O que é o perdão?
De onde vem ele?
Acusarmo-nos a nós
mesmos é o primeiro passo para o perdão: Acusar-se a si mesmo faz parte da
sabedoria cristã. Certamente não é sabedoria cristã acusar os outros. Ao contrário,
é preciso acusar-se a si mesmo e afirmar: pequei. E quando nos aproximarmos do
sacramento da penitência, é preciso ter isto em mente: Deus é grande e
concedeu-nos muitas graças mas infelizmente eu pequei, ofendi o Senhor e peço
salvação. Mas se vou ao sacramento da confissão, da penitência e começo a falar
dos pecados dos outros, não sei o que procuro: certamente não busco o perdão.
Aliás procuro justificar-me e ninguém se pode justificar a si mesmo, só Deus
nos justifica.
Recordo aquela
anedota histórica de uma senhora que se aproximou do confessionário e começou a
falar da sogra: sobre o comportamento da sogra e como a fazia sofrer. Passados
quinze minutos o confessor disse-lhe: “Senhora, está bem, confessou os pecados
da sua sogra, agora confesse os seus”.
Muitas vezes vamos
pedir perdão ao Senhor justificando-nos, vendo o que de mau fizeram os outros.
Mas a atitude correta é reconhecer que, infelizmente, pequei.
O Senhor
perdoa-nos, sempre e não uma só vez. A nós, diz para perdoar setenta vezes
sete, sempre, porque ele perdoa sempre: “Perdoo-te, contanto que perdoes os
outros”. O perdão de Deus chega até nós com força, contanto que perdoemos os
outros. Mas, isto não é fácil porque o rancor faz um ninho no nosso coração e
permanece aquela amargura. De fato muitas vezes trazemos em nós a lista do que
nos fizeram: fez-me aquilo, fez-me isto. Sem perdoar.
Um confessor disse-me
certa vez que se sentiu em dificuldade quando foi administrar os sacramentos a
uma idosa que estava para morrer. Confessou os seus pecados e até contou
histórias de família. E o sacerdote disse: “Mas a Senhora perdoa estes familiares?”
— “Não, não perdoo”. A mulher, estava apegada ao ódio, o diabo tinha-a
acorrentado àquele ódio. E desta forma aquela idosa — idosa! — que estava para
morrer dizia: “não perdoo”. O confessor procurou falar-lhe de Jesus, que era
bom e ela respondia que sim, era bom e assim falando, falando, disse-lhe: “Mas
a senhora acredita que Jesus é bom?” — “sim, sim”. E o confessor concedeu a
absolvição, mas o ódio escravizava-a.
Perdoo-te, contanto
que perdoes os outros: estas são as duas situações que nos ajudarão a compreender
o caminho do perdão. E depois devemos glorificar Deus: “Sois grande, Senhor,
concedestes-me muitas graças, mas infelizmente pequei. Perdoai-me” — “Sim,
perdoo-te, setenta vezes sete, contanto que perdoes os outros”. Que o Senhor nos
faça entender tudo isto.
Papa Francisco - 06 de março de 2018
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