Os ensinamentos deixados por São Vicente de Paulo são para nós um caminho seguro para chegar a Jesus:
"Não me
basta amar a Deus, se o meu próximo também não o ama."
"Nunca se tem Deus como Pai, se não tem
Maria como Mãe."
"Não sei quem é mais carente: se o pobre que
pede pão ou o rico que pede amor."
"Como ser cristão e ver o seu irmão aflito,
sem chorar com ele! É permanecer sem caridade, é ser cristão de pintura, é não
possuir nada de humanidade, é ser pior que os animais."
"Não sou daqui nem dali, mas de qualquer lugar onde Deus quer que
esteja."
"Dez vezes irão aos pobres, dez vezes encontrarão a Deus."
"Convém amar os pobres com um afeto especial, vendo neles a pessoa do
próprio Cristo, e dando-lhes a importância que Ele mesmo dava."
"É preciso dar o seu coração, para obter em
troca o dos outros".
"Os pobres
abrem-nos a porta para a eternidade".
Vicente de Paulo nasceu no
dia 24 de abril de 1581 num pequeno casario da diocese de Dax, próximo aos
Pirineus, na França. Seus pais eram humildes e piedosos lavradores.
Em
sua infância guardava os porcos pertencentes à família até que seu pai,
notando-lhe aguda inteligência, mandou-o estudar com os franciscanos de Dax.
Para financiar seus estudos, Vicente foi preceptor dos filhos de um advogado da
cidade. Depois estudou teologia em Toulouse e em Zaragoza, na Espanha, sendo
ordenado em setembro de 1600.
Tendo ido a Marselha buscar
importante legado, foi seqüestrado no mar por piratas da Barbaria e vendido
como escravo em Tunis. Ele mudou várias vezes de senhor até que com um deles, um
cristão renegado, foi convertido por ele o libertou.
Depois de uma estadia em
Roma, Vicente foi para a França, encarregado pelo Papa de uma mensagem sigilosa
para o rei Henrique IV. Nomeado capelão da esposa deste, a rainha Margarida de
Valois, ele fazia, em nome dela, a distribuição de esmolas aos pobres, e
visitas aos enfermos no hospital. Após o assassinato de Henrique IV, em 1610,
São Vicente passou um ano na Sociedade do Oratório, fundada pelo
Cardeal Pierre de Bérulle, introdutor do Carmelo na França, e pôs-se sob
sua direção.
Quando Bérulle foi nomeado
bispo de Paris, encarregou São Vicente da paróquia de Clichy, nos arredores da
Cidade-luz. Sempre obedecendo a seu diretor, foi depois preceptor dos filhos de
nobres franceses. A piedosa Sra. de Gondi escolheu São Vicente como seu
diretor, e pediu-lhe que evangelizasse as povoações de suas imensas
propriedades. Foi no contacto com essas populações que foi amadurecendo no
santo o desejo de fundar uma congregação de missionários dedicados às missões.
O santo foi depois vigário em
Châtillon. Foi ali que, em 1617, reunindo as senhoras da sociedade local,
fundou as Confrarias da
Caridade (ou Damas da Caridade), visando ordenar a
distribuição de recursos para os necessitados. Essas confrarias difundiram-se
depois por toda a França.
Voltando ao palácio dos
Gondi, Vicente de Paulo foi nomeado Capelão Geral das Galeras por Luís XIII, o
que lhe permitiu assistir pessoalmente aos condenados às galés. Estes eram
muitas vezes autores de crimes comuns, condenados para suprir à necessidade de
mão de obra da marinha francesa em expansão.
Carregados de correntes,
viviam nos porões, alimentando-se de pão preto e água, geralmente cobertos de
úlceras. Seu estado moral era ainda pior do que a miséria física em que viviam.
São Vicente obteve para esses infelizes vários benefícios e alívios materiais,
conquistando seus corações para falar-lhes então do Céu. Converteu muitos deles
e procurou que pessoas importantes também se interessassem por esses
condenados.
Quando São Vicente
evangelizava as terras da família de Gondi, outros sacerdotes se juntaram a ele
para instruir aquela gente abandonada. Esse grupinho começou depois a pregar
missões em outras localidades. Foi o início da Congregação dos Sacerdotes da
Missão, fundada oficialmente em abril de 1625. “Íamos — dizia o santo — ingênua e
simplesmente, enviados pelos senhores bispos, evangelizar os pobres como Nosso
Senhor havia feito: eis o que fazíamos. E Deus fazia, de seu lado, o que havia
previsto desde toda a Eternidade. Ele dava algumas bênçãos aos nossos
trabalhos. O que, sendo visto, outros bons eclesiásticos juntaram-se a nós e
nos pediram para ser dos nossos”.
Considerando depois a grande
expansão de seus sacerdotes, o santo exclama: “Ó Salvador!
Quem pensou jamais que isso chegasse ao estado em que está agora? A quem me
dissesse isso então, eu julgaria estar zombando de mim”.
Em novembro de 1633 fundou,
com Santa Luísa de Marillac, a Congregação
das Filhas da Caridade. Santa
Luísa, de nobre nascença e de muito maior nobreza de alma, foi o braço direito
de São Vicente tanto para a fundação das Filhas da Caridade quanto na
direção das Damas da
Caridade.
Além dessas duas
instituições, foi possível a São Vicente ocupar-se de mais uma importante obra,
que foi o cuidado dos recém-nascidos abandonados. Naquela época difícil, de 300
a 400 crianças eram abandonadas anualmente pelas mães, geralmente às portas das
igrejas. Felizmente o crime do aborto não estava disseminado como hoje e às
crianças era dada uma oportunidade de vida. São Vicente passou a recolhê-las em
um hospital que fundou para esse fim, sendo seu primeiro cuidado regenerá-las
pelas águas do santo Batismo. Cuidava depois de sua alimentação e formação
religiosa, até que estivessem prontas para enfrentar a vida.
O Cardeal de Richelieu de
tempos em tempos consultava São Vicente de Paulo a respeito de assuntos da
Igreja, sobretudo quanto aos eclesiásticos que ele achava dignos para o
episcopado. O santo o alertou de que, para ter bons eclesiásticos, era necessário
ir ao seu nascimento, isto é, ao seminário menor, segundo intenção do Concílio
de Trento. O cardeal concedeu então a São Vicente uma grande quantia, para
estabelecer um seminário menor e outro maior nos quais se deviam incentivar
sobretudo a virtude e a oração. Vendo os belos frutos desses seminários, vários
bispos quiseram ter o mesmo em suas dioceses, e confiaram sua direção aos
Padres das Missões.
Nas desolações provocadas
pelas guerras dos Trinta Anos e de religião, São Vicente recolheu em Paris os
sacerdotes, religiosas e fidalgos das regiões devastadas, que a guerra tinha
expulsado de suas terras. Fez o mesmo com os católicos e nobres da Irlanda e da
Inglaterra, perseguidos pelo infame Cromwel. A respeito desses nobres
empobrecidos, dizia ele: “É justo assistir e socorrer essa pobre
nobreza para honrar Nosso Senhor que era, ao mesmo tempo, muito nobre e muito
pobre”.
São Vicente de Paulo foi
auxiliado em suas múltiplas atividades pela Companhia do Santíssimo Sacramento,
sociedade fundada em 1627 por nobres franceses profundamente católicos, com a
missão de fazer “todo o bem possível e afastar todo o mal
possível”. O santo filiou-se a essa companhia, que muito
trabalhou em prol da reforma católica desejada pelo Concílio de Trento.
Não se pode ter um verdadeiro
fervor religioso se não se iniciar pelo clero, então muito decadente e
desordenado. Começou tal reforma secundando o bispo de Beauvais na preparação
dos neo-sacerdotes para o ministério, por meio de um retiro de 20 dias antes da
ordenação, no qual eram tratados problemas tanto de ordem moral, religiosa
quanto prática para que os recém-ordenados pudessem exercer seu múnus
sacerdotal. Essa prática estendeu-se depois para Paris e toda a França e
Itália.
Entretanto,
era necessário preservar e aumentar o fruto desse retiro. Para isso o santo
propôs aos sacerdotes uma conferência espiritual semanal, na qual eles poderiam
ser esclarecidos sobre pontos de dúvida, e se ajudarem e encorajarem mutuamente
nos trabalhos de seu ministério. A Conferência
das Terças-feiras, que se realizava
em São Lázaro (Casa Mãe de seus missionários) com esse fim, atraiu
eclesiásticos que depois se notabilizaram como arcebispos, bispos,
vigários-gerais ou párocos em diferentes dioceses do reino.
São Vicente ambicionava ainda
mais. Não era suficiente ter eclesiásticos bem formados, se estes não fossem
auxiliados por leigos também com boa formação religiosa. Abriu então as portas
da Casa Mãe dos Lazaristas (como ficaram conhecidos seus sacerdotes) para todos
os leigos que quisessem retemperar sua fé por meio de um retiro espiritual bem
feito. Isso foi de grande importância para a reforma religiosa.
São Vicente de Paulo faleceu
em 27 de setembro de 1660 e foi sepultado na capela-mãe da Igreja de São
Lázaro, em Paris. Foi canonizado em 1737, e em 1885 declarado patrono de todas
as obras de caridade da Igreja Católica, por Leão XIII.
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