quinta-feira, 10 de agosto de 2017

10 de agosto - Beato Francisco Drzewiecki

O campo de concentração de Dachau está ligado a uma das páginas mais trágicas e gloriosas do Clero polonês: nele estiveram como prisioneiros bem 1780 eclesiásticos e desses, 868 ali encontraram a morte. A Igreja não hesitou em examinar os eventos na procura dos elementos suficientes para dar a muitas vítimas a gloriosa coroa do martírio. Pensemos a Maximiliano Kolbe, Tito Brandsma e a Edith Stein, entre os mais conhecidos de uma heroica fileira de testemunhas de Cristo.

Os mártires destes campos não tiveram sua vida interrompida de repente por um momento heroico de sofrimento: tratou-se de um longo calvário feito de humilhações, insultos, torturas, que prepararam e determinaram com frequência o holocausto conclusivo final.

Entre as heroicas testemunhas da fé e da caridade cristã mortas em Dachau, brilha com sublime esplendor a figura de Francisco Drzewiecki, um Orionita, nascido em Zduny, no dia 26/02/1908.
Entrou adolescente no seminário para realizar a sua vocação sacerdotal e religiosa na Pequena Obra da Divina Providência do beato Dom Luiz Orione. Após os estudos do ensino médio e filosofia, em 1931 foi para a Itália, para a Casa mãe de Tortona, para o noviciado e os estudos da teologia.
Foi ordenado sacerdote no dia 6 de junho de 1936. Exerceu as primeiras atividades de seu ministério sacerdotal no Pequeno Cotolengo de Gênova-Castagna, uma instituição para deficientes graves, onde era também formador de um grupo de “vocações adultas”.
Voltando à Polônia no final de 1937, Pe. Francisco continuou a sua atividade de educador no Colégio de Zdunska Wola. No verão de 1939 foi chamado para trabalhar na Paróquia “Sagrado Coração” e no Pequeno Cotolengo de Wloclawek. Aqui o surpreenderam os conhecidos e terríveis episódios de guerra, desencadeados a partir da invasão alemã de 1º. de setembro de 1939.

A ocupação nazista se transformou logo em perseguição religiosa, realizada sistematicamente e particularmente violenta na Polônia católica. No dia 7 de novembro de 1939, Dom Drzewiecki e quase todo o Clero da diocese de Wloclaweck, compreendidos os seminaristas e o Bispo Dom M. Kozal, foram presos e levados ao cárcere. Iniciava uma longa via-sacra de humilhações e sofrimentos: Wloclawek, Lad, Szczyglin, Sachsenhausen e enfim Dachau.

Dos companheiros do campo de concentração ele foi lembrado como “o homem que edificava com a sua cortesia e virtude”. Levado a Dachau no dia 14 de dezembro de 1940, Dom Francisco Drzewiecki, depois de dois anos de sofrimentos, de privações, de trabalhos forçados e de nobre presença humana e religiosa, foi eliminado porque “inválido para o trabalho”. Morreu no dia 13 de setembro de 1942. Tinha apenas 34 anos de idade: 6 de sacerdócio.

São muitos os testemunhos da nobreza e santidade de espírito de Dom Francisco Drzewiecki. Os mais vivos e comoventes são aqueles do seu companheiro de prisão, Dom Jozef Kubicki, também ele Orionita e clérigo:
“Apenas chegamos ao campo, nos conduziram aos chuveiros. Ali tiraram todas as nossas roupas e nos deram uniformes e os novos números. Dom Francisco me havia segurado perto de si na fila; assim eu recebi o nº. 22665 e Dom Francisco o nº. 22666.
No campo, eu trabalhava como marceneiro e Dom Francisco foi destinado para as plantações. Tinha que fazer longas e extenuantes caminhadas a pé, trabalhava debaixo de sol, chuva, vento.
No campo era terminantemente proibido ser visto em atitude de oração. Mas nós rezávamos igualmente. 

Dom Wladislaw Sarnik recorda de ter trabalhado com Dom Francisco nas plantações. Bem, enquanto eram curvados no campo de trabalho, tinham à frente de si, em alternância, a caixinha da Eucaristia e faziam adoração.
Nos cercávamos na multidão dos prisioneiros – recorda ainda Dom Kubicki. Dom Francisco queria contar-me muitas coisas, sobretudo da Itália, onde esteve por seis anos, de Dom Orione, do desenvolvimento da Congregação, etc. Me encorajava a ser fiel à vocação, a resistir, a pensar no futuro.

Chegou o tempo em que Dom Francisco, trabalhando nas plantações se enfraqueceu e adoeceu gravemente e o seu corpo se inchou muito. Estava muito mal. Não tinha forças para caminhar. Foi à enfermaria. Infelizmente, enquanto ele estava na enfermaria veio uma Comissão. Todos aqueles que não conseguiam trabalhar eram eliminados: ou com o gás ou assassinados de outras maneiras. Foi assim com Dom Francisco, foi colocado em uma sala à parte e inscrito para o transporte de inválidos. Aquelas viagens terminavam no forno crematório. Com o transporte de 10 de agosto de 1942, Dom Francisco foi levado para ser eliminado com o gás no Castelo de Hartheim, perto de Linz.

“Era bem cedo” – recorda ainda Dom Kubicki. “Eu tinha terminado o turno da noite de trabalho. Na estrada principal tinham conduzido os inválidos para preparar o seu embarque. Dom Francisco, mesmo sabendo que se arriscava, atravessou a estrada e veio me dar o adeus, com Dom Victor Rysztok. Bateu na janela e eu saltei do colchão e fui até à janela.

Dom Francisco me disse: Zezinho, adeus! Nós partimos.
Eu estava tão abatido que não conseguia sequer dizer uma palavra de amargura. E Dom Francisco continuou: Zezinho, não fica com pena de mim. Nós, hoje, tu amanhã…
E com muita calma disse ainda: Nós vamos... mas, ofereceremos como poloneses a nossa vida para Deus, pela Igreja e pela Pátria.
Foram estas as últimas suas palavras: Para Deus, pela Igreja e pela Pátria” .

Don Francisco demonstrou neste supremo e dramático momento de ser bom pastor “pronto a dar a vida pelas suas ovelhas” e o expressou no oferecimento, conscientemente e livremente, da vida que, aparentemente lhe era tirada injustamente. Como Jesus. “Eu ofereço a minha vida e depois a retomo. Ninguém me tira a vida; sou eu que a ofereço de boa vontade” (Jo 10,17-18).

Para Dom Francisco, “cordeiro imolado conduzido ao matadouro”, a conformação a Cristo, vítima e senhor da morte, alcança o seu apogeu naquela saudação, antes de subir no comboio dos inválidosPara Deus, pela Igreja e pela Pátria”.

Oração pela Canonização do Beato Francisco Drzewiecki

Ó Deus, Pai bom e providente, nós te agradecemos por nos teres dado no Beato Francisco Drzewiecki um exemplo luminoso de sacerdote totalmente dedicado a causa de Cristo e da Igreja, através da educação dos jovens e da caridade para com os pequenos, os pobres e o povo.
Infunde em nós a fortaleza do teu Espírito, a fim de que como o Beato Francisco, vítima inocente, possamos testemunhar, no meio das trevas do egoísmo e do mal, que somente a caridade salvará o mundo e que o último a vencer serás Tu, numa grande e infinita misericórdia.

Para a glória do teu nome e para que venha o teu Reino de paz e justiça, pela intercessão do Beato Francisco, concede-nos a graça que te pedimos (diz a graça pedida...). Glória ao Pai...

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