sábado, 4 de agosto de 2018

04 de agosto - Beato Henrique Krzysztofik


Se hoje nos alegramos pela beatificação de 108 Mártires clérigos e leigos, fazemo-lo antes de mais porque eles são o testemunho da vitória de Cristo, o dom que restitui a esperança. Enquanto realizamos este ato solene, num certo sentido revive em nós a certeza de que, independentemente das circunstâncias, podemos obter a vitória plena em tudo, graças Àquele que nos amou.

Os Beatos mártires bradam aos nossos corações: Crede que Deus é amor! Acreditai n'Ele, no bem e no mal! Despertai a esperança em vós! Que esta dê em vós o fruto da fidelidade a Deus em cada provação!

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 13 de junho de 1999

Que são dois pães, para serem divididos em 25 porções, um pedaço para cada um de seus companheiros? 


Coisa normal (para não dizer insignificante) em tempos normais; heroísmo puro se, ao contrário, isso acontece em um campo de concentração, onde os dois pães não serviriam nem mesmo como um aperitivo para um desses homens, alquebrados pela fome. 

Certamente, tal heroísmo não pode ser improvisado, mas é precisamente aquele que é lapidado na normalidade dos atos cotidianos, para poderem então, na hora certa, oferecer um testemunho tão significativo. 

E é por essa razão que, do padre Henrique Krzysztofik, as testemunhas recordam com satisfação este gesto de caridade heroica, não como um episódio isolado, mas como a culminação de um itinerário de doação amorosa.


José Krzysztofik nasceu em Zakrzew na Polônia no dia 22 de março de 1908. Em 1927 ele vestiu o hábito dos capuchinhos e tomou o nome religioso de Henrique, e foi estudar na Holanda e em Roma. Depois de seus estudos, ele retornou à Polônia, em Lublin, onde foi nomeado reitor do seminário. 
No Seminário ele é lembrado como um pregador apaixonado e convincente, comprometido em transmutar em seus ouvintes um pouco do entusiasmo espiritual que arde dentro dele. 

Em 1939 a guerra estourou e mesmo quando a Polônia é invadida pelos alemães e declarar abertamente sua fé é o mesmo que pôr em risco a vida, ele permanece fiel a Cristo e à Igreja.

Os primeiros perseguidos são os irmãos holandeses, expulsos pelo regime totalitário de Hitler e, entre eles, há também Gesualdo Wilem, que é o superior guardião do convento de Lublin; então Frei Henrique teve que, da noite para o dia, tomar o seu lugar. Sua posição era muito delicada, em seu duplo papel como reitor do seminário e guardião do convento, enquanto a perseguição se torna feroz, as prisões são seguidas por uma explosão e nos edifícios religiosos toda a ferocidade nazista é desencadeada.

Os seminaristas do Frei Henrique estão tensos, preocupados e agitados, forçados a adiar o início das lições em virtude do clima político preocupante que está em toda parte. Somente sua paciência e sua constante serenidade podem acalmar as almas apenas o suficiente para começar a estudar e chegar com certa tranquilidade a 25 de janeiro de 1940, o dia em que a Gestapo invade o convento de Lublin e prende os 23 capuchinhos que se encontravam lá.

Durante sua prisão, Henrique era prestativo com todos, e na prisão, cheia pelas detenções em massa, não havia lugar para eles que foram confinados no castelo da cidade, guardados por carcereiros sem escrúpulos. Henrique é o primeiro, senão o único entre os confrades, a analisar claramente a situação e a prever a violência psicológica e o assédio que deveriam enfrentar. É por isso que convida seus frades a oferecer a Deus todos os sofrimentos que os esperavam, "desde que tenhamos uma mente lúcida". Só Deus sabe como, naquele clima de opressão, ele ainda conseguia garantir sua missa diária, celebrada clandestinamente ao amanhecer. 

Em 18 de junho de 1940, ele foi levado, juntamente com seus irmãos, para o campo de concentração de Sachsenhausen, depois para Dachau. Apesar de ter pouca saúde, ele nunca se poupou: nas condições desumanas em que viviam, encantava a todos pela delicadeza que demonstrava, sobretudo, àqueles que achavam mais difícil suportar aquele inferno de violência e morte. Ajudava a todos, especialmente aos mais fracos, especialmente os idosos. 

Em julho de 1941, ele foi levado ao hospital do campo de concentração. De lá, ele escreveu uma mensagem secreta aos seus alunos: "Caros irmãos! Estou terrivelmente magro porque estou desidratado. Peso 35 kg. Eu estou deitado na cama como na cruz com Cristo. E sou grato por estar e sofrer com Ele. Eu rezo por você e ofereço a Deus estes meus sofrimentos por vocês". Ele morreu em 4 de agosto de 1942 e seu corpo é queimado no crematório do campo 12. Ele foi beatificado pelo papa João Paulo II em 13 de junho de 1999.


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