Entramos ontem, com o
Domingo de Ramos, na Semana Santa, e a Liturgia faz-nos reviver os últimos dias
da vida terrena do Senhor Jesus. Hoje leva-nos a Betânia, onde, precisamente seis
dias antes da Páscoa, Lázaro, Marta e Maria ofereceram uma ceia ao Mestre. A
narração evangélica confere um clima pascal intenso para a nossa meditação: a ceia de Betânia é prelúdio para a morte
de Jesus, no sinal da unção que Maria fez em homenagem ao Mestre e que Ele
aceitou em previsão da sua sepultura.
Mas é também anúncio da ressurreição, mediante a própria
presença de Lázaro, testemunha eloquente do poder de Cristo sobre a morte.
Além da plenitude do significado pascal, a narração da ceia de Betânia tem em
si uma ressonância pungente, repleta de afeto e devoção; um misto de alegria e
de sofrimento: alegria jubilosa pela visita de Jesus e dos seus discípulos,
pela ressurreição de Lázaro, pela Páscoa já próxima; profunda amargura porque
aquela Páscoa podia ser a última, como faziam temer as conspirações dos Judeus
que desejavam a morte de Jesus e as ameaças contra o próprio Lázaro do qual se
projetava a eliminação.
Há um gesto para o
qual é chamada a nossa atenção, e que ainda hoje fala de modo singular aos
nossos corações: Maria de Betânia a um
certo ponto, tomando uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os
pés de Jesus. Trata-se de um daqueles pormenores da vida de Jesus que São
João recolheu na memória do seu coração e que contém uma inexaurível carga
expressiva. Ele fala do amor a Cristo, um amor superabundante, magnânimo, como
aquele perfume "muito precioso" derramado sobre os seus pés. Um
acontecimento que escandalizou sintomaticamente Judas Iscariotes: a lógica do amor confronta-se com a do
proveito.
Papa Bento XVI – 02 de abril de 2007
Hoje celebramos:
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