domingo, 17 de março de 2019

17 de março - Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. Lc 9,29


O segundo de Quaresma é chamado da Transfiguração, porque o Evangelho narra este mistério da vida de Cristo. Ele, depois de ter prenunciado aos discípulos a sua paixão, tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os em particular, a um alto monte. Transfigurou-Se diante deles: o Seu rosto resplandeceu como o Sol, e as Suas vestes tornaram-se brancas como a luz. Segundo os sentidos, a luz do sol é a mais intensa que se conhece na natureza, mas segundo o espírito, os discípulos viram, por pouco tempo, um esplendor ainda mais intenso, o da glória divina de Jesus, que ilumina toda a história da salvação. São Máximo, o Confessor, afirma que as vestes que se tornaram brancas tinham o símbolo das palavras da Sagrada Escritura, que se tornam claras, transparentes e luminosas.

O Evangelho diz que, ao lado de Jesus transfigurado, apareceram Moisés e Elias a conversar com Ele; Moisés e Elias, figuras da Lei e dos Profetas. Foi então que Pedro, extasiado, exclamou: Senhor, é bom estarmos aqui. Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias. Mas santo Agostinho comenta, dizendo que nós dispomos de uma única morada: Cristo; Ele é a Palavra de Deus, Palavra de Deus na Lei, Palavra de Deus nos Profetas. Com efeito, o próprio Pai proclama: Eis o meu Filho muito amado, em quem pus todo o meu enlevo; escutai-O!

A Transfiguração não é uma transformação de Jesus, mas sim a revelação da sua divindade, a íntima compenetração do seu ser com Deus, que se torna pura luz. No seu ser um só com o Pai, o próprio Jesus é Luz da Luz. Contemplando a divindade do Senhor, Pedro, Tiago e João são preparados para enfrentar o escândalo da cruz, como se entoa num antigo hino: Sobre o mundo, Te transfiguraste, e os Teus discípulos, na medida que lhes era possível, contemplaram a Tua glória a fim de que, vendo-Te crucificado, compreendessem que a Tua paixão era voluntária e anunciassem ao mundo que Tu és verdadeiramente o esplendor do Pai.

Caros amigos, também nós participamos desta visão e desta dádiva sobrenatural, reservando espaço à oração e à escuta da Palavra de Deus. Além disso, especialmente neste período da Quaresma exorto, a responder ao preceito divino da penitência, com algumas obras voluntárias, para além das renúncias impostas pelo peso da vida quotidiana.

Papa Bento XVI – 20 de março de 2011

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