quarta-feira, 2 de agosto de 2017

02 de agosto - A Eucaristia, centro do coração (São Pedro Julião Eymard)

O coração humano pede um centro de afeição e de expansão. Deus, ao criar o primeiro homem, declarou: “Não convém que o homem fique só; façamos-lhe uma companheira que lhe seja semelhante”. E a Imitação diz: “Sem amigo, não saberás viver feliz.”

Pois bem, Nosso senhor, no Santíssimo Sacramento, quer ser o centro de todos os corações: “Permanecei no meu Amor. Permanecei em mim.” E o que é permanecer no Amor de Nosso Senhor? É de fazer deste Amor, que vive na Eucaristia o centro de nossa vida, o centro único de toda nossa consolação, nas tristezas, nas aflições, nas decepções, nos momentos em que o coração se entrega e se abandona. É – a tal nos convida Ele – lançar-se no Coração de Jesus: “Vinde a mim todos vós que estais sobrecarregados e Eu vos aliviarei.”

É, no gozo, referir a Nosso Senhor toda felicidade – não manda a delicadeza repartir com o amigo toda alegria? É fazer da Eucaristia o eixo dos nossos desejos: “Meu Deus, só quero isso se vós o quiserdes e farei isso para vos dar prazer.” É gostar de fazer a Nosso senhor a surpresa de uma dádiva, de um ligeiro sacrifício. É viver pela Eucaristia, guiar-nos nos seus moldes, antepondo seu serviço a tudo o mais, e isso invariavelmente. Ai de nós! Será em verdade Jesus nosso centro?

Talvez, nas aflições extraordinárias, nas orações fervorosas, nas necessidades prementes; mas na vida comum, pensamos nós deliberadamente em Jesus, como se nosso centro fosse – e por que não o será – procedendo de acordo?

Não, Ele ainda não é tudo em mim. Mas não trabalha o filho para seus pais, o Anjo para seu Deus? Não devo eu, portanto, trabalhar para Jesus Cristo, meu amo?

Trabalha, ó minha alma. Apoiada em Nosso Senhor em ti, fazendo tudo por Ele. Permanece nele. Vive nele pelo sentimento de devoção, de santa alegria, de prontidão para tudo o que te pedir. Permanece no Coração e na Paz de Jesus Eucaristia.

O impressionante é que esse centro da Eucaristia é um centro oculto, invisível, todo interior e, ao mesmo tempo, verdadeiro, vivo, nutritivo.

Jesus atrai espiritualmente a alma ao estado espiritualizado que é o seu no Sacramento. Qual é, com efeito, a Vida de Jesus no Santíssimo sacramento? É toda oculta, toda interior. Encobre seu Poder, sua Bondade, sua Pessoa Divina. E todas as suas ações, todas as suas virtudes, adquirem um mesmo caráter simples e oculto.

Da Hóstia emanam todas as graças; da Hóstia Jesus santifica o mundo, porém, de modo invisível e espiritual e, sem abandonar o lugar de repouso, sem sair do seu silêncio, governa o mundo e a Igreja.

Todo interior, tal reinado de Jesus em mim. Preciso viver de Jesus e não de mim, em Jesus e não em mim. Preciso rezar com Ele; imolar-me com Ele; consumir-me num único Amor com Ele até constituir, com Ele, uma só chama, um só coração, uma só Vida.


Ele atrai-nos incessantemente a si. E que é a vida senão a contínua atração que sentimos para com Ele? Ai de nós, quão fraco é ainda em nós esse centro! Quão confusas, raras, longamente interrompidas são minhas aspirações a Jesus! E, todavia, Ele me repete: “Quem me ama permanece em mim e Eu permaneço nele.”

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