quarta-feira, 17 de abril de 2019

17 de abril - “Que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. Mt 26,15


Hoje, no meio da Semana Santa, a liturgia nos apresenta um episódio triste: a história da traição de Judas, que vai até os líderes do Sinédrio para mercantilizar e entregar a eles o seu Mestre. “Que me dareis se vos entregar Jesus?”. Cristo, nesse momento, tem um preço. Este ato dramático marca o início da Paixão de Cristo, um caminho doloroso que Ele escolhe com liberdade absoluta.

Ele mesmo diz claramente: “Eu dou a minha vida… Ninguém a tira de mim; eu a dou por mim mesmo. Eu tenho poder para entregá-la e autoridade para tomá-la novamente”. E assim, com essa traição, começa o caminho da humilhação, da espoliação de Jesus. Como se ele estivesse no mercado: isso custa trinta moedas de prata… Uma vez no caminho da humilhação e da desapropriação, Jesus o percorre até o fim.

Jesus chega à humilhação completa com a “morte de cruz”. Trata-se da pior morte, pois era reservada para escravos e criminosos. Jesus era considerado um profeta, mas morre como um criminoso. Olhando para Ele em Sua Paixão, como podemos ver em um espelho os sofrimentos da humanidade, encontramos a resposta divina para o mistério do mal, da dor, da morte. Tantas vezes, sentimos horror pelo mal e a dor que nos rodeia, e perguntamos: “Por que Deus permite isso?”. É uma ferida profunda para nós ver o sofrimento e a morte, especialmente o a dos inocentes! Quando vemos crianças sofrendo, é uma ferida para o coração, é o mistério do mal. Jesus toma todo esse mal, todo esse sofrimento sobre si mesmo. Nesta semana, será bom olhar para o crucifixo, beijar as feridas de Jesus, beijá-Lo no crucifixo. Ele tomou sobre si todo o sofrimento humano e se revestiu desse sofrimento.

Esperamos que Deus, em Sua onipotência, derrote a injustiça, o mal, o pecado e o sofrimento com uma vitória divina triunfante. Em vez disso, Deus nos mostra uma vitória humilde que parece humanamente um fracasso. Podemos dizer que Ele vence no fracasso. O Filho de Deus, de fato, parece na cruz um homem derrotado: sofre, é traído, caluniado e, por fim, morre. Mas Jesus permite que o mal esteja sobre Ele; assim, o toma para si e o vence. Sua Paixão não é um acidente; sua morte – aquela morte – foi “escrita”. Realmente, não encontramos muitas explicações. É um mistério desconcertante, o mistério da grande humildade de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho único”.
Papa Francisco – 16 de abril de 2016

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