“Tudo
se resume em servir a Deus, custe o que custar”.
Gaspar
Bertoni, filho de Francisco e de Brunora Ravelli, nasceu no dia 9 de outubro de
1777, em Verona, na Itália. Foi batizado no dia seguinte pelo tio, Pe. Tiago.
Seus pais pertenciam a famílias de vida cristã exemplar e de condições
econômicas razoáveis.
Após
a morte de sua irmãzinha, Gaspar, como filho único, recebeu ótima educação no
lar e nas escolas municipais que frequentou; naquele tempo, estas eram
dirigidas por jesuítas.
A
primeira comunhão, aos onze anos, foi para Bertoni uma experiência
inesquecível. Ele decidiu ingressar no seminário com dezoito anos, frequentando
o curso de teologia como aluno externo.
Quando
cursava o primeiro ano de teologia, o exército francês invadiu a cidade de
Verona, ocasionando muitas desgraças e sofrimentos na vida do povo durante
vinte anos.
Ainda seminarista, movido por um grande espírito de caridade, cuidou de pessoas feridas e doentes, ajudando em uma obra fundada por Pedro Leonardi.
Ainda seminarista, movido por um grande espírito de caridade, cuidou de pessoas feridas e doentes, ajudando em uma obra fundada por Pedro Leonardi.
Foi
ordenado sacerdote no dia 20 de setembro de 1800. Após a ordenação teve que
enfrentar uma sociedade em convulsão e exigindo iniciativas que trouxessem
soluções para os graves problemas do momento.
Encarregado
de cuidar da juventude da paróquia, para a qual fora destinado, entregou-se
inteiramente a este apostolado, desenvolvendo nele toda sua capacidade de
organização. Fundou um primeiro Oratório nos moldes de "Oratório Mariano",
visando a formação humana e cristã dos jovens. Em 1807 o governo proibiu as
atividades das associações religiosas. Então, Pe. Gaspar adiou a realização de
seus projetos para tempos melhores.
Neste
período, entretanto, assumiu a direção espiritual da obra de Santa Madalena de
Canossa (maio de 1808), na casa de São José. Neste mesmo local começou a
orientar também a Serva de Deus Leopoldina Naudet em seu crescimento espiritual
e na caminhada em vista de um instituto religioso, que recebeu depois o nome de
Irmãs da Sagrada Família. Auxiliou, igualmente, outra Serva de Deus, Teodora
Campostrini, orientando-a em sua vocação e apoiando-a na fundação de outro
instituto feminino.
Em
setembro de 1810, Pe. Gaspar ficou encarregado da direção espiritual dos
clérigos que moravam no seminário. Algum tempo antes, ele já havia reunido em
sua casa alguns jovens sacerdotes, proporcionando-lhes uma formação espiritual
e científica verdadeiramente sólida.
Nesta
atividade, agora junto aos seminaristas, ele elaborou um programa de formação
que tinha como base a fidelidade plena ao Papa; naquela época o Papa Pio VII
fora feito prisioneiro por Napoleão. Na concepção de Pe. Gaspar a reforma da
Igreja devia começar dentro dos seminários, fazendo com que os futuros
ministros do Senhor se conscientizassem dos valores evangélicos. De fato, o
seminário, que anteriormente passara por séria crise econômica e grave
decadência moral, voltou a desempenhar seu verdadeiro papel na formação
sacerdotal, chegando a ser comparado a um mosteiro.
Aproveitando-se
da mudança de governo, Pe. Gaspar tentou reavivar a fé cristã no povo através
da pregação de missões populares, atividade que encontrou oposição da parte do
governo austríaco. Contudo, ele continuou o apostolado da palavra, dedicando-se
à catequese. A 20 de dezembro de 1817 o Papa Pio VII conferiu-lhe o título e as
faculdades de "Missionário Apostólico".
Embora
fazendo-se todo para todos, a fim de ganhar todos para Cristo, Pe. Gaspar
destinou muito tempo à vida de oração e de contemplação, como se pode deduzir
do que está escrito em seu "Memorial Privado". Neste diário
espiritual também se pode ler como Deus, por meio de uma inspiração especial, o
levou a fundar uma família religiosa.
A
4 de novembro de 1816 foi morar em uma casa, anexa à igreja dos Estigmas de São
Francisco; daí que, o povo acostumou a chamar os religiosos que aí residiam de
"estigmatinos". Foi nesta igreja que ele propagou a devoção à Paixão
e às Chagas do Senhor. Transformou a casa em uma escola aberta aos filhos de
gente simples, trabalhando gratuitamente para a Igreja e para a sociedade.
Juntamente com os companheiros de comunidade levou uma vida de penitência e
sacrifício, vivenciando um projeto de vida espiritual fundamentado na
contemplação e na ação apostólica. Esta abarcava a educação da juventude, a
formação do clero e a pregação missionária numa ampla disponibilidade a serviço
dos bispos.
Em
maio de 1812 esteve à beira da morte devido a uma doença grave. Sarou quase por
milagre, mas a debilidade física provocada por esta enfermidade não o deixou
mais até o fim da vida. Embora vivesse continuamente enfermo, deu exemplo de paciência
heroica, entregando-se completamente nas mãos de Deus.
Acamado
e sofrendo terrivelmente, ainda assim foi conselheiro espiritual de muitas
pessoas que o procuravam, as pessoas vinham de longe para pedir seus conselhos.
Sua
perna direita passou por quase trezentas operações. Em meio às dores atrozes
que o atormentavam, esforçava-se por imitar Cristo sofredor, jamais se
queixando. Pelo contrário, oferecia seu lento holocausto pelo bem da Igreja.
Nos últimos momentos de sua existência o enfermeiro perguntou-lhe: "Padre, o senhor precisa de alguma
coisa?". "Preciso sofrer", respondeu.
Apesar
dos sofrimentos e da doença, manteve sempre uma grande esperança cristã, por
causa de sua fé em Cristo, Aquele que conserva no corpo ressuscitado os sinais
da Paixão. Nutriu também grande devoção aos Santos Esposos, Maria e José, que
são os padroeiros da Congregação
Estigmatina. Faleceu santamente no domingo dia 12 de junho de 1853.
A Congregação dos
Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo, abençoada por seu Fundador, cresceu e se
difundiu gradualmente em outras cidades da Itália, nos Estados Unidos, no
Brasil, no Chile, nas Filipinas, e em missões nos seguintes países: África do
Sul, Costa do Marfim, Tailândia e Tanzânia.
"Bela virtude
é abandonar-se, quando nós não podemos agir, nos braços onipotentes da Divina
Providência; mas é mais consumada e perfeita virtude quando mesmo podendo e
devendo agir com nossas próprias mãos, nós seguimos a ordem estabelecida pela
Providência. Jamais deixar de nos abandonar igualmente em suas mãos. Assim é
que alguém dizia: “ eu vivo, mas já não eu. Cristo é que vive em mim”.
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