A Quinta-feira Santa não é apenas o dia da
instituição da Santíssima Eucaristia, cujo esplendor se estende sem dúvida
sobre tudo o mais, tudo atraindo, por assim dizer, para dentro dela.
Faz parte da Quinta-feira Santa também a noite
escura do Monte das Oliveiras, nela Se embrenhando Jesus com os seus
discípulos; faz parte dela a solidão e o abandono vivido por Jesus, que,
rezando, vai ao encontro da escuridão da morte; faz parte dela a traição de
Judas e a prisão de Jesus, bem como a negação de Pedro; e ainda a acusação
diante do Sinédrio e a entrega aos pagãos, a Pilatos. Nesta hora, procuremos
compreender mais profundamente alguma coisa destes acontecimentos, porque neles
se realiza o mistério da nossa Redenção.
Jesus embrenha-se na noite. A noite significa
falta de comunicação, uma situação em que não nos vemos um ao outro. É um
símbolo da não compreensão, do obscurecimento da verdade. É o espaço onde o
mal, que em presença da luz tem de se esconder, pode desenvolver-se.
O próprio Jesus – que é a luz e a verdade, a
comunicação, a pureza e a bondade – entra na noite. Esta, em última análise, é
símbolo da morte, da perda definitiva de comunhão e de vida. Jesus entra na
noite para a superar, inaugurando o novo dia de Deus na história da humanidade.
Papa Bento XVI – 05 de
abril de 2012
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