O chamado de Pedro
para ser pastor acontece depois de uma pesca abundante: depois de uma noite
durante a qual tinham lançado as redes sem pescar nada, os discípulos veem na
margem do lago o Senhor Ressuscitado. Ele ordena-lhes que voltem a pescar mais
uma vez e eis que a rede se enche tanto, que eles não conseguem tirá-la para
fora da água: cento e cinquenta e três peixes grandes. “E apesar de serem
tantos, a rede não se rompeu”.
Esta narração do final
do caminho terreno de Jesus com os Seus discípulos corresponde a uma narração
do início: também então os discípulos não tinham pescado nada durante toda a
noite; também então Jesus tinha convidado Simão a fazer-se ao largo mais uma
vez. E Simão, que ainda não era chamado Pedro, deu esta admirável resposta:
Mestre, porque Tu o dizes, lançarei as redes! E eis que Jesus lhe confere a sua
missão: “Não tenhas receio; no futuro, serás pescador de homens”.
Também hoje é dito à
Igreja e aos sucessores dos apóstolos que se façam ao largo no mar da história
e que lancem as redes, para conquistar os homens para o Evangelho, para Deus,
para Cristo, para a vida. Os Padres dedicaram um comentário muito particular a
esta tarefa. Dizem eles: para o peixe, criado para a água, é mortal ser tirado
para fora do mar; ele é privado do seu elemento vital para servir de alimento
ao homem. Mas na missão do pescador de homens acontece o contrário: nós,
homens, vivemos alienados nas águas salgadas do sofrimento e da morte, num mar
de obscuridade sem luz; a rede do Evangelho tira-nos para fora das águas da
morte e conduz-nos ao esplendor da luz de Deus, na verdadeira vida. É
precisamente assim na missão de pescador de homens, no seguimento de Cristo: é
necessário conduzir os homens para fora do mar salgado de todas as alienações,
rumo à terra da vida, rumo à luz de Deus. É precisamente assim: nós existimos
para mostrar Deus aos homens.
Papa
Bento XVI – 24 de abril de 2005
Hoje celebramos:
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