"A Igreja Romana convida-nos
hoje a celebrar o triunfo glorioso de São Lourenço, que, desprezando as ameaças
e as seduções do mundo, venceu a perseguição do demônio. Exercia nessa Igreja
de Roma, como sabeis, as funções de diácono. Aí administrou o sagrado Sangue de
Cristo; aí derramou o seu sangue pelo nome de Cristo.
Cristo humilhou-se: aqui
tens, cristão, o que deves imitar. Cristo obedeceu: como podes orgulhar-te? E
depois de ter passado semelhante humilhação e de ter vencido a morte, Cristo
subiu ao Céu: sigamo-lo. Ouçamos o que diz o Apóstolo: Se ressuscitastes com
Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus
(Cl 3,1)."
São Lourenço sofreu o martírio durante a perseguição de Valeriano, em 258.
O bem-aventurado apóstolo
São João expôs claramente o mistério da Ceia do Senhor, dizendo: Como Cristo
entregou a sua vida por nós, também nós devemos entregar as nossas vidas pelos
nossos irmãos (1Jo 3,16). Assim compreendeu São Lourenço; assim o compreendeu e
realizou: o que tinha recebido naquela mesa, isso mesmo ofereceu. Amou a Cristo
na sua vida, imitou-O na sua morte.
Portanto, também nós,
irmãos, se realmente O amamos, imitemo-O. A melhor prova que podemos dar do
nosso amor é imitar o seu exemplo. Na verdade, Cristo sofreu por nós,
deixando-nos o exemplo, para que sigamos os seus passos (Cf. 1Pd 2,21). Estas
palavras do apóstolo São Pedro parecem dar a entender que Cristo só sofreu por
aqueles que seguem os seus passos e que a paixão de Cristo de nada aproveita
senão àqueles que O seguem. Seguiram-nO os santos mártires até ao derramamento
de sangue, à semelhança da sua paixão. Seguiram-nO os mártires, mas não só
eles. Não foi cortada a ponte; depois que beberam a fonte não secou.
Aquele jardim do Senhor,
meus irmãos, não só tem as rosas dos mártires, mas também os lírios das
virgens, as heras dos esposos e as violetas das viúvas. Nenhuma classe de
pessoas, irmãos caríssimos, deve menosprezar a sua vocação. Cristo sofreu por
todos. Com toda a verdade está escrito a este propósito: Ele quer que todos os
homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (Cf. 1Tm 2,4).
Entendamos, portanto, como
deve o cristão seguir a Cristo, mesmo sem ter de derramar o seu sangue, sem ter
de suportar o martírio. Diz o Apóstolo, referindo se a Cristo nosso Senhor:
Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus. Oh
sublime majestade! Mas aniquilou Se a Si próprio, assumindo a condição de
servo, tornando-Se semelhante aos homens e aparecendo como homem (Cf. Fl 2,7-8).
Oh profunda humildade!
Santo Agostinho de Hipona
São Lourenço sofreu o martírio durante a perseguição de Valeriano, em 258.
Era o primeiro dos sete
diáconos da Igreja romana. A sua função era muito importante o que fazia com
que, depois do papa, fosse o primeiro responsável pelas coisas da Igreja.
Como diácono, São Lourenço
tinha o encargo de assistir o papa nas celebrações; administrava os bens da
Igreja, dirigia a construção dos cemitérios, olhava pelos necessitados, pelos
órfãos e viúvas.
Foi executado quatro dias
depois da morte de Sisto II e de seus companheiros.
O seu culto remonta ao
século IV.
Preso, foi intimado a
comparecer diante do prefeito de Cornelius Saecularis, a fim de prestar contas
dos bens e das riquezas que a Igreja possuía.
Pediu, então, um prazo para
fazê-lo, dizendo que tudo entregaria. Confessou que a Igreja era muito rica e
que a sua riqueza ultrapassava a do imperador. Foram-lhe concedidos três dias.
São Lourenço reuniu os cegos, os coxos, os aleijados, toda sorte de enfermos,
crianças e velhos. Anotou-lhes os nomes …
Indignado, o governador
concedeu-o a um suplício especialmente cruel: Amarrado sobre uma grelha, foi
assado vivo e lentamente. Em meio dos tormentos mais atrozes, ele conservou o
seu “bom humor cristão”. Dizia ao carrasco:
“Vira-me, que deste lado já
está bem assado … Agora está bom, está bem assado. Podes comer!…”
Roma cristã venera São
Lourenço com a mesmo veneração e respeito com que honra os primeiros apóstolos.
Depois de São Pedro e São Paulo, a festa de São Lourenço foi a maior da antiga
liturgia romana. O que foi Santo Estevão em Jerusalém, isso mesmo foi São
Lourenço em Roma.
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