Não
só nos mosteiros e conventos se refugiava e florescia a santidade na Idade
Média. Nos palácios, as famílias reais deram muitos santos a Igreja. Em
Portugal, três filhas de Dom Sancho I, viveram a beleza das virtudes cristãs,
para se tornarem exemplos aos reis e aos povos. Nascidas e educadas na corte,
duas delas chegaram mesmo a contrair matrimônio. Mas todas três renunciaram
depois ao mundo, suas comodidades e enredos, para se consagrarem à perfeição
religiosa. Foram elas Beata Sancha, Beata Teresa e Beata Mafalda.
Uma outra irmã, Branca de Portugal, também tornou-se religiosa.
Hoje
a Igreja comemora a Beata Teresa de Portugal, no século Teresa Sanches de
Portugal. Ela é a menos conhecida das Santas que levam o seu nome, e às vezes é
citada com a forma antiga do seu nome: Tarasia ou Tareja. Ela também ficou
conhecida mais tarde como Infanta-Rainha ou Rainha Santa Teresa. Era
a filha mais velha de Sancho I, segundo rei português; seus avós paternos
foram Mafalda de Saboia, filha do Conde Amadeu III, e Afonso Henriques,
primeiro rei de Portugal.
Teresa
nasceu em Coimbra no ano 1177. Prometida em casamento a seu primo Afonso
IX, Rei de Castela e Leão, as núpcias foram celebradas em Guimarães no dia 15
de fevereiro de 1191; do casamento nasceram três filhos: Sancha, Dulce e
Fernando. Em 1196, devido ao fato de serem primos, o matrimônio foi declarado nulo,
por causa de consanguinidade, e quatro anos depois Dona Teresa se retirou no
convento beneditino de Lorvão, que ela mesma haveria depois de transformar em
abadia cisterciense, e nela tomar o véu religioso. Este mosteiro foi um
dos principais centros de produção de manuscritos e iluminuras na Idade Média
no país Teresa ficou conhecida pela sua caridade para com os humildes e
desprotegidos. Na mesma época, a sua irmã Dona Sancha fundava em Coimbra o
mosteiro feminino de Celas.
Por
ocasião da morte do pai Sancho I, em 1211, a infanta Teresa deveria ter
herdado, segundo disposição testamentária deste último, o Castelo de
Montemor-o-Velho, e tudo o que compreendia tal posse, inclusive o direito ao
título de ‘rainha’, enquanto senhora de tal castelo. Afonso II, seu irmão,
desejando concentrar em suas mãos todo o poder, não aceitou tal testamento e
impediu Teresa de tomar posse do seu título e dos direitos respectivos, como
também o de suas irmãs Mafalda e Sancha.
Em
1230, seu ex-esposo Afonso morreu depois de ter tido cinco filhos da sua
segunda esposa, Berengária de Castela. Este segundo casamento foi também
anulado devido à consanguinidade. Assim, os filhos de ambos os casamentos
viriam a disputar a coroa. Dona Teresa interveio e permitiu que São Fernando
III assumisse o trono, incentivando assim a paz no reino de Castela e Leão.
Resolvida
esta querela dinástica, Teresa retornou ao Mosteiro de Lorvão e finalmente
tomou os votos conventuais após ter vivido anos como monja. Ali morreu em 18 de
junho de 1250 de causas naturais. Os seus restos mortais foram colocados junto
aos de sua irmã Sancha. Ambas encontram-se sepultadas na capela-mor de
Lorvão, guardando-se os restos mortais das Santas Rainhas em túmulos
de prata.
A
13 de dezembro de 1705, DonaTeresa foi beatificada pelo Papa Clemente XI,
através da bula Sollicitudo Pastoralis Offici, juntamente com a sua irmã Dona
Sancha. O Martirológio Romano comemora a Beata Teresa no dia 17 de junho.
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