quinta-feira, 22 de junho de 2017

22 de junho - São João Fischer

Hoje a Igreja celebra a memória de São João Fisher, martirizado por defender a indissolubilidade do matrimônio, resistindo heroicamente ao cisma provocado pelo rei Henrique VIII contra o Papado.

Nascido em Beverley, condado de Yorkshire (Inglaterra), em 1469, João Fisher foi um dos quatros filhos do comerciante Roberto Fisher e de sua esposa Inês. Seu pai faleceu quando ele tinha oito anos.Após fazer os primeiros estudos na sua cidade natal, cursou a Universidade de Cambridge. Em 1491 recebeu dispensa papal para ser ordenado aos 22 anos, antes da idade canônica. Em 1497 foi nomeado vigário de Northallerton.
Por sua piedade e erudição, tornou-se capelão e confessor da mãe do rei Henrique VII, Lady Margarida Beaufort, condessa de Richmond e de Derby. Ao mesmo tempo que cuidava de sua dirigida espiritual, empregava seu crédito na corte para favorecer a religião católica.
Graduado doutor em Sagrada Teologia em 1501, João Fisher foi nomeado vice-chanceler e depois chanceler vitalício da Universidade de Cambridge. Em 1504, com apenas 35 anos, por insistência pessoal do rei Henrique VII, tornou-se bispo de Rochester, conservando seu cargo em Cambridge.

Opôs-se ao divórcio de Henrique VIII e Catarina de Aragão, bem como à constituição da igreja anglicana. Tendo negado a prestar o juramento exigido pelo rei aos bispos ingleses, foi detido e encarcerado na Torre de Londres. Durante sua reclusão, em maio de 1535, foi feito Cardeal pelo Sumo Pontífice Paulo III.

São João Fischer foi condenado a morrer por torturas, mas a pena lhe foi comutada para decapitação, devido ao muito debilitado estado de saúde em que se encontrava.
Assim, nas primeiras horas do dia 22 de junho, o oficial da Torre encontrou-se com o prisioneiro na cela, recordou-lhe que era idoso e não poderia suportar o regime do cárcere por longo tempo. Em seguida, declarou-lhe ser vontade do rei que a execução tivesse lugar naquela mesma manhã. — Está bem — respondeu o santo —, se é essa a mensagem que me trazeis, não constituiu para mim novidade. Espero-a todos os dias. Que horas são?
— Cerca de cinco.
— Para que horas foi marcada a minha partida deste mundo?
— Às dez.
— Então, agradeço-vos que me deixeis dormir uma hora ou duas mais, pois não dormi muito essa noite, não por medo, mas por causa de minhas doenças e grande fraqueza.

Ao voltar às nove horas, o oficial encontrou Fischer de pé e vestido. O santo Bispo tomou o novo Testamento e com grande consolação leu essas palavras de São João: Ora, a vida eterna é essa: Que te conheçam a ti como um só Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei sobre a Terra, acabei a obra que me deste para fazer; e agora, Pai, glorifica-me junto de ti mesmo com aquela glória que tínheis em si antes que houvesse o mundo. Depois, pediu que lhe dessem seu manto forrado. Ao que lhe interrogou o oficial:
— Mas, meu senhor, por que haveis de ter um tal cuidado com vossa saúde, se vosso tempo está contado, e pouco mais tendes que uma hora de vida?
— Peço meu manto para me conservar aquecido até o momento da execução. Pois ainda que não me falte coragem quanto a morrer santamente, não quero, entretanto, comprometer minha saúde nem um minuto sequer.

Caminhou rumo ao cadafalso endireitando seu corpo tão magro e descarnado que parecia que a morte tinha tomado a forma de um homem. Sobre o patíbulo, com voz inteligível e clara pediu aos que assistiam a execução que rezassem por ele:
— Até agora nunca tive medo da morte; contudo, sou carne. E São Pedro, receando-a, negou o Senhor três vezes. Ajudai-me, pois, a que no instante preciso em que eu receba o golpe mortal, não ceda por fraqueza em nenhum ponto da Religião Católica.

Já no lugar do suplício lhe ofereceram o perdão por várias vezes, se quisesse dizer o que dele esperavam. Mas foi inabalável.

Os últimos momentos de Fisher foram como sua vida. Ele enfrentou a morte com uma calma e uma coragem que muito impressionaram os presentes. Seu corpo foi tratado com particular rancor, aparentemente por ordem de Henrique, sendo desnudado e deixado no cadafalso até a noite, quando foi atirado nu num tosco túmulo. Quinze dias depois seu corpo repousou ao lado do de Sir Tomás More na capela de São Pedro ad Vincula, na Torre de Londres.

Sua cabeça foi colocada num poste da Ponte de Londres. Mas sua aparência corada e como que viva, excitou tanta atenção que, quinze dias depois foi lançada no Tâmisa, sendo colocada em seu lugar a de Sir Tomás Morus, cujo martírio, também na colina da Torre, ocorreu no dia 6 de julho.

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