No Evangelho de
hoje, Jesus reza ao Pai com as seguintes palavras: “Dei-lhes a conhecer o Teu
nome e dá-lo-ei a conhecer para que o amor com que me amaste esteja neles e Eu
esteja neles também” (Jo 17, 26). A fidelidade dos mártires até à morte e
a proclamação do Evangelho a todos enraízam-se, encontram a sua raiz, no amor
de Deus que foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo e no
testemunho que devemos dar deste amor na nossa própria vida. Santa Guadalupe
García Zavala sabia-o bem.
Renunciando a uma vida cômoda — quantos danos causa
a vida cômoda, o bem-estar! O aburguesamento do coração paralisa-nos — e
renunciando a uma vida cômoda para seguir o chamado de Jesus, ensinava a amar a
pobreza, para poder amar em maior medida os pobres e os enfermos. Madre Lupita
ajoelhava-se no chão do hospital diante dos doentes, dos abandonados, para os
servir com ternura e compaixão. E isto chama-se tocar a carne de Cristo. Os
pobres, os abandonados, os enfermos e os marginalizados são a carne de Cristo.
E Madre Lupita tocava a carne de Cristo, ensinando-nos este modo de agir: não
nos devemos envergonhar, não devemos ter medo, não devemos sentir repugnância
de tocar a carne de Cristo.
Madre Lupita tinha entendido o que significa este
tocar a carne de Cristo. Também hoje as suas filhas espirituais procuram refletir
o amor de Deus nas obras de caridade, sem evitar sacrifícios e enfrentando-os
com mansidão e constância apostólica, suportando com coragem qualquer
obstáculo.
Esta nova santa
mexicana convida-nos a amar como Jesus nos amou, e isto exige que não nos
fechemos em nós mesmos, nos nossos problemas, nas nossas ideias, nos nossos
interesses, neste pequeno mundo que nos causa tantos danos, mas que saiamos
para ir ao encontro de quantos precisam de atenção, de compreensão e de ajuda,
para lhes levar a proximidade calorosa do amor de Deus através de gestos
concretos de delicadeza, de carinho sincero e de amor.
Papa
Francisco – Homilia de Canonização – 12 de maio de 2013
Maria Guadalupe
García Zavala, fundadora da Congregação Servas de Santa Margarida e dos Pobres,
nasceu na localidade de Zapopan (México), no dia 27 de Abril de 1878.
Amável para com
todos, ainda jovem Maria Guadalupe García Zavala sentiu a chamada do Senhor
Jesus para se consagrar à vida religiosa, dedicando-se sobretudo aos enfermos e
aos pobres. Ao tomar conhecimento disto, o seu diretor espiritual, Padre Cipriano
Iñiguez, confessou-lhe que desejava fundar uma congregação religiosa para
atender precisamente os enfermos e os pobres. Foi desta forma que ambos deram início à
nova Congregação.
A partir dessa
época, Maria dedicou-se inteiramente ao serviço dos doentes nos vários
hospitais da região, com ternura e compaixão, sem jamais deixar de dedicar
também um especial cuidado espiritual àqueles que sofriam no corpo.
Embora fosse de
família relativamente rica, como Superiora-Geral da nascente Congregação (cargo
este que desempenharia até ao termo da sua vida), adaptou-se com alegria e
vivacidade a uma vida extremamente sóbria e, nos momentos de grande dificuldade
financeira para a Congregação, acompanhada das suas Irmãs chegou a sair pelas
ruas para pedir esmolas em vista de ajudar os doentes confiados aos seus
cuidados.
No período de
perseguição contra a Igreja católica no México, de maneira particular nos anos
de 1926-1929, quando a repressão se tornou mais sanguinolenta, arriscou a sua
vida oferecendo refúgio e ajuda a diversos presbíteros e até mesmo ao então
Arcebispo de Guadalajara, Dom Francisco Orozco y Jiménez.
Foi amada tanto
pelos pobres como pelos ricos e, durante a sua vida inteira, deu um grandioso
exemplo de fidelidade à Igreja. Quando faleceu, no dia 24 de Junho de 1963, já
gozava de uma sólida fama de santidade. Durante a sua vida erigiram-se 11
fundações no México e, depois da sua morte, a Congregação continuou a aumentar,
a tal ponto que conta com 22 fundações, espalhadas tanto na sua terra natal
como também no Peru, na Islândia, na Grécia e na Itália.
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