sábado, 23 de março de 2019

23 der março - Um homem tinha dois filhos. Lc 15,11


Meditamos hoje a passagem do pai e dos dois filhos, mais conhecido como a parábola do "filho pródigo". Ela nunca cessa de nos comover, e todas as vezes que a ouvimos ou lemos é capaz de nos sugerir sempre novos significados. Sobretudo, este texto evangélico tem o poder de nos falar de Deus, de nos fazer conhecer o seu rosto, melhor ainda, o seu coração.
Depois de Jesus nos ter narrado acerca do Pai misericordioso, as coisas já não são como antes, agora conhecemos Deus: Ele é nosso Pai, que por amor nos criou livres e dotados de consciência, que sofre se nos perdemos e faz festa se voltamos. Por isso, a relação com Ele constrói-se através de uma história, analogamente a quanto acontece a cada filho com os próprios pais: no início depende deles; depois reivindica a própria autonomia; e por fim – se há um desenvolvimento positivo – chega a um relacionamento maduro, baseado no reconhecimento e no amor autêntico.
Podemos ler nestas etapas também momentos do caminho do homem na relação com Deus. Pode haver uma fase que é como a infância: uma religião movida pela necessidade, pela dependência. À medida que o homem cresce e se emancipa, quer libertar-se desta submissão e tornar-se livre, adulto, capaz de se regular sozinho e de fazer as próprias escolhas de modo autônomo, pensando até que pode viver sem Deus. Precisamente esta fase é delicada, pode levar ao ateísmo, mas também isto, com frequência, esconde a exigência de descobrir o verdadeiro rosto de Deus.
Felizmente, Deus nunca falta à sua fidelidade e, mesmo se nós nos afastamos e nos perdemos, continua a seguir-nos com o seu amor, perdoando os nossos erros e falando interiormente à nossa consciência para nos chamar a si.
Na parábola, os dois filhos comportam-se de modo oposto: o menor vai embora de casa e cai muito baixo, enquanto o maior permanece em casa, mas também ele tem um relacionamento imaturo com o Pai; de fato, quando o irmão volta, o maior não é feliz como o pai, ao contrário irrita-se e não quer entrar em casa. Os dois filhos representam dois modos imaturos de se relacionar com Deus: a rebelião e a hipocrisia. Estas duas formas superam-se através da experiência da misericórdia. Só experimentando o perdão, só reconhecendo-nos amados por um amor gratuito, maior do que a nossa miséria, mas também maior do que a nossa justiça, entramos finalmente num relacionamento deveras filial e livre com Deus.
Queridos amigos, meditemos esta parábola. Espelhemo-nos nos dois filhos, e sobretudo contemplemos o coração do Pai. Lancemo-nos nos seus braços e deixemo-nos regenerar pelo seu amor misericordioso.
Papa Bento XVI – 14 de março de 2010

Hoje celebramos:



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