Jesus diz que seus
discípulos não podem jejuar, enquanto o esposo estiver com eles; jejuarão
quando o esposo for tirado do meio deles. Ao dizê-lo, Cristo revela a sua
identidade de Messias, Esposo de Israel, vindo para as núpcias com o seu povo.
Aqueles que O reconhecem e O acolhem com fé estão em festa. No entanto, Ele
deverá ser rejeitado e morto precisamente pelos seus: naquele momento, durante
a sua paixão e a sua morte, chegará a hora do luto e do jejum.
Este episódio
evangélico nos fala do significado da Quaresma. Com efeito, no seu conjunto ela
constitui um grande memorial da paixão do Senhor, em preparação para a Páscoa
da Ressurreição. Durante este período, deixamos de entoar o aleluia e somos
convidados a praticar formas oportunas de renúncia penitencial. O tempo de
Quaresma não deve ser enfrentado com o espírito "velho", como se
fosse uma incumbência pesada e incômoda, mas com o espírito novo de quem
encontrou em Jesus e no seu mistério pascal o sentido da vida, e admoesta enfim
que tudo deve referir-se a Ele. Esta era a atitude do Apóstolo Paulo, que
afirmava ter abandonado tudo para poder conhecer Cristo, "o poder da sua Ressurreição e a comunhão nos seus sofrimentos,
para me tornar semelhante a Ele na sua morte a fim de alcançar, se possível, a
ressurreição dos mortos".
Que no itinerário
quaresmal nos sirva de guia e mestra Maria Santíssima que, quando Jesus se
dirigiu decididamente rumo a Jerusalém, para ali padecer a Paixão, O seguiu com
fé total. Como "odre novo", recebeu o "vinho novo" trazido
pelo Filho para as bodas messiânicas. E assim aquela graça que Ela, com
instinto de Mãe, tinha pedido para os esposos de Caná, Ela mesma foi a primeira
a recebê-la aos pés da Cruz, graça esta derramada do Coração trespassado do
Filho, encarnação do amor de Deus pela humanidade.
Papa
Bento XVI – 26 de fevereiro de 2006
Hoje celebramos:
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