavorosos. O pajem, talvez inspirado por uma graça divina, gritou: “Senhor, aonde vais? Retornai, senhor, retornai, pois a mão de Deus está seguramente contra vós”. Mas Norberto seguia em frente, quando ouviu uma voz poderosa que lhe gritou do alto: “Norberto, Norberto, por que me persegues? Eu te destinei a edificar minha Igreja, e tu escandalizas os fiéis!”

Ao mesmo tempo um raio caiu a seus pés, fazendo-o tombar do cavalo ao solo, onde permaneceu desacordado durante uma hora. Voltando a si, ainda assustado e considerando a vida que levara durante tanto tempo, foi tomado de arrependimento e perguntou, como o Apóstolo: “Senhor, que quereis que eu faça?”. Ouviu então a mesma voz: “Deixa o mal e faze o bem; procura a paz e segue-a”. Isso ocorreu em 1114.

Aquele episódio foi o inicio de sua conversão. Desertou dos encontros mundanos e se pôs na escola do abade beneditino de Siegburgo e dos cônegos de Klosterrath passando três anos em penitência e oração. Foi ordenado sacerdote no ano de 1115 pelo arcebispo de Colônia e iniciou sua atividade missionária itinerante.

Despojou-se de tudo, doando aos pobres, ficando apenas com uma mula e dez moedas de prata, deixando em seguida para continuar suas peregrinações a pé e descalço.
Norberto transformou-se então num pregador ambulante, indo de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, fustigando o vício e pregando a virtude. Andava descalço em qualquer estação do ano, mesmo com neve, vivia de esmolas, dormia em hospitais e mosteiros.

Em suas pregações, não poupava nem mesmo os cônegos relaxados e os clérigos mundanos, combatendo a simonia, uma das pragas da época. Sua imponente presença impressionava; e quando contava sua história, comovia. Seu exemplo era mais eficaz que sua palavra. Mas muitas vezes foi vítima de agressões e maus tratos de pecadores empedernidos.

O Bispo de Laon, propôs-lhe que fundasse um mosteiro em suas terras, onde poderia receber discípulos e fundar uma nova Ordem religiosa. Norberto aceitou e escolheu um vale de difícil acesso perto de Soissons, que se chamava Premostratum. Inspirado, ele exclamou: “Este é o lugar de meu descanso e o porto de minha salvação”.
No dia da conversão de São Paulo do ano de 1120, o bispo trocou os trajes de penitente de São Norberto e de seu discípulo Hugo por um hábito branco, conforme a Santíssima Virgem tinha mostrado ao Santo. Começou assim a Ordem dos Premonstratenses, que depois se espalharia por toda a Europa.

Norberto edificou uma ermida, conquistou novos discípulos e deu-lhes o hábito branco e as regras de Santo Agostinho, e um modo de ser que consistia em viver como monges e servir ao próximo como clérigos.
Ele era uma regra viva para seus monges e um modelo das virtudes religiosas. Recomendava-lhes frequentemente três coisas: a pureza de coração e a limpeza exterior no que concernia aos divinos ofícios e ao serviço do altar; a expiação de suas faltas e negligências no capítulo; e a hospitalidade para com os pobres.

São Norberto estabeleceu também em Premontré uma comunidade de jovens e viúvas, para ser o bom odor de Jesus Cristo em sua Igreja.
Sua fama espalhou-se por toda a região. Muitos foram os nobres que lhe deram terras para fundar outros conventos, e não poucos os que o seguiram como religiosos.

Em 1126, Norberto foi aclamado bispo de Magdeburgo e entrou em sua diocese montado num asno. De uma bondade comovedora para com o pecador arrependido, o novo bispo era de uma intransigência sem igual para com os recalcitrantes, usando a excomunhão quando necessário. Foi ameaçado de morte e vítima de atentado, mas protegido pela Providência.

Morreu em Magdeburgo quando retornava de uma missão de paz na Itália no dia 06 de junho de 1134. Foi canonizado no ano de 1582. São Norberto é padroeiro da Boêmia


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