Tantas crianças,
desde o início, são rejeitadas, abandonadas, privadas de sua infância e do seu
futuro. Alguém ousa dizer, quase que para se justificar, que foi um erro
fazê-las vir ao mundo. Isso é vergonhoso! Não descarreguemos nas crianças as
nossas culpas, por favor! As crianças nunca são um “erro”. A sua fome não é um
erro, como não o é a sua pobreza, a sua fragilidade, o seu abandono – tantas
crianças abandonadas pelas estradas; e não o é nem mesmo sua ignorância ou sua
incapacidade – tantas crianças que não sabem o que é uma escola. Estes são
motivos para amá-las mais, com mais generosidade. O que fazemos das solenes
declarações dos direitos do homem e dos direitos das crianças se depois punimos
as crianças pelos erros dos adultos?
Cada criança
marginalizada, abandonada, que vive pelo caminho mendigando e com todo tipo de
meios, sem escola, sem cuidados médicos, é um grito que salta a Deus e que
acusa o sistema que nós adultos construímos.
Uma vez Jesus
repreendeu os seus discípulos porque afastavam as crianças que os pais lhe
levavam, para que as abençoasse. É comovente a narração evangélica: “Então lhe
foram levadas as crianças para que impusesse as mãos e rezasse; mas os
discípulos as repreendiam. Jesus, porém, disse: ‘Deixai, não impedis que as crianças
venham a mim; quem é como elas, de fato, pertence ao reino dos céus’. E depois
de ter imposto as mãos sobre elas, foi embora de lá”. Que bela essa confiança
dos pais e essa resposta de Jesus! Como gostaria que essa página se tornasse a
história normal de todas as crianças! É verdade que graças a Deus as crianças
com graves dificuldades encontram muitas vezes pais extraordinários, prontos a
qualquer sacrifício e a toda generosidade. Mas estes pais não deveriam ser
deixados sozinhos! Deveríamos acompanhar o cansaço deles, mas também oferecer a
eles momentos de alegria partilhada e de alegria despreocupada, para que não
sejam tomados somente pela rotina terapêutica.
Papa Francisco – 08 de abril de 2015
Hoje celebramos:
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