terça-feira, 16 de abril de 2019

16 de abril - Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará. Jo 13,21


A traição de Judas como tal, aconteceu em dois momentos: antes de tudo no planeamento, quando Judas se põe de acordo com os inimigos de Jesus por trinta moedas de prata, e depois na execução com o beijo dado ao Mestre no Getsêmani. Contudo, os evangelistas insistem sobre a qualidade de apóstolo, que competia a Judas para todos os efeitos: ele é repetidamente chamado "um dos Doze".

Trata-se, portanto, de uma figura pertencente ao grupo dos que Jesus tinha escolhido como companheiros e colaboradores íntimos. Isto suscita para nós duas perguntas:
Por que Jesus escolheu este homem e confiou nele? Torna-se ainda mais denso o mistério acerca do seu destino eterno, sabendo que Judas se arrependeu e restituiu as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos idosos, dizendo: "Pequei, entregando sangue inocente". Mesmo se em seguida ele se afastou para se ir enforcar, não compete a nós julgar o seu gesto, substituindo-nos a Deus infinitamente misericordioso e justo.

Por que Judas traiu Jesus? A questão é objeto de várias hipóteses. Alguns recorrem ao fator da sua avidez de dinheiro; outros dão uma explicação de ordem messiânica: Judas teria ficado desiludido ao ver que Jesus não inseria no seu programa a libertação político-militar do seu próprio País. Na realidade o texto evangélico insiste sobre outro aspecto: João diz expressamente que "tendo já o diabo metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que O entregasse”.
Desta forma, vai-se além das motivações históricas e explica-se a vicissitude com base na responsabilidade pessoal de Judas, o qual cedeu miseravelmente a uma tentação do maligno. A traição de Judas permanece, contudo, um mistério. Jesus tratou-o como um amigo, mas, nos seus convites a segui-lo pelo caminho das bem-aventuranças, não forçava as vontades nem as preservava das tentações de satanás, respeitando a liberdade humana.

Pedro, depois da sua queda, arrependeu-se e encontrou perdão e graça. Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento degenerou em desespero e assim tornou-se autodestruição. Para nós isto é um convite a ter sempre presente quanto diz São Bento: "Nunca desesperar da misericórdia divina".

Na realidade Deus "é maior que o nosso coração", como diz São João. Por conseguinte, tenhamos presente duas coisas.
A primeira: Jesus respeita a nossa liberdade.
A segunda: Jesus espera a nossa disponibilidade para o arrependimento e para a conversão; é rico de misericórdia e de perdão. Afinal, quando pensamos no papel negativo desempenhado por Judas devemos inseri-lo na condução superior dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição levou à morte de Jesus, o qual transformou este tremendo suplício em espaço de amor salvífico e em entrega de si ao Pai.
Papa Bento XVI – 18 de outubro de 2006

Hoje celebramos:


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