sábado, 19 de agosto de 2017

19 de agosto - Santo Ezequiel Moreno (Agostiniano)

Bispo, padroeiro das Missões Agostinianas Recoletas e protetor dos que sofrem de câncer.

No quadro de santidade que se classifica a canonização do Beato Ezequiel Moreno, que em sua vida e em seu trabalho apostólico resumiu admiravelmente os elementos centrais do aniversário que celebramos: Quinto Centenário de Evangelização das Américas.  Na verdade, a releitura de sua vida santa, bem como os méritos e graças celestes com que o Senhor queria homenageá-lo - acabamos de ouvir no pedido oficial de sua canonização - Espanha, Filipinas e América Latina aparecem como locais em que este grande filho da Ordem dos Agostinianos Recoletos realizou a sua atividade incansável missionário. Como Bispo de Pasto, na Colômbia, sentiu-se particularmente movido pelo zelo apostólico, como ouvimos na segunda leitura desta celebração litúrgica, choramos para São Paulo: "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?"(Rm 10, 14).

O novo santo nos é apresentado como um evangelizador modelo, cujo desejo de anunciar Cristo irreprimível levou cada passo de sua vida. Em Casanare, Arauca, Pasto, Santafé de Bogotá e em muitos outros lugares dedicou-se sem reservas à pregação, ao sacramento da reconciliação, à catequese, ao cuidado dos doentes. Sua fé inabalável em Deus, alimentada em todos os tempos por uma intensa vida interior, foi a grande força que o sustentou em dedicar-se ao serviço de todos, especialmente dos mais pobres e abandonados. Como Pastor profundamente espiritual e atento, ele deu à luz a diferentes associações religiosas; e onde a pessoa não poderia ir pessoalmente fez questão de estar presente com a publicação, o jornal, a carta pessoal. Santo Ezequiel Moreno, com sua vida e seu trabalho como um evangelista, é o modelo para pastores, especialmente na América Latina, que, sob a orientação do Espírito deseja responder com novo ardor, novos métodos e nova expressão para os grandes desafios que de frente para a Igreja latino-americana, que, chamada à santidade, a mais preciosa riqueza do cristianismo, deve proclamar incessantemente "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre" (Hb 13, 8)

Papa João Paulo II - Homilia de Canonização - 11 de outubro de 1992

Ezequiel Moreno y Días nasceu em Alfaro, na província de La Rioja, Espanha, no dia 9 de abril de 1848. Terceiro filho de um casal pobre de bens materiais, mas rico em virtudes, ele recebeu uma profunda educação cristã.

Seu pai, Félix, alfaiate de profissão, e sua mãe, Josefa Días, eram ambos modelos de honradez e piedade e educaram os cinco filhos na Igreja.

Ezequiel sentiu desde criança o chamado de Deus à vida religiosa e missionária. Conhecedor da responsabilidade missionária dos agostinianos recoletos nas Ilhas Filipinas, ele queria ser missionário nestas ilhas distantes.

Aos dezessete anos, no dia 22 de setembro de 1865, emitiu a profissão religiosa na Ordem dos Agostinianos Recoletos. Ele tomou o nome de Frei Ezequiel de Nossa Senhora do Rosário, nome com o qual gostava de ser chamado. Ele fez sua profissão religiosa aos pés de Nossa Senhora do Caminho, a qual amava com singular ternura.

No dia 4 de outubro de 1869 embarcava rumo à terra de seus sonhos -as Ilhas Filipinas-, junto com outros 17 religiosos. Eles chegaram em Manila -capital das Filipinas- no dia 10 de fevereiro de 1870.

O frei Ezequiel Moreno foi ordenado sacerdote em Manila em 3 de junho de 1871. Ele foi destinado à ilha de Mindoro para iniciar suas atividades missionárias junto com o frei Eustáquio, seu irmão mais velho.

A integridade da sua conduta, seu amor aos doentes e suas insaciáveis ânsias missionárias ganharam a estima dos superiores que logo lhe confiaram o delicado cargo de missionário e capelão na ilha de Palawan. Ali colocou todo o seu zelo apostólico.

Sua intensa atividade e a malária acabaram com sua saúde e após nove meses se viu obrigado a retornar a Manila. Porém, não ficou parado: exerceu vários cargos e assumiu várias responsabilidades, entre elas: pároco em mais de uma comunidade, pregador e administrador.

Os primeiros 15 anos sacerdotais, cheios de ardente zelo apostólico, transcorreram nas Filipinas. Em 1885 ele foi nomeado superior do convento de Monteagudo (Espanha), na época a comunidade onde se formavam as consciências dos futuros missionários. Ninguém melhor que ele, missionário experimentado com auréola de santo, pôde suscitar no coração dos jovens o espírito apostólico.

A fama de santidade que havia adquirido nas Filipinas só cresceram durante os três anos do seu priorado no convento de Monteagudo. A Providência lhe preparou uma excelente oportunidade para aumentar o seu zelo apostólico em outras terras distantes.

Ezequiel Moreno se oferece como voluntário quando os irmãos agostinianos da Colômbia pedem ajuda à Espanha. Ele foi nomeado superior de uma expedição que contou com sete missionários.

O primeiro objetivo era restabelecer a observância religiosa nas comunidades. O frei Ezequiel Moreno sabia que somente bons religiosos poderiam ser autênticos apóstolos e missionários. O restabelecimento da vida religiosa contou com o reavivamento das missões nas planícies de Casanare, lugar onde os agostinianos recoletos da Colômbia tinham exercitado antigamente o seu apostolado.

Ele mesmo vai como pioneiro e percorreu no dorso de mula os povoados espalhados pela imensa região de missões. Seu testemunho estimulou o ânimo dos religiosos.

Em 1893 ele foi nomeado Bispo titular e vigário apostólico de Casanare. Sua ordenação episcopal aconteceu no dia primeiro de maio de 1894. Sua intenção era passar ali os restos de seus dias, no meio de privações e sofrimentos junto ao povo que tanto amava. Porém, Deus tinha outros planos para ele.

Em 1895 ele foi nomeado Bispo de Pasto. Sua nova missão lhe mostrou situações mais dolorosas: humilhações, menosprezo, calúnias e perseguições. No entanto, sua vida interior, sempre dirigida para Deus e seu amor à contemplação suscitaram em torno dele um grupo de almas seletas as quais, com sabedoria iluminada, dirigiu nos caminhos da santidade.

Amigo da verdade e dos homens até ao ponto de expor repetidas vezes sua vida, foi o alvo preferido dos insultos e perseguições de quantos queriam ferir a Igreja.

Ele uniu uma caridade sempre disponível à uma grande fortaleza de ânimo, mormente quando se tratava dos interesses de Cristo e da Igreja.

De 1888 até pouco antes de sua morte, dedicou sua multiforme atividade à Colômbia. Restaurou a Província da Candelária, deu início a uma nova fase missionária, foi o primeiro Vigário Apostólico de Casanare e desde 1896, Bispo de Pasto.

Em 1905 foi vítima de uma grave doença: um câncer no nariz. Os médicos aconselharam a sua ida à Europa para ser operado, mas ele não aceitou afirmando que “Descansa docemente nos braços de Jesus”. Em 1906 a súplica dos fiéis e as pressões dos sacerdotes e religiosos da sua diocese o convenceu a viajar à Espanha e em fevereiro submete a operação. Grande parte dela foi realizada sem anestesia. Segundo o cirurgião, ele suportou com “Heroísmo de Santo e Bem Aventurado”.
Em março do mesmo ano teve que repetir a cirurgia e não obteve nenhum êxito.
  
Convencido de que havia chegado o seu fim, decide passar os últimos dias de sua vida em uma cela conventual em Monteagudo, junto à Nossa Senhora do Caminho, "sua mãe amantíssima" para render ali ao Senhor a homenagem de sua vida.

Ezequiel Moreno morreu no convento de Monteagudo (Navarra, Espanha), onde professara e onde fora prior, a 19 de agosto de 1906.

Ele foi sepultado na igreja de Nossa Senhora do Caminho do convento de Monteagudo. Seus restos repousam hoje em uma capela, construída recentemente dentro do recinto da mesma igreja.

Sua fama de santidade se difundiu por todas as partes, especialmente  na Colômbia. São atribuídas à sua intercessão muitas curas, especialmente de câncer. A cura de dois doentes de câncer à sua intercessão servirá como milagre para sua beatificação e canonização.

Ele foi beatificado pelo papa Paulo VI no dia 1 de novembro de 1975. E foi canonizado por João Paulo II no dia 11 de outubro de 1992, em Santo Domingo, República Dominicana, no V Centenário da Evangelização da América, durante a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Celam).

Oração
Nós vos agradecemos Senhor, por conceder-nos em Santo Ezequiel um perfeito modelo de fidelidade ao Evangelho, um ardente operário de vossa Igreja e um Pastor segundo o coração de vosso Filho.

Nós vos pedimos por vossa intercessão, conceder-nos viver, com alegria nosso testemunho cristão e imitar, sobretudo, seu ardente amor e sua total disponibilidade de serviço à Igreja e aos homens.

Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.





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