segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Santa Bonifácia Rodriguez Castro



Na segunda Leitura ouvimos um trecho da Primeira Carta aos Tessalonicenses, um texto que recorre à metáfora do trabalho manual para descrever a labuta evangelizadora e que, de certo modo, pode aplicar-se também às virtudes de santa Bonifácia Rodríguez de Castro. Quando são Paulo escreve esta carta, trabalha para ganhar o pão; parece evidente, pelo tom e pelos exemplos utilizados, que é na oficina que ele prega e encontra os seus primeiros discípulos.
 

Assim nascem as Servas de São José, no meio da humildade e simplicidade evangélica, que no lar de Nazaré se apresenta como uma escola de vida cristã. O apóstolo continua a dizer na sua carta que o amor que sente pela comunidade é um esforço, um cansaço, dado que supõe sempre imitar a entrega de Cristo pelos homens, sem esperar nada nem procurar outra coisa, a não ser agradar a Deus. Madre Bonifácia, que se consagra com ímpeto ao apostolado e começa a alcançar os primeiros frutos dos seus afãs, vive também esta experiência de abandono, de rejeição, precisamente da parte das suas discípulas, e nisto aprende uma nova dimensão do seguimento de Cristo: a Cruz. Ela assume-a com a firmeza que vem da esperança, oferecendo a sua vida pela unidade da obra nascida das suas mãos. A nova santa apresenta-apresenta-se para nós como um modelo completo, no qual ressoa a obra de Deus, um eco que interpela as suas filhas, as Servas de São José, e também todos nós, a acolher o seu testemunho com a alegria do Espírito Santo, sem temer a contrariedade, difundindo em toda a parte a Boa Nova do Reino dos Céus.  

Confiemo-nos à sua intercessão e peçamos a Deus por todos os trabalhadores, sobretudo por quantos desempenham as profissões mais modestas e às vezes não suficientemente valorizadas, a fim de que, no meio dos afazeres diários, descubram a mão amiga de Deus e deem testemunho do seu amor, transformando o seu cansaço num cântico de louvor ao Criador.

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 23 de outubro de 2011

Bonifácia Rodríguez de Castro nasceu na cidade espanhola de Salamanca, em 1837. Desde jovem, viu-se na necessidade de trabalhar.
Depois de 10 anos vivendo no limiar da pobreza como uma operária a mais, ela pôde estabelecer, uma oficina por conta própria, com várias tarefas.

O testemunho de vida de Bonifácia não passou despercebido a várias amigas suas que não podiam seguir sua vocação religiosa e queriam afastar-se de diversões perigosas.
Assim começaram umas reuniões aos domingos e dias festivos em sua casa-oficina, que foi se tornando um centro de prevenção da mulher trabalhadora e uma escola de espiritualidade.
Juntas, decidiram constituir a Associação da Imaculada e São José, chamada mais tarde de Associação Josefina.

Junto ao jovem jesuíta catalão Francisco Butinyà, fundou, em sua casa-oficina, uma nova congregação orientada à proteção da mulher trabalhadora, a Congregação das Servas de São José.
O objetivo apostólico do Instituto era proporcionar trabalho às mulheres que tinham de sair para trabalhar fora de casa, com o fim de livrá-las dos perigos que sua dignidade corria.
As casas da Congregação se chamavam “Oficinas de Nazaré”; suas religiosas se vestiam sem hábito, como as demais trabalhadoras do país, e não entregavam dote, pois a maioria procedia de famílias humildes. Religiosas e leigas tinham uma caixa comum.

Esta forma de vida religiosa suscitou oposição entre o clero da cidade. O Pe. Butinyà foi desterrado da Espanha e os diretores que o substituíram semearam imprudentemente a desunião entre as irmãs.
Algumas irmãs começaram a opor-se à oficina como forma de vida e ao acolhimento da mulher trabalhadora nela, mas Bonifácia não consentiu com mudanças nas Constituições.
O diretor da congregação promoveu sua destituição como superiora e algumas irmãs a forçaram a deixar a comunidade. Ela respondia com silêncio e perdão, e propôs ao bispo a fundação de uma nova comunidade. Fundou outra casa, em Zamora, fiel à finalidade da congregação.
A casa mãe de Salamanca modificou as Constituições do Pe. Butinyà e orientou a congregação ao ensino. Desentendeu-se da casa de Zamora e de Bonifácia, que faleceu em 1905.
João Paulo II a beatificou em 9 de novembro de 2003 e Bento XVI a canonizou em 23 de outubro de 2011.

Santa Bonifácia Rodríguez de Castro é “um presente de Deus para a Igreja neste momento de tanta falta de fé, para que a pessoa vá reconhecendo no trabalho um espaço para encontrar-se com Deus e estabelecer relações fraternas”.
O núcleo da espiritualidade das Servas de São José é precisamente conjugar a oração com o trabalho.

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